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Spider

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Thriller 98 min 2002 M/16 13/09/2002 CAN, GB

Título Original

Spider

Sinopse

"Samuel Beckett confrontando Sigmund Freud". Foi esta a forma que Cronenberg encontrou para descrever o seu último filme, "Spider" - a história de um esquizofrénico, um drama psicológico desconcertante sobre um homem enredado numa teia de verdades/mentiras acerca do seu passado e presente.<br/> No East End londrino, Spider (Bradley Hall), um rapaz profundamente perturbado, "vê" o pai assassinar a mãe e substituí-la por uma prostituta, Yvonne (Miranda Richardson). Convencido que os dois planeiam assassiná-lo a seguir, Spider elabora um plano louco com consequências trágicas.<br/> Anos mais tarde, Spider (Ralph Fiennes) é deixado numa casa de acolhimento para doentes mentais, onde a dona lhe dá pouca atenção. Sem supervisão, Spider pára de tomar a medicação obrigatória e começa a visitar os locais da sua infância. Nessa tentativa de recordar o passado, de juntar estilhaços, cria-se um quadro de recordações que não é composto apenas por elementos da realidade.<p/>PUBLICO.PT

Críticas Ípsilon

Spider

Mário Jorge Torres

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Filme discreto e silencioso

Luís Miguel Oliveira

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Freud "encontra" Beckett?

Vasco Câmara

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Preso na Teia

Kathleen Gomes

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Críticas dos leitores

O desconforto do silêncio

Elisa Cabrita

"Interpretar é o modo moderno de sermos piedosos", escreviam Deleuze e Guattari na sua obra "Capitalismo e Esquizofrenia". Interpretar, saber as causas da loucura, conhecer os motivos e com isso nos apaziguarmos, derivarmos tudo no mamã-papá e com isso tudo explicarmos: este seria o inverso de Spider. Neste terrível e assombrado filme de Cronenberg, não há interpretações, não há cura com o desvendar da verdade (não haverá mesmo verdade única e tangível), não há a xaropada piedosa de outros filmes sobre esquizofrénicos e outros loucos, não há tiques nervosos que tornem visível e palpável a loucura. Não há redenção nem compaixão. Talvez para qualquer piedoso moderno, o terrível silêncio de um homem a demorar eternidades a misturar o açúcar no café não seja particularmente estimulante. Talvez incomode o paradoxo criado entre uma absoluta distância com que Cronenberg filma este homem no mundo real em simultâneo com a excessiva proximidade à sua mente, onde memória e imaginação não definem limites, fronteiras entre si. Talvez aborreça a muitos a incapacidade deste filme derivar em longas conversas de café sobre os possíveis sentidos da história particular deste homem. No fim, há apenas um desconforto, silencioso e subtil, derivado da incompreensibilidade da loucura particular deste homem. E fica a suspeita de que a nossa originalidade individual se constrói pelas ligações, pelos fios que tecemos, de um modo também incompreensível para os outros, não verdadeiro para o restante mundo.
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