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Má Educação

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105 min 2004 M/16 ESP

Título Original

La Mala Educación

Sinopse

É a história de dois rapazes, Ignacio e Enrique, em duas épocas diferentes: a Espanha franquista dos anos 60 e a Espanha livre da "movida" dos anos 80. Os dois rapazes conhecem o amor, o cinema e o medo num colégio religioso. O padre Manolo, director do colégio e professor de literatura, é testemunha e faz parte de alguns destes acontecimentos. O amor entre os dois rapazes vai ser interrompido, mas os três voltam a encontrar-se mais duas vezes. Uma delas será nos anos 80, quando Ignacio, agora jovem actor que sonha ser estrela, aparece no escritório de Enrique, agora cineasta, com um guião que conta a história de ambos. Esses reencontros marcam a vida e morte dos três personagens. "Má Educação" é o novo filme de Pedro Almodóvar e foi o filme de abertura do Festival de Cannes de 2004. PÚBLICO<p> </p>

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Críticas dos leitores

Não havia necessidade

Gonçalo Pereira

O realizador era um bom realizador. Fui ver o filme e, infelizmente, achei extremamente violentas algumas das cenas. Não era necessário ser tão explícito para dar a ideia de romance homossexual. Não concordo com a classificação do filme (M16). Deveria ser M18 com aviso de conteúdos pornográficos. Assim escusava de ter pago o bilhete e de sair a meio do filme. Se o Almodóvar pretendia realizar porno homossexual, não deveria utilizar a fama ganha noutros filmes de qualidade para o fazer. E não deveria ter colocado crianças a fazer cenas daquelas. Saí do cinema enojado, desapontado e indignado. Não considerem isto ser intolerante relativamente à homossexualidade. Tolerar não significa gostar ou ter que assitir. Como alguém disse, "tolero uma criança a chorar num avião, mas não gosto de ouvir".
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Simplesmente ...

r_mane

Este filme prova mais uma vez a qualidade de Pedro Almodóvar. Representa a verdadeira realidade que ninguém quer ver, a verdade que por vezes é esquecida por medo... O filme devia ser visto por toda gente. Está mais uma vez à vista o trabalho fabuloso de Almodóvar, uma verdadeira obra-prima.
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No seu melhor

Patrícia Alves

Entramos em várias histórias em que não existem os bons nem maus da fita, assistimos a um rodopiar das várias personagens ao longo da sua vida. Focando uma Espanha passada mas num contexto mundial muito actual, realmente Almodóvar ainda nos surpreende. Só lamento que quando assisti a este filme, só se encontravam sete pessoas na sala de cinema. Mesmo assim foi um bom serão.
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Perturbador

Valdemar de Sousa

O tema é perturbador e por isso pomos muitas reticências. Não é só a homossexualidade, é também o guardião da moral e da educação que se questiona. E é muito bem questionado. O realizador faz vários filmes dentro do mesmo filme, e com que mestria... Só por isso merece ser visto.
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Cansados de Almodóvar

Filipa Melo

Este filme teve uma campanha escrupulosamente preparada para assegurar o seu êxito, mas para mim não corresponde às expectativas que se geraram. Depois de "Hable con ella", Almodóvar retoma o gosto pelo provocativo e transgressor, pela estética das cores, e abandona a poesia apenas presente em alguns momentos do tempo do colégio. Entre as interpretaões, justo é destacar a variedade de registos que oferece Gael Garcia Bernal, mas o mesmo não posso dizer de Fele Martínez, que neste filme não teve qualquer força dramática. É um filme irregular, profundamente ideológico, o guião é completamente incongruente. Os filmes do Almodóvar estão a perder qualidade comparados com aqueles que realizava nas décadas de 80 e 90.
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A determinação de gostar

Maria do Carmo

A frase de Pedro Almodóvar sobre este filme - "uma série de bonecas russas" - ilustra-o na perfeição. E nós, espectadores, vamos sempre assistindo à retirada de mais uma de dentro da outra com um fascínio enorme. A determinação de todas elas (eles) são como a da tal mulher que se atira aos crocodilos sem um único lamento: a determinação da paixão (amor?), egoísta, doa a quem doer, desde que "eu" consiga a minha fatia de prazer; a determinação da convicção, de acreditar que é possível, até ao fim, faça-se o que se fizer para o conseguir. Gostei desta "Má Educação"!
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Provocador , como sempre

vguerra

Excelente argumento, bons actores, boas cenas de "mariconagem", menos conseguidas as de pedofilia, algumas imperfeições na tomada de imagens que não se aceitam num dos mais premiados realizadores do cinema europeu. Como sempre, um bom exercicio para o espírito, a propósito dos estranhos meandros do ser humano.
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Um filme incómodo

