Críticas dos leitores

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Bowling Saturno

Bowling Saturno

Claudia de Sousa Dias

Muito Perturbador.

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All We Imagine as Light - Tudo o Que Imaginamos como Luz

Tudo o Que Imaginamos como Luz

Maria Cabral

Para mim este filme é poesia: realista e lírico, feito de fragmentos de vida que se perdem numa grande cidade. É Bombaim, mas podia ser qualquer grande metrópole. São três mulheres, mas o filme não pretende ser um testemunho da dureza da vida dessas mulheres ou uma denúncia.É mais. Não quer provar nada e essa ausência de pragmatismo revolucionário fez-me sentir próxima daquelas vidas, daquela cidade, daquele ambiente noturno onde milhares de janelas iluminadas criam um firmamento terrestre, um céu virado ao contrário, negro e coalhado de luzes.

Poesia são essas luzes, esses anseios, esse fluir dos dias, esses sonhos e o som do mar que nos fustiga e embala. É a Índia, mas é mais do que isso, porque não se trata de folclore ou de denúncia, mas de vida e de tudo o que imaginamos como luz em qualquer sítio deste planeta. Luz que encheu os meus olhos de lágrimas.

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O Brutalista

4 estrelas

José Miguel Costa

"O Brutalista", um opressivo drama histórico com caracteristicas de biografia (sobre um personagem fictício), dirigido pelo norte-americano Brady Corbert, estreia-se nas salas de cinema com o chamariz de ser um dos principais favoritos à vitória nos Óscares (tendo já no seu currículo o Leão de Prata do festival de Veneza - na categoria de melhor realização - e três Globos de Ouro).

Todavia, não é um filme destinado às grandes massas de pipoqueiros (à semelhança do que se verifica com o ovni "Emilia Perez", "A Substância" e "Conclave"), desde logo pela sua duração de 3 horas e 25 minutos.

O filme, que explora sobretudo duas facetas (colocar-nos perante face obscura do sonho americano para os imigrantes - mesmo que estes sejam indivíduos "diferenciados" - e explanar as principais características do movimento arquitetónico minimalista designado de brutalismo), transporta-nos até aos USA do final da década de 1940 para dar-nos a conhecer o penoso trajecto de vida de um sombrio e visionário arquiteto húngaro de raízes judaicas, sobrevivente do Holocausto, após ter chegado à "terra da liberdade" com uma "mão à frente e outra atrás ".

Dotado de uma narrativa algo fragmentada e de um ritmo arrastado, torna-se grandiloquente devido à prestação intensa e enigmática de Adrien Brody (ao nível do que nos ofereceu em "O Pianista" do Roman Polanski), bem como pela sua componente estética (com uma fotografia "triste", onde abundam as cores escuras e frias, reforçadas pelo formato VistaVision 35 mm; e o recurso a uma panóplia de técnicas de filmagem, nomeadamente, câmara subjectiva, câmara de mão seguindo os personagens e câmara filmando de baixo para cima) e pela singular banda sonora "industrial" ultra-dramática.

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A Mesa de Café

91 minutos de tortura

Ivan Marcos Busato

Stephen King tem um gosto tão duvidoso quanto seus filmes. "A Mesa de Café" é somente uma hora e alguns minutos de tortura. O diretor quer é fazer você sofrer... sofrer, também, pelas situações tão, mas tão absurdas - como todo mundo simplesmente "se apaixonar" por Jesus... a filha da vizinha de treze anos, o vendedor da mesa de café, a esposa... etc... etc... claro que isso tudo é somente encheção de linguiça para diretor ir levando a situação absurda... tão absurda que transforma uma tragédia familiar num circo sem sentido!

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Ainda Estou Aqui

Um filme muito bem feito

Nazaré

Dá gosto ver como as salas se enchem quando o filme é em Português e é bom. Trata-se da história verídica duma família que vê o patriarca ser levado pela polícia militar, espicaçada pelo rapto do embaixador suíço por um "libertador" de seu nome Carlos Lamarca, por suspeita de ser colaborador dele. Tudo enquadrado em tempos onde a CIA tinha rédea solta nos continentes americanos (dando seguimento à doutrina Monroe) em clima de guerra fria, e que manteve o Brasil sob uma brutal e sanguinária ditadura militar desde 1964 até 1985.

Impecavelmente concebido, com base no livro duma das personagens (o filhote Marcelo, que se tornou um escritor muito conhecido no Brasil), as actuações magníficas de Fernanda Torres e de Fernanda Montenegro (esta no mais incrível desempenho, curto mas intenso) e uma direcção de actores que prima pela naturalidade das personagens e tem como ápice os incríveis desempenhos das três filhotas mais novas (Bárbara Luz, Luísa Kosovski e Cora Mora), merece ser visto. Mesmo.

