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A Vida não é um Sonho
Título Original
Requiem for a Dream
Realizado por
Elenco
Sinopse
Realizado por Darren Aronofsky, um filme que marcou o ano 2000 mas que, em Portugal, foi para o circuito de vídeo sem passar pelas salas de cinema. Ellen Burstyn foi nomeada para o Óscar de melhor actriz pela sua interpretação de Sara, uma mulher viúva, solitária, cuja relação mais próxima é com a sua televisão (e com os programas mais bizarros). Todas as personagens que interessam neste filme são consumidas por algum vício – chocolate, televisão, comprimidos de dieta, heroína. São imagens fortes, de obsessão autodestrutiva, em ilusão e degradação constante, de gente como Sara, o filho (Jared Leto), a sua namorada (Jennifer Connelly) ou o dealer (Marlon Wayans). PÚBLICO
Críticas dos leitores
Quando um sonho se torna pesadelo
Ricardo Pereira
Os anos passam e a temática das drogas no cinema continua a ser uma constante. Por vezes, preferiu-se usar a linguagem da imagem para uma função social a fim de desenvolver um retrato moderno do mundo das drogas e daqueles que as usam. Essa prática vem mostrando competência, produzindo filmes, de certa forma documentais, ora com mensagem positivas, ora com uma abordagem chocante, sem intenções de desenvolver uma solução para o problema, mas apenas de apresentá-lo à sociedade de forma objectiva. É nesse contexto que se encontra "Requiem for a Dream" – a segunda longa do pouco conhecido Darren Aronofsky – um filme que traz à tona a influência das drogas e dos “media” na vida e nos sonhos das pessoas, mostrando, de forma interessantíssima, como estes dois factores sociais se encontram cada vez mais intimamente relacionados. "Requiem ..." tem como fio-condutor a trajectória de Harry (Jared Leto), um jovem viciado em drogas que com sua namorada Marion (Jennifer Connelly) e seu amigo Tyrone (Marlon Wayans) sonha ficar rico e realizar seus grandes sonhos – montar uma loja para Marion e ter um belo carro – montando um perigoso esquema de tráfico de drogas. Harry mora com a mãe - Sara Goldfarb (Ellen Burstyn) - uma senhora simpática e conformada com a vida que tem a televisão como o único vício. Quando Sara recebe um convite para participar de seu programa de TV preferido, dedica todo o seu tempo e todas as suas energias para emagrecer e entrar novamente no vestido vermelho de sua juventude. Sem obter sucesso, ela recorre a uma ajuda médica, passando a ingerir anfetaminas – o que acaba, obviamente, deixando-a num estado de saúde deplorável. A partir desse momento, Darren Aronofsky coloca-nos frente a uma situação de completa auto-destruição dos personagens, que se envolvem num labirinto de desejos, esperanças e ilusões. Aronofsky integra esse grupo de cineastas jovens e malvadinhos, estilo David Fincher. Eu não sei bem como explicar, mas a brutalidade e a dor inserida nos seus filmes (“Fight Club” vem à mente) parece mais malabarismo técnico e estético do que exactamente a dor como ela realmente é, ou a dor como forma de transmitir uma mensagem maior, ou seja, para o que ela realmente serve. Aronofsky parece lambuzar-se todo de sangue, gozar de dor e depressão no seu filme, muito embora o resultado seja forte e exija toda a atenção do seu olhar. Divirto-me com os seus filmes, admiro o domínio técnico deles, mas há sempre espaço para cepticismo sobre o verdadeiro significado de todo o sofrimento que eles mostram. Aronofsky, cujo primeiro filme "Pi" (1998), era um exercício kafkaniano, sem muito sentido mas cheio de energia, desta vez encontrou um forte sentido para trabalhar sua estética de pesadelo. E é sempre bom ver um director que controla totalmente as suas imagens, a sua visão. Mas o grande massacre de “Requiem for a Dream” ao espectador acontece nos seus cinco minutos finais, quando literalmente os seus personagens chegam a um lugar irreversível, com destinos cruéis, com os quais nem o mais pessimista dos seres racionais desse mundo sonharia durante o calmo início do filme. O espectador vê um show que o deixa pálido, chocado, comprimido, e pior de tudo sabendo que aquele pode ser o seu destino, que é algo presente no mundo e não apenas algo de sobrenatural.
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