Um Filme Limpa-Chaminés
António Mendes
Eis o novo filme de Ron Howard: Anjos e Demónios, que é aquele livro que, em Portugal, saiu depois do “Código DaVinci”, apesar de ter sido escrito antes, e que é da excelsa pinha do Dan Brown, que sabe tanto de História, como eu sei de lagares de azeite.
E... Viva o David Koepp! A sério! E porquê? Porque o Akiva Goldsman é aquilo que se pode chamar um nabo a fazer guiões, mas agora o David Koepp (que é o responsável por “Missão: Impossível”, “Jurassic Park” e “Panic Room”), sim senhor! Bravo. Conseguiu transformar uma história trepidante mas parva, numa história com pés e cabeça com apenas alguns pontos menos positivos.
O Bom: Muito do camerlengo. Muito do Ewan McGregor (não, não me estou a repetir). Muito do David Koepp. O assassino, agora mais politicamente correcto, passa de um completo monstro para um demónio nobre. Um dos preferiti sobrevive. E o Langdon não se lança de vários quilómetros de altura com um pára-sol, o que é mais lógico. O tema Ciência versus Religião muito melhor equilibrado que no livro. E a magnífica banda sonora de Hans Zimmer.
O Mau: A cena da imolação no clímax é passada numa cova e não no topo de São Pedro, o que é uma pena, porque ficava hiper-espectacular. TIRARAM O DIAMANTE ILLUMINATI!!! Podiam ter deixado o assassino escapar. A Vittoria Vetra... o que é que ela está a fazer na história, para além de destruir um documento com 400 anos, mais ou menos? Bem sei que a muito judia Ayelet Zurer é uma novata, mas raios. Se não lhe derem um poucochinho de papel, ela também nunca fará um papel a sério. Eu acho que se tivessem posto um cartaz de cartão canelado com o formato dela, tinha resultado no mesmo. E o Tom Hanks que faz de simbologista perfeito. Eu sei que eu sou um bocado suspeito quanto a isto, porque nunca fui fã do Tom Hanks, acho-o até um tipo deveras chato. Dêem-me um Harrison Ford nos seus 40 aninhos e depois vemos quem é que é o Robert Langdon.
O Feio: Ron Howard. E porquê? Porque ele deve ser o realizador com menos imaginação da história do cinema. Então, a cena dos fumos brancos e pretos a anunciar a escolha ou não do papa, é uma das que me irrita solenemente. E porquê? Porque ele tem uma ideia brilhante de seguir o fumo com a câmara pela chaminé até ele sair para o quente ar de Roma. Muito giro da primeira vez. Agora usar a mesma sequência vezes e vezes e vezes e VEZES sem conta... é estar a abusar. Para a próxima dêem o guião ao Bryan Singer. OK? OK. E deixem o Ronny fazer lá os filmes pseudo-intelectuais dele, todo divertido.
O Mais-ou-Menos: Tudo o resto. Stellan Skarsgård a fazer de anti-social. O Pierfrancesco Favino que tem ar de Imperador Ming de caracóis a fazer um Olivetti muito mais simpático que o original. Etc., etc., etc....
Por isto eu dou-lhe um 6½ em 10
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