A Romancista e o Seu Filme

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Drama 92 min 2022 M/12 14/09/2023 Coreia do Sul

Título Original

Sinopse

Kim Junhee é uma romancista que se encontra fora de Seul para visitar uma amiga de longa data. Durante um passeio, as duas cruzam-se casualmente com Byungsoo, um realizador seu conhecido e, mais tarde, com Kilsoo, uma actriz reformada. Esses encontros casuais dão-lhe uma ideia para um novo projecto que a pode salvar da crise de inspiração em que se encontra: transformar um dos seus livros em filme.

Depois de "Noite e Dia" (2008), “O Dia em Que Ele Chega” (2011), "Noutro País" (2012), “Sítio Certo, História Errada” (2015), "O Dia Seguinte" (2017), “A Mulher Que Fugiu” (2020), “Apresentação” (Urso de Ouro em Berlim em 2021) ou “Perante o Teu Rosto” (2021), o realizador sul-coreano Hong Sang-soo regressa com este drama, que lhe valeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim. As actuações cabem a Lee Hye-young, Kim Min-hee e Seo Young-hwa. PÚBLICO

 

Críticas dos leitores

A romancista e o seu filme

Fernando Oliveira

Os filmes de Hong Sangsoo são como espelhos distribuídos aleatoriamente numa sala onde em cada um vemos reflexos dos outros. Não são filmes quase iguais, são filmes em que a aparente repetição formal desagua numa imprevisibilidade narrativa que vem da espantosa forma como o realizador filma os seus personagens e a imensidade que consegue tirar deles.

Os seus filmes contam histórias simples em, por aí, duas dezenas de planos, a câmara quase sempre fixa, mas cujo “olhar” para a maneira como os actores se movem e, essencialmente, como falam, a emoção que irradia desse “olhar” tornam os seus filmes e também este “A romancista e o seu filme” num Cinema livre e absolutamente prodigioso.

Também muitas vezes Hong reflecte nos seus filmes sobre o acto de criar (Kwon Hae-hyo a interpretar um realizador é uma personagem recorrente nos seus filmes) e consequentemente sobre o seu trabalho: pequenas equipas, quase sempre os mesmos actores, muito texto, parece tudo muito improvisado.

Quantas vezes parece que os diálogos dos seus filmes parecem ser ditos um pouco ao acaso? Neste filme sobre uma romancista aborrecida com a sua escrita (a espantosa Lee Hye-yeong) e que um dia vai visitar uma amiga que não vê há muito tempo, agora proprietária de uma livraria, e que depois num passeio pelos arredores de Seul encontra primeiro um realizador de Cinema e a sua esposa, e depois uma actriz agora retirada, a quem convida para protagonizar um filme que quer realizar. É uma história sobre uma mulher que já não sente ânimo para escrever, que pensa que falhou como pessoa, e que anseia outra coisa. Criar será uma contínua insatisfação. Diz a romancista: “só depois de escolher os actores “é que sabe” o que quer contar no filme”, talvez como Hong.

Há cenas que nos confundem: a empregada da livraria que fala linguagem gestual (será também um filme sobre a dificuldade de comunicar, que os outros nos entendam?). E como eles conversam, conversas “regadas” com soju e vinho, conversas que primeiro denunciam o desconforto e a falta de jeito das personagens e que pouco a pouco, com a ajuda da bebida, se vão “abrindo” para nós, sem perder o seu mistério.

E quem é aquela miúda a olhar para dentro do restaurante? E depois o filme dentro do filme: “É quase Primavera”, e o filme até aí com uma fotografia luminosa a P&B, abre-se para a cor num ramo de flores, e este momento torna-se numa declaração de amor de Hong e à sua companheira Kim Min-hee, também actriz (e a actriz) no filme.

Um dos momentos mais bonitos em todos os filmes de Hong, num filme lindíssimo. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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2 estrelas

José Miguel Costa

O realizador sul-coreano Hong Sang-Soo é um dos meus ódios de estimação, não suporto quase nenhum dos seus filmes (inclusivé, dois deles já me levaram ao abandono da sala de cinema).

No entanto, qual masoquista, volto sempre ao "local" onde não fui feliz de cada vez que o dito cujo estreia uma nova obra (e o pior é que ele se revela bastante produtivo), para tentar ver se ele me "entra" (salvo seja!), pois chego a questionar-me se não terei um qualquer handicap intelectual, já que a generalidade da critica especializada endeusa-o.

Deste modo, lá fui visionar "A Romancista e o Seu Filme" (que arrebanhou o Urso de Prata no Festival de Berlim ��), tendo-me mantido sentadinho até ao final da sessão, e eis que... obviamente, não gostei! A sua cinematografia ultra-minimalista, despojada de quaisquer aparatos técnicos (e, geralmente, fazendo uso de uma magnifica fotografia a preto e branco muito contrastada), por norma (e resumindo-a de uma forma algo simplista), cola "meia dúzia" de longos planos-sequência captados por uma câmara estática (com esporádicos zooms e um ou outro reenquadramento por breves segundos), articulados cronologicamente, nos quais os personagens que os "povoam" conversam (com a rigidez comportamental que caracteriza os orientais) sobre assuntos de circunstância despretensiosos que "não interessam nem ao menino jesus", invarialmente sentados face to face junto a uma mesa.

Para não estranharmos, volta a adoptar o seu "método" idiossincrático nesta obra que conta a história (se é que assim podemos chamá-la) de uma inconveniente velha escritora, a contas com uma crise de inspiração, que após visitar uma ex-amiga que não contactava há vários anos, aquando da sua viagem de retorno a casa cruza-se casualmente com três figuras (duas delas suas conhecidas), sendo que fruto da interacção social daí resultante decide produzir a sua primeira curta-metragem.

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