Críticas dos leitores
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As Bestas
Irrepreensivel
João
A realização é irrepreensível. O filme vive de excelentes atores, que constroem personagens credíveis, e de excelentes diálogos. Há momentos de grande cinema, construídos precisamente por excelentes diálogos, que nos “agarram”. A trama é verosímil e atual, embora custe a acreditar existir tal atraso na Galiza de hoje - mas estamos a falar de uma Galiza muito interior e deprimida demograficamente. A tensão é permanente, e embora lento e longo, o filme nunca aborrece. Grande cinema espanhol, e europeu.
João Ayres, Pintor Independente
João Ayres, Pintor Independente
António Lopes
Fantástico documentário, que me deu a conhecer um fantástico pintor, que eu não conhecia e que merece ser conhecido. A sensibilidade com que nos mostram a obra, a casa e o trabalho do neto do pintor em recuperar a obra e nome do seu avô, é realmente belo.
Filhos de Ramsés
3 estrelas
José Miguel Costa
O filme "Filhos de Ramsès", do cineasta francês Clément Cogitore, é um thriller social que, apesar de centrar-se numa história fabulada, possui uma linguagem marcadamente documental (dado "radiografar" as vivências e as maleitas sistémicas de um bairro multicultural pobre e guetizado de Paris). A sua narrativa (algo desengonçada) tem por base as aventuras e desventuras de um solitário "feiticeiro branco" que ganha a vida a vigarizar, através de sessões espíritas, pessoas emocionalmente debilitadas. É um fura-vidas destemido, sem receio das consequências inerentes aos constantes conflitos com as mafiosas seitas religiosas de cariz étnico que também operam no mesmo território, que vê a sua "vida andar para trás" quando o seu caminho se cruza com um pequeno gang de jovens imigrantes ilegais magrebinos (que o pressionam com o objectivo deste encontrar um dos seus amigos desaparecido recorrendo aos pretensos poderes psíquicos). Este filme ganha força graças à excepcionalidade da sua fotografia "eternamente dark", bem como ao magnetismo emanado pelo protagonista Karim Leklou (captado por uma câmara oscilante e solta que jamais desgruda de si - e inclusive, não poucas vezes, acabamos por percepcionar o seu pequeno mundo através dos seus "próprios olhos", com recurso a uma espécie de câmara subjectiva).
As Bestas
O Melhor Filme do Ano
Lucas
Aqui tão perto, quase na mesma língua, na mesma paisagem, nas mesmas manias culturais. Um filme avassalador, de uma sensibilidade ímpar. Exemplo a seguir.
Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo
Tudo Tão Mau ao Mesmo Tempo
Alexandre
Já não me lembro da última vez que vi um filme tão miserável. Deu até para sair da sala e voltar a entrar sem perder nada. Bela demonstração de como o cinema atravessa uma grave crise. Será por causa do Putin?
As Bestas
4 estrelas
José Miguel Costa
"As Bestas", coprodução franco-espanhola dirigida pelo cineasta madrileno Rodrigo Sorogoyen, é um apelativo thriller rural (de ritmo lento) que mistura (com muita eficácia) alguns ingredientes dos géneros policial, terror psicológico e drama social. Mantendo uma atmosfera de constante tensão (sem "grandes picos", é certo!) aborda a temática da xenofobia direccionada contra os imigrantes europeus de "luxo", por estes possuírem um status social/económico superior aos nativos dos locais onde optam por "assentar arraial". A acção decorre numa pequena aldeia do interior da Galiza, cujos nada hospitaleiros habitantes "cerram fileiras" contra um pacato/passivo casal francês (Denis Ménochet e Marina Foïs) que decidiu abandonar o seu estilo de vida urbano para aí estabelecer-se e dar inicio a um pequeno projeto ecológico, sem fins lucrativos, que visa reabilitar algumas casas abandonadas da zona (compradas pelos próprios para o efeito) com o objectivo de atrair novas gerações para uma vivência autossustentável baseada na agricultura. No entanto, apesar de não terem sido recebidos de braços abertos, o verniz acaba por estalar em definitivo, passando estes a ser vítimas de actos bullying de intensidade crescente, quando uma empresa de energia eólica decide comprar grandes extensões de terreno na região (o que alegadamente implicaria um encaixe financeiro substancial para a generalidade dos residentes) e os forasteiros optam por não vender aquele que lhes pertence (o que inviabilizará a implantação do futuro empreendimento). Dê-se a devida ênfase ao óptimo elenco de actores (principais e secundários), capazes de dar corpo e envolvimento dramático a uma história banal.
Quem Matou Laura Paula
Quem matou Laura Paula
Sónia Exposto
Ao preencher esta crítica atribui 3 estrelas por engano e o sistema não me permite corrigir, a minha vontade era atribuir zero. Não me lembro de ver um filme tão mau na minha vida, quer em relação aos atores, quase todos péssimos, mas sobretudo em relação á história que é apenas ridícula. Num país que tem tantas dificuldades em financiar projetos de qualidade não entendo como se arranja dinheiro para fazer um filme tão mau. Saí da sala, gastei mal o meu dinheiro infelizmente, agora que ir ao cinema é tão caro e fiz um esforço do qual me arrependo.
Regresso a Seul
4 estrelas
José Miguel Costa
O filme "Regresso a Seul", do cineasta franco-cambodjano Davy Chou, é um delicado e, simultaneamente, frenético melodrama (de cariz marcadamente observacional) sobre reencontros familiares, cuja principal força motriz advém da performance da magnética protagonista, a actriz não-profissional Park Ji-Min. No centro da acção (algo inconstante em termos de ritmo) encontramos uma jovem francesa de ascendência coreana (entregue para adopção internacional pelos progenitores, aquando do seu nascimento - prática comum num determinado período histórico), que retorna ao país de origem por mero acaso (devido a falha num voo que tinha como destino Tóquio, para onde seguia com um intuito turístico). Deste modo, independentemente desta espelhar uma postura de ocidentalizada bad girl emancipada e "bem resolvida", vê-se invadida por um turbilhão de emoções contraditórias, quando confrontada com o completo desenraizamento e desconhecimento da cultura que está inscrita nos seus genes. Motivo pelo qual o seu manifesto desinteresse inicial em conhecer os pais biológicos (por puro ressentimento), durante as duas semanas de estadia naquele território, foi-se dissipando, dando por si inesperadamente numa busca activa pelos mesmos (alegadamente por mera curiosidade, já que não pretendia dar continuidade a qualquer futuro relacionamento). Todavia, esta acabará por ser a primeira de várias curtas viagens que trarão de volta à Coreia do Sul a intensa, provocadora e desconcertante/imprevisivel jovem, pelo que acampanharemos a evolução do seu perfil psicológico e o estabelecimento de (ténues) relações interpessoais e familiares, uma vez que a narrativa possui múltiplos saltos temporais. Esta segmentação da obra, apesar de compreensível se atendermos à mensagem que o cineasta pretende transmitir ao espectador, acaba por retirar alguma "integridade"/coesão ao todo, bem como diminuir a carga emocional (possivelmente, propositalmente - até porque, felizmente, a lamechice barata e a tentação de uma resolução "feel god" são excluídas).
65
Perda de tempo
Nelson
Não se entende o que é um ator como Adam Driver anda aqui a fazer. O filme não tem pés nem cabeça, o argumento tem mais buracos que um queijo suíço, a realização é de uma mediocridade confrangedora. Hora e meia a encher chouriços.