Críticas dos leitores
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A Complete Unknown
3 estrelas
José Miguel Costa
TIMOTHÉE CHALAMET JÁ TEM O ÓSCAR DE MELHOR ACTOR NO PAPO (sorry, Adrien Brody!), sem quaisquer dúvidas. Não fosse o filme "A Complete Unknow" protagonizado pelo Timothée Chalamet e, provavelmente, nem sequer tê-lo-ia visto, já que a cinefilia musical não é de todo a minha praia (para além de que não nutro especial simpatia pelo Bob Dylan).
No entanto, o realizador James Mangold acabou por cativar-me com este "biopic" musical (apesar de ser um quase filme-concerto) que celebra a idiossincrasia e a liberdade artística do icónico musico-poeta que redefiniu o paradigma da pop music da segunda metade do século XX.
Foca-se exclusivamente no seu ciclo de vida entre 1961 (data em que o jovem de 19 anos chega a Nova Iorque) e 1965, durante o qual passou de porta-voz da nova geração da música folk e de protesto (após uma meteórica ascensão) para a condição de traidor (acarretando com a fúria dos puristas que o acusaram de ter-se deixado seduzir pela diabólica guitarra eléctrica do selvagem rock and roll).
Pese o seu registo marcadamente clássico, Mangold através de uma constante alternância entre grandes planos (que captam ao pormenor a "essência" do génio de mau feitio) e planos abertos (das actuações ao vivo), bem como por uma meticulosa reconstituição histórica (ao nível dos cenários e figurinos), consegue imergir-nos, de forma intima, no seio da vibrante e transgressiva energia dos clubes indie da década de 1960.
Mas, obviamente, tudo isto "ganha vida" por exclusiva culpa da intensa/estrondosa performance do menino bonito de Hollywood Timothée Chalamet que, inclusive, canta (sem recurso a playback) todas as canções do filme.
Dias Perfeitos
Dias felizes
Maria José Saraiva
Quietude perante a vida só temos uma e muita criatividade com o que nos rodeia.
Confesso
Confesso!
Fernando Oliveira
Um assassínio; um homem vestido com uma batina de padre afasta-se do local do crime; pouco depois, na igreja de Sainte Marie o padre Michael Logan ouve um barulho, quem o fez foi Otto um imigrante alemão que trabalha na igreja com a sua mulher Alma; transtornado o homem conta ao padre em confissão o assassínio; no dia seguinte o padre desloca-se ao local do crime; a casa de um advogado em Quebec e interrogado pelo inspector Larrue diz-lhe que tinha um compromisso marcado com o morto; da janela, o inspector vê o padre a afastar-se com uma mulher que entretanto chegou.
Pouco a pouco os segredos daquele casal e a sua “relação” com o morto vão sendo-nos revelados. Promessas de amor antes da guerra, um amor proibido agora. Esse passado torna o padre o maior suspeito e o testemunho de Ruth, a mulher, que esteve com ele na noite do crime, não ajuda em nada, há um desacerto. E o que é contado em confissão… Uma “teia” sufocante vai enleando aquele homem e aquela mulher.
O filme começa com Hitchcock andando em sentido contrário à das setas do trânsito: é ele quem manipula a história. A confissão nos filmes de Hitchcock está muitas vezes presente, e é sempre fundamental, mas neste filme não corresponde a uma “libertação”, uma fuga da culpa; em “Confesso!”, o acto é uma transferência da culpa, o padre fica preso a ela. E o argumento adaptado de uma peça de Paul Anthelme é contado num desequilíbrio emocional, um vacilar moral, que “questiona” os personagens: o padre e o sacrifício (o catolicismo), o amor de Ruth que confronta o seu casamento, o julgamento popular, as razões de Otto, os “benefícios” da morte do homem que chantageava Ruth.
Os actores são magníficos: Montgomery Clift é excelente num papel de um homem intransigente na fé mas também muito inseguro por causa da mulher que o ama; Anne Baxter, numa mulher “destruída” num amor proibido; ou O.E. Hoss e Dolly Haas, o casal de imigrantes agrilhoados ao medo de serem descobertos. Se a tudo isto juntarmos o domínio ímpar das formas cinematográficas, a genialidade de Hitchcock, e a beleza da fotografia de Robert Burks, temos um filme que roça a perfeição. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
A Semente do Figo Sagrado
A Semente do Figo Sagrado
Isabel Caldas
Filme poderoso que nos faz pensar como se vive nalgumas partes deste mundo, com tanta crueldade e sofrimento.
O Amor Dói
O Amor Dói
Maria Ferreira
Pancadaria do princípio ao fim e conteúdo zero.
Som da Liberdade
Som da Liberdade
Cláudia Isabel Graça Gaspar
Vou ver! Sim! Ainda não assisti. Apenas assisti à entrevista com a pessoa que deu origem a esta realização e com o actor principal. Por intuição, pela inspiração e com consciência posso partilhar esta mensagem com confiança.
All We Imagine as Light - Tudo o Que Imaginamos como Luz
Tudo o Que Imaginamos como Luz
Maria Cabral
Para mim este filme é poesia: realista e lírico, feito de fragmentos de vida que se perdem numa grande cidade. É Bombaim, mas podia ser qualquer grande metrópole. São três mulheres, mas o filme não pretende ser um testemunho da dureza da vida dessas mulheres ou uma denúncia.É mais. Não quer provar nada e essa ausência de pragmatismo revolucionário fez-me sentir próxima daquelas vidas, daquela cidade, daquele ambiente noturno onde milhares de janelas iluminadas criam um firmamento terrestre, um céu virado ao contrário, negro e coalhado de luzes.
Poesia são essas luzes, esses anseios, esse fluir dos dias, esses sonhos e o som do mar que nos fustiga e embala. É a Índia, mas é mais do que isso, porque não se trata de folclore ou de denúncia, mas de vida e de tudo o que imaginamos como luz em qualquer sítio deste planeta. Luz que encheu os meus olhos de lágrimas.