Depois da explosão de delírio e agressividade do magistral "Kika" (1993), Pedro Almodóvar iria dar início a uma nova fase na sua cinematografia. "A Flor do Meu Segredo" já reivindica o género melodramático como modelo a seguir, optando ainda por uma contenção histriónica que terá decepcionado muitos dos fãs do cineasta espanhol. A pista do título é para seguir: uma obra secreta, sofisticada e delicada, e um espantoso retrato de senhora, interpretada pela excelente Marisa Paredes. É uma escritora de romances cor-de-rosa enredada na angústia do vazio, e inicia um percurso para tentar reformular um equilíbrio. A veia sarcástica de Almodóvar está sempre presente, mas quase que pede para ser ignorada, enredada numa tristeza terminal e pungente.<p/>PUBLICO.PT