Críticas dos leitores

Últimas

Bowling Saturno

Bowling Saturno

António Gomes

Muito bom filme.

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Conclave

Excelente elenco e fotografia

Sofia

Excelente elenco, fotografia fabulosa, argumento muito interessante e desfecho com volte face. A ver!

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O Meu Bolo Favorito

Imoralidades e um comprimido azul

J.F. Vieira Pinto

Convém ao espectador situar-se na sociedade teocrata iraniana para se compreender melhor este filme com um final nada espectável; o que o torna num “tesourinho” absolutamente indispensável ou seja: obrigatório a sua visualização.

Após 45 anos da queda do anterior regime do xá Reza Pahlevi, o “novo” começa a dar sinais de absoluto desgaste - que o digam as mulheres e raparigas fartas de normas misóginas, que de sagrado nada têm. Contudo “modernidades” como ler ementas com os “qr’s code” ou mesmo chamar um táxi (?!) por uma app…Acaba aqui a ocidentalização tecnológica que para os reformados de nada serve.

Faramarz - o táxista de 70 anos, que, para conseguir alguns “cobres” extras, ainda trabalha, “conhece” Mahin a viúva solitária que vê nele uma companhia. Faramarz - o solitário que não quer morrer só, há 30 anos que não dorme com uma mulher - assunto absurdo na visão de Mahin: afinal de contas os homens têm direito a tudo…

“My Favorite Cake” situa-nos num Irão filmado sob uma visão “ocidental libertária “onde (ainda) vamos tendo (quase) toda a liberdade para nos expressar. Resultado: proibido no Irão; passaportes confiscados aos cineastas. Nada que já não soubéssemos tendo em conta nomes como Jafar Panahi ou Abbas Kiarostami, cineastas de um cinema realista e incómodo!

A noite de amor dos septuagenários, com algum álcool e um comprimido azul, nunca poderia acontecer em Teerão, especialmente com aquele final trágico. Um filme a ver sem desculpas ou…remorsos. (****)

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O Exorcismo de Deus

Péssimo

Leonardo Delgado

Péssimo.

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Quando Chega o Outono

Quando Chega o Outono

Maria Adelina Valdeira da Silva

Filme a não perder... grande sensibilidade do realizador sobre as relações familiares e interpessoais. Excelente desempenho dos atores.

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A Vida Entre Nós

Melancolicamente Muito Bom! 4*

Paulo Graça Lobo

Amores não resolvidos podem bem gerar histórias como as deste filme inspirado pela proximidade do mar.

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Emilia Pérez

3 estrelas

José Miguel Costa

O filme "Emilia Pérez" (coprodução franco-belga falada em espanhol) pescou-me no imediato através de dois iscos: o facto de ser dirigido e escrito por Jacques Audiard (de cujo currículo constam obras que me deliciaram no passado, nomeadamente, "De Tanto Bater Meu Coração Parou", "Um Profeta" e "Ferrugem e Osso"), bem como pela sua aclamação no Festival de Cannes com o Prémio do Júri e o Prémio de Melhor Actriz (atribuiído, numa decisão inédita, às suas quatro protagonistas - Zoe Saldaña, a transexual Karla Sofia Gascón, Selena Gomez e Adriana Paz).

Deste modo, dirigi-me à sala de cinema quase totalmente desinformado acerca do dito cujo, pelo que "morri" aquando da primeira canção (já que os musicais são o único género cinematográfico que efectivamente abomino). No entanto, apesar deste "handicap", estranhamente, não renego este filme, dado tratar-se de uma surreal epifania cinéfila (algo "almodóvariana"), na qual nada parece "encaixar" (desde a mescla de estilos de filmagem à aparente incompatibilidade de linguagens cinéfilas - para além da inconsistência dos ritmos), mas, simultaneamente, acaba por "conquistar" devido à estranheza resultante desta mesma fusão de "incongruências".

De facto, não é todos os dias que nos deparamos com uma espécie de thriller criminal musicado e dotado de uma narrativa melodramática (quase novelesca e polvilhada por um humor inusitado) com pretensões de critica social (ao nível das temáticas de identidade de género; violência sobre as mulheres; e desintegração da sociedade mexicana, fruto corrupção e violência dos gangs). E todo este aparato para relatar-nos a história de um violentíssimo narcotraficante mexicano que decide encenar a própria morte com o objectivo de assumir a sua feminilidade através da mudança de sexo.

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O Homem Que Luta Só

O Homem Que Luta Só

Fernando Oliveira

Começam quase todos da mesma maneira: uma aparição, um cavaleiro na aridez rochosa do Oeste americano. A história é sempre a mesma: um homem solitário e amargurado, com uma missão, quase sempre vingar alguém, e executa-a.

São assim os sete westerns que Budd Boetticher realizou, interpretados por Randolph Scott, produzidos por Harry Joe Brown e, quase sempre, escritos por Burt Kennedy, como este “O Homem Que Luta Só” em 1959.

Aqui quer encontrar o homem que enforcou a sua mulher quando ele era o xerife de Santa Cruz. Encontra sempre companhia na sua demanda, homens mais ou menos traiçoeiros, uma mulher sozinha e sempre muito bela; mas o homem tem um carácter esculpido no granito, foge da intimidade com as mulheres, é um homem sem piedade. No fim fica sozinho.