José Maria Belo

"O cinema consegue transformar em espectáculo o pior da natureza humana. E a mim isso agrada-me muito: o pior" (Pedro Almodóvar). Falar dos filmes de Almodóvar é dificíl: facilmente virão os meus preconceitos à baila, em guerra com a forma com que tento lidar com eles, mas virão. Isso será ainda mais normal por ter visto o filme com outro rapaz amigo meu homofóbico e que desconhecia para o que ia. A homossexualidade ainda tem muito para caminhar até poder ser encarada na sociedade portuguesa como parte integrante e não marginal. Sinto isso em mim. Adorei "Hable con Ella" e "Todo Sobre mi Madre" e estava à espera de um filme polémico e cheio de sexualidade: com padres pedófilos e travestis, como Pedro Almodóvar gosta. A verdade é que encontrei um filme incómodo cheio de sexo, onde se fala de sexo sem segredos e muito pouco de amor; com a grande piada do filme ser o jeito de contar que nos vai surpreendendo ("uma série de bonecas russas" - diz o autor) e uma banda sonora bastante agradável. Um filme entre homens; as mulheres não entram naquele mundo. Um filme duro, cru e com paixões frenéticas mas demasiado duro, cru e frenético: e nesse "demasiado" torna-se artificial esse cru. Em "Hable con Ella" e "Todo Sobre mi Madre", os personagens tornam-se-nos simpáticos, é-nos fácil lidar com eles, compreendê-los... em "La mala Educación" tornam-se grotescos, escuros, ("film noir", como dizem os cinéfilos) e desconfortáveis no que são: tanto que o mostram explicitamente como forma de lidar com os "preconceitos" que têm ou vêem na imagem ao espelho que a sociedade lhes dá deles. De qualquer maneira, um homossexual não tem de pedir autorização a uma sociedade heterossexualizada para existir, nem desculpa se chocou alguém, pois não?
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Má educação, boa colheita

Daniel Branco

"O êxito não tem sabor, nem cheiro, e quando te acostumas é como se não existisse", dizia a personagem Huma Rojo, no filme "Tudo Sobre a Minha Mãe", de Almodóvar. Com "La Mala Educación", o realizador espanhol volta a sentir o êxito, que se traduz em números: 300 mil espectadores apenas na primeira semana de exibição. Como se não bastasse, o filme que agitou a hierarquia da Igreja espanhola, mesmo antes de estrear, foi escolhido para inaugurar o Festival de Cannes, a 12 de Maio, o que à partida lhe garante algumas críticas favoráveis e a distribuição em várias salas europeias. <BR/>O que mais surpreende neste último Almodóvar é o facto de que "La Mala Educación" poderia não ser um filme do oscarizado realizador, uma vez que esta é a primeira incursão no "film noir" - Género que não respeita, tendo decidido misturar. Almodóvar prefere inovar, combinando, com milimétrico equilíbrio, cenas negras típicas de Douglas Sirk com momentos wilderianos de alta comédia. A estrutura narrativa, atípica e complexa dentro da sua filmografia, aproveita pontos de contacto entre três histórias para dar seguimento a uma acção principal. As três histórias, a de Ignacio e Henrique, a de Ignacio e o Padre Manolo e a de Ignacio e Juan, têm como denominador comum Ignacio, o homem pelo qual os três personagens estariam dispostos a "lançar-se aos crocodilos, como o fez uma mulher, no Zoo de Taiwan, na hora de maior afluência de público".<BR/>Ignacio e Henrique estudam num colégio religioso, nos anos 60. Juntos descobrem o amor, o cinema e a mitomania por Sarita Montiel. O padre Manolo, director da escola, apaixona-se por Ignacio e, como qualquer amante enfurecido, decide expulsar Henrique, o rival, do colégio. E Ignacio sofre em solidão os abusos do Padre Manolo. Os três personagens voltam a encontrar-se nos anos 80, e será nesta década, nos meandros da famosa "movida" madrilena, que cada um deles terá de analisar os erros da má educação e pagar pelos delitos do passado. Uma história em puzzle, em que cada uma das peças encaixam na perfeição.<BR/>A temática já tinha sido tratada (como história secundária) em "A lei do Desejo", quando Carmen Maura entra numa igreja e tenta ajustar contas com o padre que abusou dela, quando ainda era um menino. Mas em "La Mala Educación", o amor no limite é o tema principal. O Padre Manolo é-nos apresentado como predador, mas quando se reencontra com o ex-aluno, anos mais tarde, transforma-se em vítima. Almodóvar preferiu desta vez centrar-se em poucos personagens, mais intensos, e deixar a complexidade para a narração. <BR/>A banda sonora, excelente, é assinada uma vez mais por Alberto Iglesias. "La Mala Educación" canta um êxito anunciado. Porém, o mais importante é que este sucesso se pode tocar.
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