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Solaris
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"Solaris", de Steven Soderbergh, é a segunda adaptação do romance de ficção científica do escritor polaco Stanislaw Lem (a primeira adaptação, em 1972, foi feita pelo cineasta russo Andrei Tarkovski). O Dr. Chris Kelvin (George Clooney) é enviado para investigar o inexplicável comportamento de um pequeno grupo de cientistas a bordo da estação espacial Prometheus, que cortaram todas as comunicações com a Terra. Kelvin aceita a missão depois de ver uma comunicação do seu amigo Gibarian, o comandante da missão, que pede a sua ajuda em Prometheus por motivos que Gibarian não quer - ou não consegue - explicar. Tendo consciência que a sua opinião pode decidir o futuro da estação orbital, Kelvin fica chocado com o que descobre ao chegar: Gibarian suicidou-se e os outros dois cientistas mostram sinais de stress extremo e paranóia, aparentemente provocados pelas suas investigações do planeta Solaris. Também Kevin acaba por ser enredado nos estranhos mistérios do planeta. Solaris oferece-lhe uma espécie de segunda oportunidade no amor, a oportunidade de mudar o curso de uma antiga relação que só lhe deixou remorsos e sentimentos de culpa. Mas será que se pode realmente revisitar e alterar o passado? PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Sessões
Críticas dos leitores
Solaris Apagado...
Pedro Silva Maia
Foi uma experiência trans-física inesquecível. "Solaris" tem cerca de 30 planos do traseiro de George Clooney, o que é, para um filme que se auto-intitula de "drama de ficção-científica" muito mesmo. Claro que eles diziam que ia ser uma espécie de "'Último Tango em Paris' no espaço" mas eu até pensei que isso era uma piada e fui mesmo preparado para lidar com algo de muito mais transcendente. Em primeiro lugar, não percebo como é que foi feita a gestão do orçamento do filme. Porque é que não há banda sonora? Porque é que o filme coloca tantas questões se não faz a mínima intenção de lhes responder? Porque é que o planeta aparece tantas vezes se é apenas um efeito especial? Porque é que os dois personagens sobreviventes têm de ser tão irritantes e cheios de tiques? O filme torna-se mais e mais um pastelão, ficámos para ali à espera da Happy Hour mas ela teima em não aparecer, nenhuma das intrigantes questões colocadas até meio do filme são resolvidas, tudo se limita a muitos metros de película gastos em correrias dentro da estação espacial, como se isso pudesse dar acção ao filme... enfim... eu já sabia que Soderbergh andava a dar as últimas ("Full Frontal" deu-me a volta ao estômago) mas achei que o rapaz ainda tinha uns vestígios de humildade no sistema cerebral...
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O Solaris de Soderbergh
Ricardo Pereira
O cineasta Steven Soderbergh ao revisitar um clássico da ficção científica de 1961 – o livro do polonês Stanislaw Lem – e uma primeira versão cinematográfica extremamente metafísica – a do russo Andrei Tarkovsky (1932-1986), filmada em 1972 – confirma sua grande ambição em firmar-se como um diretor versátil, capaz de atirar em várias direções, seja no comercial mas competente "Erin Brockovich", no intrigante "The Limey", no premiado "Traffic" ou no descaradamente vaidoso e supostamente experimental "Full Frontal". Na busca de uma visão particular da história, Soderbergh escreveu um novo argumento, assinou a fotografia, a montagem, além de dirigir – bem no estilo auto-suficiente de Stanley Kubrick. Numa entrevista ao "New York Times", em Novembro de 2002, ele chegou a assumir explicitamente a influência do realizador de "2001 – Uma Odisseia no Espaço": "Sempre imaginei o planeta (Solaris) como o equivalente ao monolito (uma das chaves de 2001)". Apesar destas inúmeras referências, é inegável que o Solaris de Soderbergh possui perfume próprio. Mergulha mais na subjectividade do seu protagonista, o psicólogo Chris Kelvin (George Clooney), ao invés de interrogar-se sobre o seu estar-no-mundo, como fez Tarkovsky – que usava os conflitos de Kelvin para situá-lo como um paradigma da procura de sentido da vida humana e outros questionamentos espirituais. Soderbergh opta por caminhar mais próximo do coração intensamente atormentado de seu personagem, um cientista mandado ao planeta Solaris para resgatar os dois sobreviventes de uma missão que deu tragicamente errada. Na mesma medida em que Tarkovsky se preocupava com a incerteza fundamental do que cada ser humano entende como sendo a verdade, Soderbergh destaca mais a culpa e o desejo, a saudade irreparável que Chris sente de sua esposa morta, Rheyia (Natascha McElhone). O facto do misterioso oceano do planeta sintonizar o subconsciente dos humanos, materializando de algum modo visitantes de seu passado, instaura o inferno na estação espacial. Quando Chris chega, encontra Snow (Jeremy Davies) e Gordon (Viola Davis) entregues às visões dessas insuportáveis materializações. Ele mesmo não demorará em ter ao seu lado um inquietante clone de sua esposa morta – que tem o seu corpo e a sua voz, mas não suas memórias. É nesse detalhe que reside a grande angústia dos visitantes - eles não têm mais vida interior do que a memória que os seus hospedeiros detém deles. E não podem fugir a isto, embora possam sentir integralmente o desespero de sua condição paradoxal. Bem mais enxuto que o filme de Tarkovsky (que tinha 165 minutos, contra os 99 minutos deste), a re-leitura de Soderbergh resulta num longa intenso, que resiste corajosamente à tentação de introduzir um "happy end" que satisfaria certamente à maior parte do público, ainda mais tendo como protagonistas um par romântico deveras sedutor. Mas isso seria trair completamente a integridade de uma história que, mais de quarenta anos depois de ser escrita, mantém intacta sua capacidade de intrigar.
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Um universo chamado Soderbergh
Bruno Gaspar
Nao vi, infelizmente, o filme de Tarkovski. Também não sei até que ponto a minha opinião seria diferente caso tivesse visto. Mas adorei esta versão de Soderbergh, que mostra, uma vez mais, a sua versatilidade.
Tem um trabalho de realização notável, aliado a uma fotografia e banda sonora excelentes. Considero-o visualmente perfeito, mesmo com nítidas referências a Kubrick e ao filme "Blade Runner". Soderbergh é meticuloso e há planos neste filme, de facto, belíssimos. Até George Clooney me surpreendeu num papel diferente a que estava habituado a ver.
Nao me queria levantar quando acabou a projecção. Queria mais daquela droga. Senti-me apático e preenchido e ainda hoje o sinto quando ouço a banda sonora composta por Cliff Martinez. Foi, sem dúvida, a minha mais disfuncional e gratificante experiència cinéfila. Recomendo a todos os que estudam cinema...
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