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Maria

Mixed feelings

Nazaré

Não é fácil decidir sobre o que este filme nos faz sentir. É ao mesmo tempo um biopic e uma fantasia sobre o crepúsculo da vida de Maria Callas, inscrito numa trilogia de Pablo Larraín onde a antecederam um sobre Jacqueline Bouvier e outro sobre Diana Spencer (não os vi).

Já se esperaria um desempenho resplandecente de Angelina Jolie, ela magnetiza-nos o olhar como ninguém, conseguindo aproximar-nos da Callas q.b., apesar das evidentes discrepâncias físicas (incluindo serem dois tipos de magreza totalmente diferentes). As filmagens de Maria que aparecem o final põem as coisas um pouco no lugar, de resto. E conta-se com os momentos musicais retirados de gravações da divina, que emocionam de verdade.

Só que tudo isso é fácil demais, uma vez garantido tal casting. Vejo mais mérito na maneira como os flashbacks nos transportam para diferentes fases do passado — revivências que sem dúvida aquela grande artista poderia fazer da sua tão preenchida e contrastada vida — quer sejam as magníficas cenas a preto e branco (para além da actriz principal, os prémios até agora são principalmente para a fotografia de Edward Lachman) ou as reconstituições em palco.

Também gostei muito da revelação do teatro de ópera como um espectáculo em dois sentidos, onde o artista sente toda aquela atenção centrada em si, e onde a energia do aplauso explode: fica-se a pensar se para os arquitectos destes teatros não era obrigatório conceber o espaço para onde irradiam todos aqueles sons como um segundo palco.

Finalmente, destaco os diálogos, verdadeiramente preciosos. Já se detesta de maneira visceral, mesmo concedendo a vertente de fantasia, esta visão da reclusa, has-been, alucinada, profundamente só, nostálgica, polimedicada e caprichosa Callas. Porque isso, por factual que fosse até certo ponto, não é a Maria do título. É tudo menos revelador, e é perverso.

Quanto à questão da perda de voz, especialmente para os mais apreciadores de ópera, recomendo vivamente a quem queira ler o debate no Talk Classical em https://www.talkclassical.com/threads/investigation-into-the-reason-for-callas-vocal-decline.70053/.

O magnífico canto de cisne na fita, fictício, poderia não ser tão improvável quanto isso. Pablo, que tal ires para a tetralogia e pegares na deixa para a Marilyn? E bem que podes continuar assim pela carreira fora, há muito espaço para tantas outras, apelativas como interessantes: Chavela Vargas, Greta Thunberg (esta também já atingiu o seu crepúsculo, digo eu), Marie Curie, Billie Holiday, Ulrike Meinhof, Hillary Clinton, Simone Biles, Agatha Christie, Mia Martini... a minha wishlist assim de repente.

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Flight Risk - Voo de Alto Risco

Altas octanas

Nazaré

Mark Wahlberg na sua veia trocista é do melhor. E Mel Gibson sabe mesmo realizar um filme. Impecável. A maior lista de 'executive producers' que já vi. Dizem que a tendência é essa.

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Imagem de Uma Mãe

Obra-Prima

Tomás Costa

Um filme extraordinário, belo e comovente.

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Sing Sing

Fantastico, a não perder ! O filme do ano

Cláudio Anaia

Apesar dos filmes "Eu ainda Estou Aqui" e "Brutalista" serem bons filmes e a não perder, "Sing Sing" é fantástico e merece o Óscar de melhor filme. "O cinema adora exaltar a importância da própria arte. Filmes sobre como o processo criativo cura, renova e salva são comuns, especialmente quando se trata dos favoritos a indicações e prêmios, como é o caso de Sing Sing. Há, porém, um grupo mais seleto, e Sing Sing também faz parte dele – filmes que abordam, e até mostram, como isso acontece emocionalmente. O que faz da literatura, da atuação ou do teatro campos tão frutíferos para a realização pessoal, e como eles resgatam pessoas dos seus piores momentos? "

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A Mulher de Tchaikovsky

Belo e intenso

João Ildefonso

Excelentes figurinos, iluminação e reconstituição de época. A extensão do filme permite a lenta identificação com a obsessão do personagem enquanto Tchaikovsky permanece um enigma tal como para a sua esposa, visivelmente desequilibrada.

Excelentes interpretações de todos os actores. As cenas delirantes e oníricas são muito bem conseguidas.

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