Os Juncos Silvestres

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Drama 110 min 2001 20/12/2001 FRA

Título Original

Les Roseaux Sauvages

Críticas dos leitores

Os juncos silvestres

Fernando Oliveira

Um filme sobre o despertar do amor e a descoberta do sexo, o desequilíbrio provocado pelas fracturas ideológicas. Quatro adolescentes no último ano do liceu, uma pequena cidade no sul de França em 1962, o ano da independência da Argélia e do regresso dos que de lá fugiram, o ano da violência terrorista dos fascistas da OAS: Maïté e François são amigos, não sabem bem se querem ser mais do que isso; no liceu por causa do toca-e-foge amoroso com o seu companheiro de quarto, Serge, François percebe que é homossexual; no quarto do lado dorme Henri, é um jovem revoltado, viveu na Argélia e simpatiza com as ideias de direita, também ele e François desenvolvem uma amizade confusa. No dia em que atinge a maioridade Henri abandona o liceu, o ódio impele-o a incendiar a sede local do PCF, mas é impedido pela presença de Maïté e a sua “liberdade”.

O dia seguinte é o dia dos exames finais no liceu, enquanto esperam nervosos pelos resultados, Maïté, François e Serge resolvem ir dar um mergulho ao rio, encontram Henri que os segue. Depois das brincadeiras, Serge recusa um futuro com François; e Maïté incomodada com a cor amarela do biquíni que comprou perde a sua virgindade para Henri. Mas recusa partir com ele, corre para a amizade com François. E depois de uma vertiginosa panorâmica de 360º, um filme acaba como se eles estivessem na Estrada dos Tijolos Amarelos em Oz. Entre os quatro aconteceram momentos de perplexidade e descoberta, a angústia de não se saber o que se quer, e alegria de saber que têm a vida pela frente.

Primeiro foi um episódio para um projecto para a televisão (“Tous les garçons et les filles de leur âge” do produtor Chantal Poupaud) mas Téchiné resolveu depois fazer um filme. E este filme é um olhar suave, terno, lúcido e belo sobre as suas personagens, interpretados por um grupo de actores extraordinários (entre eles a espantosa Élodie Bouchez), que sabe equilibrar as convulsões da história com a maneira como a conta: o “olhar” da câmara, a luz, como deixa fluir o tempo.

Diria que este filme é, por causa deste equilíbrio, devedor da arte dos dois Renoir, Jean e Pierre-August, o filho e o pai (vejam a belíssima cena no rio no final do filme), um filme de emoções, a descoberta daquilo que é o “sabor” da vida, o que o corpo quer que há vezes não é o que o coração deseja, e aprender a lidar com a morte, e o inesperado que os habita, e à sua volta as convulsões do tempo social e politico. Um filme maravilhoso. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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