West Side Story
Título Original
West Side Story
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
West Side Story: match nulo
Ponto um: seria difícil fazer remake mais inteligente e respeitosa de West Side Story do que a que Steven Spielberg fez. Ponto dois: não era verdadeiramente necessário fazê-la.
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West Side story
Fernando Oliveira
É um filme fora deste tempo, uma deslumbrante homenagem que Spielberg quis fazer à peça que Ernest Lehmann escreveu e que estreou na Broadway em 1957, uma peça que o realizador viu ainda adolescente e que o marcou profundamente. A peça seria adaptada ao Cinema quatro anos depois, em 1961, por Robert Wise e o encenador Jerome Robbins. A peça foi um marco na Broadway e o filme será um dos filmes mais memoráveis da história do Cinema.
Spielberg segue a partitura de Leonard Bernstein, e o argumentista Tony Kusher fez apenas pequenas alterações na história: “Romeu e Julieta” contado nos anos sessenta em Manhattan, num bairro prestes a ser demolido, aonde se confrontam dois gangues juvenis, os Jets, rapazes brancos filhos dos mais antigos moradores e os Sharks, rapazes porto-riquenhos, comunidade “invasora” do bairro. Tony (Ansel Elgort), antigo líder dos Jets e agora retirado depois de ter passado um ano na prisão por ter espancado outro rapaz quase até à morte numa luta, apaixona-se por Maria (Rachel Zegler), a irmã de Bernardo, o líder dos Sharks. Este amor, como no texto de Shakespeare, vai levar à tragédia. É uma enternecedora mensagem contra a intolerância racial, e uma homenagem à peça e ao filme que também a fizeram há sessenta anos.
O que é maravilhoso no filme de Spielberg é o seu classicismo absoluto. O musical sempre foi um género “impuro”, onde todos os géneros cabem sendo transfigurados radicalmente pelas canções e pela dança que nos fazem acreditar que tudo é possível. Ou, melhor, que o sonhado e o real podem habitarem na mesma história, enleando-se uma na outra, fazendo os espectadores acreditar numa outra realidade. Nas cenas cantadas ou dançadas são os desejos que são aí filmados, ou muitas vezes, como neste filme, a impossibilidade de os realizar. Spielberg, magnifico formalmente, consegue a proeza de, num tempo em que já ninguém quer “acreditar” nesta sublimação, nos comover até às lágrimas: são as canções cantadas pelo casal, um desejo de felicidade que, sabemos, não chegará; há a interpretação esmagadora na sua força de Ariana de Bose no papel de Anita, a namorada de Bernardo; e depois há aquela ambiência ilusória transmitida pelos escombros aonde decorre grande parte da história, como um lamento, a saudade, por um Cinema que já não tem lugar nos dias de hoje. E, infelizmente, com cada vez menos de nós a recordá-lo. Por tudo isto um filme lindíssimo.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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