2 estrelas
JOSÉ MIGUEL COSTA
Olivier Assayas, após o magnifico filme "As Nuvens de Sils Maria" (2014), volta a diversificar (de recordar que anteriormente havia abarcado múltiplos géneros cinematográficos em "Irma Vip", "Horas de Verão", "Carlos" e "Depois de Maio" - menciono apenas a sua obra mais recente, aquela que visionei), pelo que, desta vez, surge nos ecrãs com "Personal Shopper", uma mescla entre filme de terror com fantasmas e triller policial psicológico que tem por base uma crónica de usos e costumes (em modo de "cinema de autor", que resulta numa espécie de fantasia realista). Todavia, este hibridismo, que poderia ser interessante, acaba por culminar em algo ambiguo/indefinido e sem identidade, por nunca se comprometer por completo com nenhum dos "géneros em disputa"(possivelmente, na tentativa falhada de gerar um produto idiossincrático). <br /> <br />Junte-se-lhe uma narrativa lenta (e aborrecida - o recurso à troca de sms durante durante 20 minutos é uma solução estilistica monótona e redutora) , demasiado fragmentada e sem rumo, que tenta infrutiferamente jogar com o subconsciente, sem que efectivamente, consiga acertar num tom certo para gerir a história que oscila entre o hiper-materialismo da moda versus universo metafísico (acabando esta ténue coabitação entre o realismo e irreal, com atmosferas diametralmente opostas, por originar uma pelicula pouco sólida e incongruente - facto que é inteligentemente disfarçado com um abstracto final em aberto). <br /> <br />A boia de salvação de Personal Shopper acaba por ser Kristen Stewart (sim, essa da saga dos vampiros "Twilight"), que na sua segunda colaboração com o realizador, carrega o filme às costas, brindando-nos com uma actuação de luxo, ao interpretar o papel de uma médium americana, a residir temporariamente em Paris com o objectivo de estabelecer contacto metafísico com o irmão que aí morreu, e que para subsistir economicamente trabalha como assistente particular de moda de uma intratável modelo.
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