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O Pub The Old Oak

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Drama 127 min 2023 M/14 16/11/2023 GB, BEL, FRA

Título Original

Sinopse

A vida tornou-se difícil para os habitantes de Durham, uma pequena comunidade do nordeste de Inglaterra, desde que a mina que empregava grande parte da população foi encerrada. As pessoas, que em tempos viviam desafogadamente, debatem-se agora com a pobreza, o isolamento e a total falta de perspectivas de futuro.

É neste contexto que o Governo resolve enviar para ali um grupo de refugiados sírios fugidos da guerra. Isso vai desagradar a alguns dos locais que, dominados pela frustração das suas vidas, pelo preconceito e pelo medo do desconhecido, os olham de soslaio e os querem expulsar.

Caberá a TJ Ballantyne (Dave Turner), o dono do único pub a resistir à crise económica que afectou todo o comércio da zona, uma missão difícil mas extraordinariamente importante: abrir o coração de todos e criar pontes entre eles.

Co-produção entre Grã Bretanha, França e Bélgica, um filme dramático realizado pelo multipremiado realizador quase Ken Loach, já com 87 anos, e escrito por Paul Laverty – colaborador de Loach em vários outros filmes, entre eles A Canção de Carla (1996), O Meu Nome é Joe (1998), Bread and Roses (2000), Sweet Sixteen (2002), Ae Fond Kiss... (2004), Brisa de Mudança (2006), Neste Mundo Livre... (2007), O Meu Amigo Eric (2009), Route Irish - A Outra Verdade (2010), A Parte dos Anjos (2012), O Salão de Jimmy (2014), Eu, Daniel Blake (2016) e Passámos Por Cá (2019). PÚBLICO

Críticas Ípsilon

O Pub The Old Oak: Ken Loach entre o combate e a depressão

Luís Miguel Oliveira

Ken Loach volta a juntar cinema e combate político, mas falta ânimo a um e a outro.

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Críticas dos leitores

Quando o cinema é a vida

Fernando Bento Ribeiro

Obra maior porque confundível com uma declaração política e facilmente criticada e vilipendiada pela "crítica ". O problema é que a verdade e a simplicidade das coisas já não são aceites.

Parafraseando o filme, é preciso ter fé para ter esperança. Neste caso para acreditar que o cinema ainda é possível.

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O pub The Old Oak

Fernando Oliveira

O Mundo mudou, mas Ken Loach não. Os amanhãs já são ontem e as canções nunca foram cantadas. Mas o realizador, quase com noventa anos, continua a ser um cineasta político, mas que já aceitou a crise das ideologias.

Os seus dramas sobre pessoas que apenas sobrevivem o melhor que podem numa vida que não os tratou nada bem, pessoas que tinham ambições, que sonhavam e tinham desejos, e que foram engolidos pela pobreza, são sempre um olhar realista e justo.

São olhares indignados com a devastação social mas que procura na intimidade de cada um dos seus personagens uma possibilidade, uma esperança (mas muitas vezes “é a esperança que causa tanta dor"), é nas mais simples relações que se revela o ideário socialista do realizador. O realizador sabe que já não há lugar para as utopias e os seus filmes são por isso um lamento absolutamente comovente.

“O pub The Old Oak” começa com uma sequência de fotografias tiradas de um autocarro que chega a uma vila no norte de Inglaterra; percebemos nessas fotografias a hostilidade com que os locais recebem quem chega.

Outrora uma próspera vila mineira está agora quase abandonada, e as pessoas vivem com enormes dificuldades; quem chega são refugiados sírios, vão ser realojados nalgumas das casas vazias da vila.

Os locais revoltam-se contra os novos vizinhos, Loach olha agora para a classe trabalhadora inglesa com um olhar mais duro: o preconceito e o racismo, o “envenenamento” pelas redes sociais, culparem os outros, quem é diferente.

Mas a partir do encontro de Yara (a jovem síria que tira as fotografia) e TJ (o dono do pub que nomeia o filme), o filme inicia um movimento de encontro entre uns e outros, de envolvimento cultural. Retomar os almoços comunitários dos tempos de confrontos laborais nas minas (“When you eat together, you stick together”), agora entre os locais e os refugiados de guerra, além da partilha da comida cria uma aproximação, um envolvimento, a que apenas alguns resistem.

