Verdades Difíceis
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Elenco
Sinopse
Pansy Deacon é uma mulher de meia-idade que parece estar sempre em conflito com o mundo. Vive em Londres ao lado de Curtley, o marido, e o filho Moses, que tentam lidar, com paciência e resignação, com a sua amargura e temperamento explosivo. A única pessoa que a compreende verdadeiramente é Chantelle, a irmã mais nova, uma mãe solteira de espírito alegre e conciliador. E à medida que se aproxima o aniversário da morte da mãe de ambas, as tensões intensificam-se, reabrindo feridas que todos julgavam saradas.
Um drama contido e comovente sobre a força dos laços familiares, realizado pelo veterano Mike Leigh ("A Vida é Doce", “Naked - Nu”, "Segredos e Mentiras", "Topsy Turvy", “Tudo ou Nada”, "Vera Drake", “Mr. Turner”), e interpretado por Marianne Jean-Baptiste, David Webber, Tuwaine Barrett e Michele Austin.
Estreado no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), “Verdades Difíceis” foi considerado um dos 10 melhores filmes independentes de 2024 pelo National Board of Review.
Pela sua interpretação de Pansy, Marianne Jean-Baptiste foi nomeada para Melhor Actriz nos BAFTA, Critics' Choice Awards e Gotham Awards, tendo vencido os prémios da mesma categoria atribuídos pela NYFCC, LAFCA e NSFC — tornando-se a primeira mulher negra a vencer os três principais prémios da crítica norte-americana. PÚBLICO
Críticas dos leitores
Verdades Difíceis
Mário Ferreira
Mike Leigh tira-nos o fôlego neste filme com uma interpretação brilhante, onde os silêncios fazem respirar a narrativa de uma vida comum, a vida de cada um de nós. Aprendamos a respeitar cada um, evitando julgamentos que mais não são do que fogueiras inquisitórias, fruto da ignorância colectiva. Os universos individuais são demasiado complexos, não se coadunando com visões simplistas e umbilicais. Esta é uma crua visão da vida desesperançada e sem sentido de grande parte do ocidente. Olhar de frente para nós mesmos será sempre um exercício doloroso. O Cinema ainda continua a ser a melhor lente para se observar a vida.
O filme das nossas vidas
Luís Gomes
Há filmes que desenham com bastante definição o espírito dos tempos. O cinema traz porém esta qualidade documental: apresentar uma perspectiva estética e literária em cima dos acontecimentos. O que seria o "Ben-Hur" filmado no século I ou o E Tudo o Vento Levou no XIX? Seria outra coisa, claro. Aqueles são fenómenos vistos de forma retroactivos. Leigh relata o drama quase em tempo real. Todos somos Patsy em escalas diferentes, mas continuas. Grande interpretação da protagonista. Fiquei siderado. Leigh deve ter pedido aos atores para improvisarem e conseguiu captar a angústia no seu estado de sublimação. Um registo obrigatório para entender o Ocidente, hoje. Os ocidentais tem esta capacidade chamada teatro, ou seja, discutirem simbolicamente a polis num palco. Hossana nas alturas e aos homens como Mike Leigh.
2 estrelas
José Miguel Costa
O mestre octagenário Mike Leigh (um dos meus realizadores de culto), progenitor do realismo social inglês (a par de Ken Loach), está de volta aos grandes ecrãs, após 10 anos de interregno, com "Verdades Difíceis", um intimista drama trágico-cómico sobre a perseverança dos laços familiares independentemente das mais diversas vicissitudes que os coloquem à prova. No entanto, e ao arrepio da generalidade da critica cinéfila especializada, esta obra não me arrebatou, possívelmente, devido à quase ausência da costumeira critica social acutilante, bem como por não sentir verdade nos seus personagens algo estereotipados (apesar de reconhecer a poderosa performance da protagonista, Marianne Jean-Baptiste). A história centra-se numa insuportável e amargurada dona de casa de meia-idade de ascendência caribenha, casada com um canalizador e mãe de um jovem adulto amorfo e sem qualquer ocupação (entre os quais não existe qualquer dinâmica comunicacional), mergulhada numa espiral de negatividade patológica que a impele a guerrear ininterruptamente (e sem quisquer filtros) com tudo e todos sobre o "nada" (conduta comportamental que a empurra para um isolamento total, inclusivé do circulo familiar). A única pessoa que a tolera e/ou tenta compreendê-la é a sua irmã (cuja personalidade se encontra nos antipodas), por simples "dever de sangue" e por ter conhecimento de um evento de vida passado traumático (alegadamente relacionado com a sua mãe, tendo em conta as vagas pistas plantadas pelo realizador) que a transformou neste amargurado ser odiado/odioso. A narrativa minimalista que, grosso modo, se limita a uma espécie de "vira o disco e toca o mesmo", não apresenta evolução significativa, resumindo-se quase exclusivamente à explanação cumulativa de uma sucessão de explosões emocionais da dita cuja (o que acaba por cansar-nos), algumas das quais tão ridículas que inadvertidamente (digo eu) nos provocam o riso (retirando intensidade dramática ao filme).
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