Uma série de histórias desconjuntadas
Ivo Miguel Barroso
<p>Uma série de histórias desconjuntadas, desconchavadas, sem um fio condutor, que nem sequer se interligam: as histórias nunca se cruzam e, devido a isso, o filme perde muito em unidade.<br />Essas histórias têm apenas em comum dois aspectos: i) passarem-se em Roma; ii) serem cómicas. <br /><br />A história da celebridade popular súbita, com ROBERTO BENIGNI, trata-se de uma sátira de costumes, de a imprensa se interessar por pessoas completamente banais.<br />O filme, aqui, aproxima-se bastante da realidade e, designadamente, dos "reality shows", de as pessoas ficarem famosas.<br /><br />Já a história do Tenor que cantava bem no banho aparece mal feita. Sem prejuízo de a cena em que o Pai do noivo da filha aparecer em público a actuar sob um chuveiro ser hilariante e provocando bastante riso, W. ALLEN não soube dar a melhor sequência. <br />Pareceu-me a pior história de todas. <br /><br />Quanto ao resto, é um filme de entretenimento, com graça, mas não muito mais do que isso. <br /><br />A história do namoro entre o jovem italiano comunista e a rapariga - nada demais.<br /><br />A história do italiano (Jesse Eisenberg), com namorado, que se apaixona por uma amiga estrangeira e extravagante revela um episódio das paixões de juventude, nada de especial.<br /><br />Quanto às histórias de infidelidade dois jovens italianos em lua-de-mel está mal contado: não se percebe como é que Penélope Cruz, que faz o papel de prostituta, entra na vida do jovem. Ou melhor, não é verosímil.<br />Também as histórias de a mulher se "extraviar" com um actor italiano e, depois, com um ladrão (!) não é brilhante.<br />Comparando com um clássico, "Così fan tutte", de Lorenzo da Ponte e ópera de Mozart, vai a distância de uma história pobre a um clássico, exactamente com um argumento muito parecido. <br /><br />Em todo o caso, filme agradável de ver.<br />Em todo o caso, se se pensava que W. ALLEN já tinha feito o seu pior filme, enganou-se: este filme é bastante pior do que "Vicky - Christina - Barcelona", em minha opinião. <br />Woody Allen é já um realizador histórico.<br />Deveria expor-se menos e preservar mais a sua identidade como realizador; e não pôr-se a realizar filmes, tendo como cabeça de cartaz cidades europeias. <br />O primeiro deles correu muito bem: "Match Point".<br />A partir daí, tem sido um declínio completo. <br /><br />Mais valia fazer um argumento melhor; ou mesmo aproveitar um argumento de outro autor, ou adoptar um clássico. Isto, em lugar de pretender realizar um filme numa cidade a toda a força e, depois, "à pressa", em cima do joelho, criar uma história. <br />O cenário deveria ser mais acessório em relação à mensagem e à intencionalidade do filme. <br />Mas não: para W. Allen, o cenário é o essencial; depois, cria o enredo.<br />Parece-me um mau método criativo e que, até agora, não deu bons resultados. <br /><br />Claro que há criatividade. Mas trata-se de um diamante mal trabalhado, tendo W. Allen passado o tempo a descrever o lugar onde encontrou esse diamante, do que a limar um produto em bruto. <br />Mais valeria ter uma ideia forte e, posteriormente, é que viria o cenário.<br />Por isso, conselho para W. Allen: com os pergaminhos que tem, não pode "queimar" a sua reputação de "lenda viva" do cinema! Que faça menos filmes, mas que sejam bons. Quantidade não equivale a qualidade. <br /><br />Senão, como acontece com mais este filme, trata-se de um filme passageiro e ligeiro. <br /><br />Uma referência para a música: muito bem escolhida (melhor do que o filme "Vicky - Christina - Barcelona). <br /><br />Nota: 12,5 valores <br /><br />Ivo Miguel Barroso</p>
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