A amizade entre aquelas duas pessoas destroçadas pela vida mas com um grande coração desagua num final lindíssimo que nos leva às lágrimas. Como uma actriz espantosa, Ebla Mari, e este é o seu primeiro e único filme, “O pub The Old Oak” é, se calhar, um filme que muita gente achará ingénuo, e, se calhar, só pessoas “de esquerda” podem gostar. Tenho pena, é um dos filmes mais bonitos do ano passado (e lembrei-me de Capra). "Shakran" Ken, Ebla, Dave e Claire. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot,com")

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O bom filme "político" que é muito mais do que um filme "político".

Pedro J. Pereira

Ken Loach é porventura um dos realizadores com maior consciência política e utiliza os seus filmes para trazer esses temas e lançar a reflexão junto do público. O seu filme mais recente não sendo estritamente um filme político traz-nos na verdade muitas das questões mais prementes dos nossos tempos.

Desde logo o impacto da "desindustrialização" neoliberal nos países ditos desenvolvidos e muito em particular nas pequenas comunidades operárias/rurais. Um impacto pouco menos que devastador como o filme tão primordialmente explora. Depois como as populações "esquecidas" pelo poder político são tão facilmente orientadas para direcionar a sua frustração contra aqueles que são também eles vítimas da exploração dos grandes interesses geo-estratégicos globais: os emigrantes e neste caso em particular os refugiados da guerra da Síria.

No fundo é um excelente retrato de uma Inglaterra (e poderíamos dizer Europa) "esquecida" cujo ressentimento das populações pela forma como foram "abandonas" facilmente se torna em combustível para a ascensão da extrema-direita... sempre perversamente hábil em destilar ódio contra os "bodes de expiatório" ideais. Mas este filme é muito mais do que tudo isso. A ver, claro. No Porto, como não podia deixar de ser, no mítico Cinema Trindade.

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The Old Oak Pub - entre a decadência e o recomeço

Dulce Goncalves

Não é um filme brilhante, aliás aproxima-se, em incontáveis momentos, do documentário, relatando o confronto com a miséria e a alteridade. Levanta questões importantes de refletir no contexto atual e apela à sensibilidade do espectador para a humanidade que nos define para além das diferenças. Merece ter a sala cheia, mas não granjeia palmas no final. Mas é importante para nos tirar da nossa zona de conforto…

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4 estrelas

José Miguel Costa

O genial realizador vermelho, Ken Loach, apesar dos seus 87 anos, continua "aí para as curvas",'tal como comprova o seu mais recente filme, "O Pub The Old Oak". Fiel a si próprio, Ken Loach é sinónimo de realismo britânico (ou não fosse ele um dos pais desta corrente cinematográfica), pelo que, obviamente, esta obra não poderia fugir à regra, colocando, pela "enésima vez", a nu o sofrimento das esquecidas classes baixas/operárias, vítimas de injustas políticas neoliberais, que progressivamente destruíram o sector económico secundário de inúmeras regiões de Inglaterra (sem que o Estado Social as salvaguardasse através da implementação de medidas de cariz político-sociais adequadas).

Todavia, desta feita, optou por uma abordagem menos negativa das temáticas (roçando, inclusive, em alguns momentos, a fronteira da pieguice), brindando-nos com uma (quase) parábola impregnada de Humanismo (como que cedendo à "Esperança", naquele que poderá ser o seu derradeiro filme). A acção decorre em 2016, numa pequena vila ex-mineira do norte de Inglaterra degradada e economicamente deprimida, e tem por centro nevrálgico o pub "Old Oak", único espaço público no qual a comunidade continua a poder reunir-se para carpir as mágoas. A sua população, sem perspectivas de futuro, reage com desconfiança e animosidade ao realojamento de refugiados sírios, colocando a descoberto o racismo sistémico e a proliferação de infundados receios culturais de génese populista.

O pacato dono do espaço comercial afigura-se como o único interessado em apaziguar os ânimos e servir de ponte entre as duas comunidades vulneráveis (pobres contra pobres, o elo dourado da extrema-direita). Irá ter sucesso nos esforços de implementação de condutas comportamentais mais empáticas e solidárias?

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