A realizadora francesa Claire Denis, cujo sucesso junto da crítica especializada "me escapa", teve um ano 2022 em grande. Depois de "Com Amor e Raiva" (estreado entre nós, e ainda em exibição, desde 9 de fevereiro) ganhar o Urso de Prata no Festival de Berlim, consegui ainda arrebanhar o Grande Prémio no Festival de Cannes graças a "Stars ar Noon - Paixão Misteriosa" (que podem visionar nos cinemas lusos desde 18 de fevereiro). "Stars At Noon" é um (quase banal) thriller de espionagem romântico (com algum erotismo à mistura) que apenas se faz notar devido à performance glamorosa da protagonista Margaret Qualley. Qualey encarna o papel de uma falhada jornalística norte-americana que, em pleno surto pandemémico, não consegue sair da Nicarágua (em convulsão politica devido à Revolução Sandinista) por ter visto o seu passaporte confiscado (bem como por encontrar-se completamente falida). Para subsistir vende o seu corpo em troca de dólares. É num dos seus encontros de cariz sexual que conhece um alegado consultor empresarial inglês (Joe Alwyn), em visita de negócios ao país, por quem se apaixona (ou finge?) e vê nele uma oprtunidade para eventualmente fugir daquele inferno. Todavia, o seu plano acabará por sair furado (ou não?) depois do regime ditatorial em vigor passar a considerá-lo, igualmente, persona non grata. Esta dupla, apesar de emanar alguma química, "não convence", quiçá, por jamais chegarmos sequer a perceber a origem ou intuito(s) dos personagens que encarnam, o que acaba por inquinar o seu potencial interesse narrativo.