Críticas dos leitores
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À Sua Imagem
À sua imagem
Maria Vieira
Aborda a questão da legitimidade da luta armada no combate político. A ação decorre na Córsega dos anos 1980, quando um grupo de jovens participa num movimento nacionalista para a independência da ilha. O que, no início é paixão, acaba em morte. É falado em francês porque a Córsega é parte da França, mas as canções não são italianas, são em dialeto corso, são as famosas polifonias designadas por paghjellas, que trazem ao de cima a violência dos tempos remotos da sobrevivência difícil, numa paisagem lindíssima mas dura.
Sob a Chama da Candeia
Sob a Chama da Candeia
Carlos Pinto
A história de uma família em que a casa desempenha o papel principal. Excelente trabalho de imagem e som.
À Sua Imagem
Amor fatal
Nazaré
Do lado positivo: a proximidade com que ficamos da protagonista (com a actriz Clara-Maria Laredo, por vezes com uma espantosa semelhança à Margarida Vila-Nova), e assim termos o ponto de vista dela, na sua profissão, nas suas relações familiares, no seu amor, sobre a causa independentista da FLNC.
Uma protagonista (fictícia) colocada num contexto histórico, mas com toda a narrativa centrada nela, e por isso não pretende ter nenhum propósito histórico. Sente-se esse contexto num nível privado, quotidiano. Filme falado em Francês mas cantado em Italiano. Interessante.
Do lado negativo, a falta de coesão da narrativa, de propósito ainda por cima, e com cenas cujo significado é na melhor das hipóteses misterioso, para não dizer nulo — talvez os autores as percebam, mas eu não. É a história duma mulher cujo amor por um resistente político deu um certo sentido à sua vida, amor sempre próximo da Morte.
The Accountant 2 - Acerto de Contas
The accountant 2
Diamantino
Vale bem o preço do bilhete.
O Regresso de Ulisses
O regresso de Ulisses
Maria José Silva
Acabei de ver, gostei imenso. Já lá vão mais de cinquenta anos que estudei Ulisses, uma releitura interessante. Juliette Binoche e Ralph Fiennes sempre no seu melhor.
O Amador
Chega a ser bom, mas depois vulgariza-se
Nazaré
Os criadores de cinema que se prezem ter alguma originalidade e capacidade deviam de saber onde é que estão a entrar pelo caminho errado. Esta fita (uma remake do filme com John Savage, de 1981) é um exemplo de como se vai passando do estupendo para o trivial, a roçar o ridículo até, cedendo à tentação do fácil. Talvez por pressões comerciais, talvez por simples falta de imaginação, mas estraga-se tudo.
Para ser concreto, aguenta-se bem até à cena do atropelamento, e só não descamba mais depressa depois disso pela presença do Inquilino, mas mesmo aí esvazia-se rapidamente. Para juntar mais tiros nos pés, está o trailer a estragar o impacto da cena da piscina — que desperdício... Malek tem uma boa figura para o protagonista, mas a sua qualidade como actor (destaca-se também Michael Stuhlbarg, já agora) não chega para salvar o filme. Fishburne está em piloto automático.
Se por acaso sentirem que já conhecem a florista de algum lado, não é por acaso: é a actriz Marthe Keller, que chegou a ser uma estrela de topo nos dois lados do Atlântico, agora com outra idade mas bastante activa e de vez em quando com high profile. Uma vénia à sua participação no original com o mesmo título.
Pecadores
Pecadores
Fernando Oliveira
Estão as melodias e harmonias assombradas e endiabradas do blues “possuídas” pelo Diabo? O tempo é o Mississipi nos anos 30; meio século após a Guerra Civil a segregação entre brancos e os negros e asiáticos continua a ser brutal.
Nos subúrbios habitados por descendentes de escravos, a dor das memórias do passado e do presente em quase nada diferente é intensa. O Klux Klux Klan ensombra todos. É aí que regressam os gémeos Smoke e Stack; chegam de Chicago, combateram na Guerra, foram gangsters para Al Capone, são homens habitados pela violência, regressam com uma mala cheia de dinheiro de origem duvidosa; compram um barracão e num dia querem transformá-lo num clube onde se bebe, dança e se ouve blues.
Esta parte inicial é intensamente realista, este realismo a definir a narrativa – o fundamentalismo religioso confrontando o demonismo do blues e das tradições, o trabalho duro das plantações de algodão e os pequenos negócios que vão surgindo, o medo como forma de vida, os “sinais” dissimulados (o chão lavado do barracão que os gémeos compram a um membro do KKK, o sítio serve como matadouro de negros).
Tudo isto nos vai sendo apresentado enquanto os irmãos (e Michael B. Jordan é notável a representar as pequenas e grandes diferenças que definem os gémeos) vão preparando a noite e lidando com o seu passado e as mulheres que abandonaram. Ryan Coogler deixa que o espaço e o tempo tomem conta da história. As convulsões dramáticas e as ambiências sociais e físicas daqueles tempos enleiam-se na crueza do realismo mostrado.
E depois tudo muda, é a noite da festa, a sensualidade dos blues, a feeria e a liberdade narrativa (aquela espantosa orgia sonora e visual em que o passado e o presente se misturam pela música). E depois volta a mudar: o fantástico toma conta do filme. “Ler” o tempo, “denunciar” a História sempre foi condição de algum Cinema fantástico (a FC nos anos 50, os filmes de Romero, Carpenter ou Dante, ou, nestes tempos, de Jordan Peele), mas neste filme é deveras intrigante esta escolha.
Tenderemos a espelhar o KKK nos vampiros que naquela noite atacam o bar; mas se o contraponto entre os ritmos do blues tocado no bar e as canções folclóricas britânicas que os vampiros cantam durante o cerco podem induzir a essa ideia, é também verdade que os vampiros defendem a sua condição como uma forma de libertação da opressão dos outros, é também verdade que o bando inicialmente de três brancos foi aumentado com os clientes negros que abandonaram o bar.
E que os membros do KKK foram massacrados na manhã seguinte quando se preparavam eles para o massacre. Esta “confusão” torna o filme bastante intrigante, o blues e o folk britânico (o Diabo “à solta”, e as lendas e o misticismo), a música dos escravos e a música trazida pelos primeiros colonos, e também nisso está o seu interesse. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
Tudo Pela Justiça
Belíssimo filme
Ângelo Cardoso
Muito emotivo e envolvente. Ainda por cima baseado em factos verídicos. Hostei muito, muito.
A Savana e a Montanha
Uma ode à Resistência
Carla Gomes
Se pensam que os valores de Abril estão em risco, olhem para uma pequena freguesia em Trás-os-Montes. Lá, a comunidade entendeu o valor da união, da luta pela justiça e proteção da sua soberania.
"A Savana e a Montanha" faz uma reinterpretação cativante da resistência de um povo contra invasores parasitas com anuência do estado.
Crónicas Chinesas
Filme muito fraco, não vale a pena ir ver
Julio Mattos
Autêntica perda de tempo. O filme é baseado em situações banais que aconteceram na China na era Covid. Sem grande enredo e não tem nada de motivante para ir ver.