Se a diegese contém muitas das situações que associamos ao western, este os outros seis filmes de Boetticher contam muito mais a desilusão histórica, a desconstrução da lenda, mesmo se neles está contido um enorme fascínio pela “geometria” clássica do género.

São setenta e três minutos de uma enorme inteligência formal, um belíssimo equilíbrio entre um olhar perto da abstracção e uma narrativa que tange a tragédia grega. Magnifico. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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A Vida Entre Nós

4 estrelas

José Miguel Costa

O realizador francês Stéphane Brizé, que na última trilogia de filmes (os magníficos "A Lei do Mercado", "Em Guerra" e "Um Outro Mundo" estreados, respectivamente, nos anos 2015, 2018 e 2021) nos habituou a uma abordagem política extremamente critica das consequências socioeconómicas do impiedoso capitalismo neoliberal no universo laboral, surpreende ao dar uma guinada nesta sua habitual temática e enveredar pela exploração de questões eminentemente existenciais de foro amoroso no seu mais recente trabalho ("A Vida Entre Nós).

Um nostálgico e melancólico melodrama romântico (salpicado por momentos de humor) sobre encontros/desencontros, confrontro passado/presente (sem futuro) e sentimentos reprimidos (sem ódios). Trata-se de uma obra sentimental (que abdica do sentimentalismo fácil e da estereotipização dos personagens) cuja hábil história aparentemente banal (reencontro inesperado de um ex-casal, após 15 anos de separação sem qualquer contacto) expõe a (não) cicatrização efectiva das feridas decorrentes de um corte relacional abrupto (e sem justificação para uma das partes envolvidas), apesar do tempo decorrido (e de ambos terem reconstruído as suas vidas e constituído novos núcleos familiares). 

Realce-se a forte envolvência empática gerada no espectador que advém da forte química intimista e sensual emanada pela dupla de protagonistas, Guillaume Canet (com Brizé, desta vez, a abdicar do seu actor fetiche, Vincent Lindon) e Alba Rohrwacher, captada eximiamente por prolongados planos fixos (que permitem observar, e absorver, todas as expressões faciais e olhares - sobretudo do elemento feminino - impregnados de tristeza apática e resignação).

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Anora

Anora

Fernando Oliveira

Anora, quer que lhe chamem Ani, é uma stripper num clube em Brooklyn. Porque fala russo, uma noite vai sentar-se na mesa de Ivan, filho de um oligarca russo a esbanjar dinheiro nos EUA, uma lap dance nessa noite, uma noite de sexo na luxuosa residência dos pais dele, outros encontros com muito sexo, muitas drogas, muito álcool, sempre em festa, engraçam um com o outro, uma viagem a Las Vegas, num impulso de menino mimado, casam-se.

Até aqui o filme é uma comédia turbulenta mas também amarga porque sabemos que as histórias de encantar são devaneios. Ani e Ivan vivem a sua história com alguma malicia, ela encena um desejo, uma possibilidade de fuga, ele é um gaiato feliz com um novo brinquedo.

Depois os pais de Ivan sabem do casamento, e quando três homens, imigrantes arménios, são enviados à casa de Ivan para obrigar Ani a divorciar-se de Ivan o filme torna-se violento, mas Sean Baker dilui essa violência num burlesco azedo, mais delirante ainda quando o filme se torna numa espécie de contra-relógio: Ivan foge quando sabe que os pais estão a chegar, e Ani e os três homens têm de o encontrar e “resolver” a situação até essa altura.

Ani, determinada, agarra-se ao sonho com unhas e dentes, a urgência e o medo levam os três homens a cair no ridículo… Mais uma vez Sean Baker olha para os mais marginalizados da sociedade americana e confronta-os com os outros; o desenrascanço singelo dos primeiros e a indiferença e a crueldade dos outros. E, neste filme, os outros que são os que tudo e todos compram e depois deitam fora, os obscenamente ricos.

Mas o filme olha para os seus personagens com ternura, todos eles nos são mostrados com muita graça. Ani (Mikey Madison, deslumbrante) tem aquela tristeza suave de quem quer acreditar num final feliz e ao mesmo tempo sente a angústia de quem se sente a ser puxada para “baixo”, e Igor (Yura Barisov, o Lyokha de “Compartimento nº6”) é um personagem tão inacreditável como perturbante.

E há outra coisa extraordinária em “Anora”: Sean Baker deixa que a ficção seja encharcada pela Brooklyn real, aquele clube existe, as strippers são mesmo strippers; as lojas, os restaurantes, as pessoas são reais. Esta verdade cenográfica dá ao filme uma sinceridade, um mergulho no realismo que foge à história de encantar, dá-lhe uma “verdade” que é rara.

E naquele fim que nos faz estremecer, daqueles que ardem cá dentro, quero acreditar que há uma possibilidade de amor para Ani, um amor imenso. E porque o filme nos fala da “venda” do corpo e da alma, sem preço: nem o de um anel com um diamante de vários quilates. Um belo filme triste. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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