Assassinos da Lua das Flores
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Elenco
Sinopse
Com argumento de Eric Roth e realização do veterano Martin Scorsese, este “western” tem por base a obra escrita pelo jornalista norte-americano David Grann — também autor de “A Cidade Perdida de Z”, “Crimes Sombrios”, “O Cavalheiro com Arma", e “Prova de Fogo”, todos adaptados ao cinema — que, por sua vez, se inspira num evento real ocorrido nos EUA durante a década de 1920.
Enriquecidos pela descoberta de petróleo nas suas terras (situadas no Oklahoma), os indígenas osage atraem a atenção sobre si e tornam-se as vítimas perfeitas da ganância dos “homens brancos”, dispostos a usar de todos os esquemas para lucrar às suas custas.
Quando uma série de osages são encontrados mortos, o caso é entregue ao BOI (sigla inglesa para “Bureau of Investigation”, a agência mais tarde conhecida por FBI), que envia uma equipa para investigar os crimes. É neste contexto que se desenrola uma improvável história de amor entre o veterano Ernest Burkhart e Mollie Kyle, uma jovem nativa.
Estreado fora de concurso na 76.ª edição do Festival de Cinema de Cannes, este drama com três horas e meia de duração conta com as actuações de Leonardo DiCaprio e Robert De Niro (o primeiro na sua sétima colaboração com Scorsese, o segundo já na 11.ª), que contracenam com Lily Gladstone, Brendan Fraser, John Lithgow, Jesse Plemons, Cara Jade Myers, JaNae Collins, Jillian Dion, William Belleau e Tantoo Cardinal, entre outros. PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Assassinos da Lua das Flores, de Scorsese: suplício de três horas e meia
A tragédia da lua das flores. A obra de Scorsese perdeu vigor.
Ler maisAssassinos da Lua das Flores: um grande filme de Martin Scorsese
Pode não ser o melhor Scorsese, mas, por onde se quiser ver, Assassinos da Lua das Flores, que se estreia esta quinta-feira, é um grande filme, e um filme reconhecivelmente do seu autor.
Ler maisCríticas dos leitores
Os Petrodólares
Jorge
A história já é antiga e remonta aos primórdios da Humanidade. Sempre o subir alto não olhando a quem se esmaga com os pés. A ambição sem escrúpulos, a colonização e exploração de um grupo sem olhar a meios. É o caso deste enorme filme de Martin Scorsese e não me refiro ao comprimento da fita (3 h e mais qualquer coisa), mas à sua qualidade integral, qualquer que seja o ângulo de análise.
Aqui são os índios enriquecidos pelo aparecimento do ouro negro nas suas terras vitimizados pela ambição cega de brancos manhosos e imorais. Uma história contada com genialidade e deleite visual e apadrinhada por atores excecionais como Robert De Niro e Leonardo DiCaprio graciosamente secundados por uma excelente surpresa chamada Lírio Gladstone.
4 estrelas
José Miguel Costa
Quando o grande Mestre octogenário (Martin Scorsese) junta os seus actores fetiche do passado e presente (Robert de Niro e Leonardo DiCaprio, respectivamente) a uma "nova diva instantânea" (Lily Gladstone) para contar-nos mais um vergonhoso episódio verídico da História dos USA de (contínua) segregação/aniquilação de nativos americanos, isso "só" poderia resultar num filme de excepção... "Assassinos da Lua das Flores".
Fazendo uso de um mix de géneros cinematográficos (western, drama histórico e true crime) recua à Oklahoma da década de 1920, mais concretamente até ao território dos indígenas da Nação Osange, e dá-nos a conhecer a sua inacreditável história de (ultra)enriquecimento repentino, decorrente da descoberta de importantes jazidas petróleo nas terras para as quais haviam sido anteriormente "chutados".
Tal implicou a consequente migração de resmas de "white trash", vindas com o objectivo único de enganá-los, extorqui-los até ao tutano e, inclusivé, assassiná-los impunemente (o que obrigou à intervenção do recém-criado FBI - quando o número de mortos se tornou demasiado escandaloso para continuar a ser camuflado -, e levou à descoberta de um diabólico plano de casamentos de conveniência e fraudes com seguros, que transformava os assassinos em legítimos herdeiros de fortunas).
