Críticas dos leitores

Últimas

O Sabor da Vida

Tachos e panelas

Martim Carneiro

Talvez seja necessária uma boa dose de paciência para conseguir ver este filme, passado na cozinha, com muitos tachos e panelas, legumes, aves e carnes com osso, tudo confeccionado com muita criatividade e sem máquinas elétricas.

Lamento, mas não consegui ver até ao fim, e fui procurar um bom kebab.

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A Besta

Just do it!

Maria

Que filme extraordinário! Descrevem-no como uma adaptação muito livre da novela de Henry James, "A fera na Selva", mas a essência está toda lá: um homem atormentado pela sensação de que algo horrível lhe irá acontecer, a ele e à pessoa que estiver com ele, acaba por nunca se entregar, quando, na verdade, a catástrofe que tentava evitar era justamente a que cometeu: desperdiçar o amor de uma pessoa boa e a própria vida, com receio do que poderia acontecer.

Um ar de tragédia grega num setting (não assim tão) futurista. Claro que há outras complexidades e níveis de profundidade (além da excelência e originalidade da realização, a impecável actuação, etc.) que tornam este filme imperdível, mas esta questão filosófica foi o que me tocou mais.

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Comandante

O melhor que vi nos últimos tempos

Teixeira Luisa

Faz bem ao coração e lava a alma. As leis da guerra e as leis do mar, mas acima delas as leis do humanismo. Inspirador e belíssimo filme. Vão ver, não percam.

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A Besta

4 estrelas

José Miguel Costa

Num elegante e asséptico futuro (não tão longínquo) pós-apocalíptico, gerido integralmente pela inteligência artificial, 60 % da população encontra-se desempregada (não, não se trata de um filme cariz social!).

Um requisito básico para ingressar no mercado de trabalho, sobretudo nos cargos ligados ao Estado, é a total ausência de emoções (que são percepcionadas como uma ameaça).

Desta forma, as pessoas para atingirem o estado ideal de apatia, e consequentemente serem consideradas aptas para laborar, submetem-se a um procedimento cirúrgico que tem por objectivo "limpar o ADN" de qualquer vestígio de "maleita emocional".

No decorrer deste processo, os pacientes, por norma, recordam-se das memórias das suas vidas passadas. É desse modo que a protagonista (uma transcendente Léa Seydoux) descobre que os seus anteriores "eus" tiveram uma paixão assolapada (que, todavia, nunca chegou a "vias de facto") pelo alegado desconhecido (George Mackay) que encontrou casualmente sala de recepção do "edificio hospitalar".

Grosso modo, é este o mote do filme "A Besta" (realizado e co-escrito pelo francês Bertrand Bonello), uma surrealista distopia futurista (com um agradável cheirinho a David Lynch), cuja inteligente estrutura narrativa tripartida em fragmentos temporais (anos de 1910, 2014 e 2044) não lineares navega por diversos registos cinematográficos (drama romântico de época - filmado em formato 35 mm-, ficção científica e thriller).

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Manga d'Terra

3 estrelas

José Miguel Costa

O luso-suíço Basil da Cunha veio viver para Portugal há cerca de 15 anos, e assentou arraiais na Reboleira (Amadora). Desde logo enturmou-se com a comunidade de ascendência cabo-verdiana, que habita paredes-meias consigo nas casas abarracadas de génese ilegal, e deu-a a conhecer ao mundo (num idiossincrático registo "orgânico" que mistura os universos do realismo social e realismo mágico no seio de uma hipnótica e sedutora ambiência estética), através dos magníficos filmes "Até Ver a Luz" (2013) e "O Fim do Mundo" (2019), estreados, respectivamente, no Festival de Cannes e Locarno.

A sua mais recente obra, "Manga D'Terra (seleção oficial do Festival Locarno), como é apanágio, volta a mostrar-nos a espontaneidade e autenticidade deste "seu povo" marginalizado (cuja verdadeira essência a sua câmara consegue absorver quase por um processo de "osmose").

Todavia, apesar de manter os "condimentos básicos" das antecedentes, não me excitou de sobremaneira, quiçá, por ter optado por adicionar-lhe uma componente musical (e, em definitivo, os filmes musicais não são de todo a "minha praia" - o que não me impede de reconhecer a excelência da performance da protagonista, a cantora Eliana Rosa).

De igual modo, o seu enredo demasiado simples e subdesenvolvido (que segue os passos de uma desmotivada, e meio tonta, viúva de 20 anos - cujo única ambição é ser cantora - que se viu obrigada, pela sua precária condição económica, a deixar os seus dois filhos em Cabo Verde para tentar a sua - pouca - sorte no El Dorado da Amadora) também não empolga por aí além.

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Ovnis, Monstros e Utopias: Três Curtas Queer

Não vale a pena

Ivone D. Louceiro

Ao contrário do que se diz, as pessoas querem mesmo ver, e gostar, do cinema nacional. Não estava menos gente nesta sessão do que num dia de semana a ver o Dune. O problema não é o público, são os distribuidores. Apesar disto, esta sessão está mal curada. Os filmes sabotam-se entre eles. Alguns podiam brilhar se fossem colocados em sessões com curtas que os elevassem.

O que acontece nesta sessão é que nenhum eleva o outro, pelo contrário, todos dizem a mesma coisa, e essa coisa é muito poucochinha. Há um filme, que não vou dizer qual é, que parece uma brincadeira extracurricular de uma escola de cinema. Enquanto que os outros dois filmes, não sendo perfeitos, podiam safar-se se colocados num contexto que não fosse chuva no molhado, essa curta na verdade arrasta as três para um nível de mediocridade que a boa vontade das pessoas sentadas na sala não tem obrigação de aceitar nem de desculpar, uma vez que pagaram o bilhete.

Não há curtas melhores para estrear comercialmente? Todas as que vi no Indie e no Curtas são francamente superiores e mereciam muito mais esta estreia.

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A Besta

Obra prima

Lucas

Que maravilha de filme. Tudo o que é belo no cinema clássico e tudo o que é fresco no contemporâneo. 5 estrelas.

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Um Lugar Silencioso: Dia Um

Um filme razoável de suspense

Paulo Lisboa

Fui ver o filme porque achei o argumento potencialmente interessante. Gostei do filme, é um filme que se vê mais ou menos bem, tem uma realização competente, uma história original, uma boa interpretação dos dois actores principais e um suspense eficaz. Estamos perante um filme razoável de suspense. Numa escala de 0 a 20 valores, dou 13 valores a este filme.

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O Sabor da Vida

Sabor da Vida

Maria

Todos os sentidos envoltos num ambiente quente e aveludado

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The Souvenir

Magnífico!

José Couto

Primeira parte de um díptico (a segunda parte é ainda mais extraordinária, aprofundando a ideia do filme dentro do filme dentro do filme), que me fascinou: desde a realização (maravilhosa Joanna Hogg), passando pelo argumento (que parece meio autobiográfico), pelas interpretações (grandes Swinton - mãe e filha - e Burke, mas igualmente todos os outros), pela música (clássicos dos anos 80), até à direção artística (do tuga Pedro Moura).

Uma experiência inesquecível de Cinema - Cinema!

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