X-Men
David Martins
<p>Vou iniciar este texto mencionando um pormenor que provavelmente deixou bastantes espectadores confusos com algumas cenas conflituosas com cenas dos anteriores filmes dos X-Men. O espectador contemporâneo já está familiar com os conceitos de sequela, "prequela", "remake", "reboot, etc. Este "X-Men First Class" é uma prequela de "X-Men" (2000), "X2" (2003), "X-Men: The Last Stand" (2006) e no entanto contraria factos que aprendemos nesses filmes. A palavra de ordem aqui é "retcon", retroactive continuity (continuidade retroactiva), um conceito mais familiar para os fãs de banda desenhada e literatura (apesar de este recurso também ser utilizado em telenovelas, séries de TV, etc. (...)<br /><br />Os X-Men regressam ao grande ecrã num filme carregado de "estilo", mas ao contrário de muito produto cinematográfico que anda por ai, o estilo não é somente superficial. (...) Um elenco acertadíssimo de que se destaca Michael Fassbender, que dá um show como Erik Lensherr, o poderoso mas inseguro e jovem Magneto - e que segundo vejo pela Net deixa mulheres (e homens) a suspirar! A dupla de Fassbender com James McAvoy como o telepata Charles Xavier funciona perfeitamente, retratando uma credível e intensa amizade entre dois homens (bromance, como se diz agora) que são o arquétipo de duas ideologias distintas, divididos entre a dominação total (Magneto, criado num campo de concentração, depois da guerra dedicou-se a caçar os fugitivos Nazis) e a pacifica convivência com a espécie humana (Xavier, um jovem professor de genética que teve uma vida desafogada até ao momento). Os X-Men e os outros mutantes são uma minoria, receada e perseguida pela maioria "normal" e com poder; e por esse motivo sempre foi possível fazer várias leituras e paralelos com problemas do mundo real, da luta das mais diversas minorias contra a discriminação ou extermínio (negros, homossexuais, etc). Esses aspectos já tinham sido bem retratados nos filmes anteriores, e neste é possível ver a génese do acossamento aos mutantes. Ninguém é inocente.<br /><br />Além da amizade entre Xavier e Magneto, a película - ambientada nos anos 60, em plena crise dos mísseis de Cuba -, também ilustra a criação da primeira equipa de X-Men, um grupo de jovens mutantes desajustados (...) Xavier e Magneto vão liderá-los e treiná-los para parar o grupo de terroristas mutantes Clube do Inferno (Hellfire Club, aqui com a telepata Emma Frost), liderados por Sebastion Shaw (Kevin Bacon, à vontade como um vilão megalómano), e evitar que estes despoletem a Terceira Guerra Mundial, manipulando as forças americanas e soviéticas. (...) Além dos cameos e referências aos filmes posteriores, da realização segura de dinâmica de Matthew Vaughn (Stardust, Kick-Ass) outros pormenores deliciosos são a portentosa banda sonora criada por Henry Jackman, e as elegantes direcções de arte e departamento de guarda-roupa, que recriam o ambiente dos anos 60, sem os excessos visuais vistos noutras produções. Os efeitos especiais também estão bastante bem conseguidos. (...) <br /><br />Vou terminar recomendando este belo blockbuster, tanto a novatos como veteranos da saga cinematográfica e da banda desenhada, que vão apreciar todas as "private jokes". Eu mal posso esperar que o DVD saia à venda! E que venha a sequela (desta prequela)!</p>
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