Este ensaio cru sobre a ganância e a mesquinhez do Homem é-nos servido em "passo suave", sem que os intervenientes revelem numa só assentada as suas verdadeiras intenções, tendo por foco o ponto de vista dos criminosos.
Desse modo, o fio condutor do filme surge-nos através da relação amorosa entre a nativa Mollie (o diamante em bruto Lily Gladstone) e o forasteiro branco Ernest Burkhart (um multifacetado e ambíguo Leonardo Dicaprio), ex-soldado recém-chegado à região a convite de seu tio, Bill Hale (um pujante Robert de Niro), fazendeiro com grande influência política e alegado amigo intimo dos indígenas.
A partir daí os familiares de Mollie vão morrendo, um após outro, em circunstâncias suspeitas (não investigadas pelo poder local).
Assassinos da Lua das flores
Fernando Oliveira
Todos sabemos que existem histórias terríveis pela forma como mostram a crueldade humana por detrás da História e é uma dessas histórias que Scorsese conta em “Assassinos da Lua das flores”: como os “brancos” tentaram um genocídio para ficarem com as terras dos Osage, tribo nativa da América do Norte.
Como todas as tribos, esta foi obrigada a migrar para territórios inóspitos (as infames reservas) conforme os interesses dos regimes federais e estaduais da “grande” nação americana. Os Osage tiveram o azar de a sua terra no inóspito Oklahoma (na altura também chamado o Território Índio) ser rica em petróleo e no princípio do século passado as famílias da tribo enriqueceram de repente.
Presa fácil para a ganância dos outros. Bill Hale é um criador de gado naquela região, gaba-se de ser o maior benfeitor e amigo dos Osage, mas é um homem absolutamente impiedoso capaz de tudo por dinheiro, de tudo para ficar com os direitos de exploração do petróleo; manipula o seu patético sobrinho, Ernest, regressado da guerra, para casar com Mollie Brown, uma nativa, que partilha com a mãe e as irmãs terras ricas.
Depois são as execuções a tiro, os envenenamentos, as autoridades a fecharem os olhos, todos os “brancos” são, de uma maneira ou outra, cúmplices. Aconteceu mesmo. Scorsese contextualiza esta história particular inserindo no filme imagens de arquivo da época, sobre a tragédia dos Osage ou o massacre do bairro negro em Tulsa que aconteceu também nessa época, e mostra-nos um olhar trágico sobre o sonho americano estilhaçado pela amoralidade que acompanha o desejo pelo dinheiro.
Mas se o filme fosse só isto, só sobre uma ideia, aclarar as sombras da História americana, ser uma mensagem contra o racismo ou a masculinidade violenta, esgotar-se-ia nisso, e seria só um interessante exemplo dos maneirismos formais de Scorsese (e já agora das interpretações também maneiristas de De Niro e DiCaprio), mas há uma sombra perturbante que atravessa todo o filme. Essa sombra é o amor que permanece entre Ernest e Mollie. Eles amam-se apesar de ele lhe destruir a vida, e ela só o abandona quando ele não lhe conta a verdade (no único crime em que ele é “inocente”).
Esta desordem emocional que vem deste amor malsão ancora-se quase toda na extraordinária interpretação de Lily Gladstone, na sua quietude, nos seus silêncios, nos risos que dá quando conversa com as outras mulheres da tribo sobre ele, no sorriso quando namora com marido, na trágica espera pela “verdade” deste. É uma interpretação à beira do sublime.
É um épico tenso, que nos perturba, e isso é bom, mas que dá a ideia de haver coisas a mais (a duração aqui não é uma qualidade, a história arrasta-se algumas vezes), como o final (o programa de rádio e o folclore); um filme menor na carreira do realizador, mas ainda assim um bom filme. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
Calma, críticos do Público...
Donaltim
...o filme não é nem uma obra-prima, nem um mau filme. É, aliás, um bom filme pipoca: entretém e até tem uma mensagem bastante decente sobre a colonização na América do Norte. Mesmo que utilize esquemas de enredo algo estafados nos filmes de Scorsese, com um abuso dos quadros co-laterais que nada adicionam à narrativa (vou encomendar um serviço a um bandido que diz que tenho de falar com outro) e de cenas para os improvisos de De Niro e Caprio brilharem.
O que torna o filme demasiadamente grande. Ainda assim, e fazendo uma média, dá umas 3 estrelitas.
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