Viver Mal
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas dos leitores
A comédia dos enganados
Laura
Não sei se é inferior ou comparável a "Mal Viver", mas tem uma energia positiva que perdura e que parece conjugar-se na perfeição com o estilo de João Canijo. Um certo ar de telenovela (ou pelo menos a ambiência e as personagens) reforçam a farsa. As personagens over the top são as melhores, com Leonor Silveira a sobressair grandemente enquanto que Beatriz Batarda tropeça nos próprios pés. As personagens femininas mais jovens estão muito bem defendidas, mas os homens são, num todo, amorfos e insignificantes, servindo acima de tudo de muleta às mulheres. Ainda assim, um filme de visionamento obrigatório.
Hilariante
Lucas
Muito embora seja um filme desconjuntado e, percebe-se bem, feito das sobras de "Mal Viver", este filme beneficia pelo humor negro e pelo desempenho de Leonor Silveira no auge dos seus poderes, enquanto que o tom novelesco dos restantes autores acaba por levar o filme acidentalmente para um registo bastante delicado de sátira. De destacar também o desempenho da "outra" Leonor, a jovem Vasconcelos, que se revela aqui uma actriz com todo o substrato.
4 estrelas
José Miguel Costa
João Canijo, (provavelmente) o meu realizador luso de eleição (e para reforçar tal convicção basta recordar as obras memoráveis com que já nos brindou - "Ganhar a vida", "Noite Escura", "Mal Nascida", "Sangue do Meu Sangue" e "Fátima"), regressa aos grandes ecrãs com um estrondoso díptico (em estreia em simultânea), "Viver Mal" e "Mal Viver" (este último vencedor do Prémio do Júri no Festival de Berlm). Como é seu apanágio, volta a cingir-se quase exclusivamente ao universo feminino, recorrendo para o efeito às suas eternas actrizes-fetiche, Rita Blanco, Anabela Moreira (divinal!) e Cleia Almeida (às quais se juntam Beatriz Batarda, Leonor Silveira e Madalena Almeida - e para "destoar" o Nuno Lopes -, com performances naturalistas de "comer e chorar por mais"). No entanto, parece "renegar" algumas das características base que têm feito parte do seu ADN, nomeadamente as histórias impregnadas de realismo social e o recurso ao Kitsch, optando, ao invés, por uma narrativa "sofisticada" coadjuvada por uma filmagem "formal" (assente sobretudo em magnificos grandes planos fixos geométricos, captados a "régua e esquadro") e uma fotografia com contrastes de luz "encher o olho" (da responsabilidade da Leonor Teles). A acção dos dois filmes, que decorre num periodo de tempo limitado (um fim de semana), está confinada ao espaço hermético de um pequeno hotel (dotado de um glamour decadente, consequência de dificuldades financeiras), sito algures no litoral norte de Portugal, gerido por duas gerações de (amarguradas) mulheres da mesma família (em constante conflito, induzido pelo comportamento maldoso/sádico da matriarca). Apesar de fazerem caminho separadamente, ambos (marcadamente melodramáticos e povoados por um batalhão de mães venenosas, egoistas e opressoras) funcionam em espelho, uma vez que a acção principal de um deles é o plano secundário do outro, e vice-versa (numa lógica de campo/contra-campo). Ou seja, iremos ser confrontados com cenas entrelaçadas (repetidas) de um mesmo evento para que tenhamos as diferentes perspectivas dos múltiplos intervenientes. Deste modo, em "Mal Viver" seguiremos as interações relacionais das proprietárias do hotel, tendo os hóspedes como sombras de fundo (literalmente); enquanto que em "Viver Mal" estes últimos passarão à condição de actores principais e as anteriores protagonistas serão meras figurantes.
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