//

Uma Vida Inacabada

Votos do leitores
média de votos
Votos do leitores
média de votos
Drama 107 min 2004 M/12 01/12/2005 EUA

Título Original

An Unfinished Life

Sinopse

Einer (Robert Redford) e o seu capataz e amigo Mitch (Morgan Freeman) vivem e trabalham juntos há 40 anos no rancho de Einer, seguindo as suas próprias regras. Até ao dia em que são surpreendidos por Jean, a nora de Einer, que está a tentar fugir do passado. Einer e Mitch têm então de descobrir uma forma de se adaptar à nova vivência, ao mesmo tempo que terão de aprender a ultrapassar a dor de perder alguém. <p/>PUBLICO.PT

Críticas dos leitores

A nora pródiga com um ex-sogro do pior

Gonçalo Sá - http://gonn1000.blogspot.com e http://cine7.blogspot.com

Conhecido sobretudo pelos seus filmes mais académicos e politicamente correctos, como o pouco estimulante "As Regras da Casa" ou o francamente dispensável "Chocolate", que mais não são do que (sub)produtos saídos da linha de montagem de (suposto) prestígio da Miramax, o sueco Lasse Hallström ameaçava, à custa dessas obras mais recentes, atirar o sua cinematografia para uma absoluta indistinção, limitando-se a seguir lugares comuns e a apostar em sentimentalismos fáceis. Contudo, em alguns títulos da fase inicial da sua carreira, o realizador chegou a oferecer motivos que o tornassem num nome a seguir, de que é exemplo o discreto e comovente drama "Gilbert Grape", onde uns principiantes Johnny Depp e Juliette Lewis encarnavam personagens tridimensionais e um surpreendente Leonardo DiCaprio apresentava um dos seus desempenhos mais conseguidos (e, curiosamente, um dos menos mediáticos).<BR/><BR/>"Uma Vida Inacabada" ("An Unfinished Life"), a sua nova proposta, recupera alguma da genuína e envolvente vibração emocional desse filme, contando uma história simples, mas consistente, assentando em personagens bem esculpidas, situações credíveis e numa subtil reflexão acerca dos laços familiares e da solidão, vincada por conflitos interiores, memórias amargas e tentativas de redenção.<BR/><BR/>A película segue os novos rumos de Jean, que após ter sido alvo de violência doméstica por parte do seu namorado decide partir com a sua filha para uma pequena localidade rural no Wyoming, pedindo alojamento temporário ao seu ex-sogro, Einar. Todavia, se por um lado Jean evita, pelo menos durante algum tempo, alguns dos seus problemas, logo que se apercebe que, ao chegar à sua nova casa, terá de lidar com muitos outros, que de resto se encontravam acumulados há já vários anos.<BR/><BR/>Hallström debruça-se aqui, mais uma vez, sobre as contrariedades e ambivalências das relações humanas, mas ao contrário do que ocorreu em nos seus últimos trabalhos consegue um resultado equilibrado e sensato, e embora algumas questões sejam abordadas e resolvidas de forma algo leve "Uma Vida Inacabada" possui uma série de momentos com uma forte carga dramática, mergulhando no âmago das suas personagens e gerando conflitos emocionais interessantes. É certo que formalmente o filme não traz nada de novo, apostando numa narrativa convencional e num trabalho de câmara correcto e sóbrio, mas sem grande criatividade.<BR/><BR/>Hallström revela-se mais convincente através da inatacável direcção de actores, pois as interpretações de Morgan Freeman e, sobretudo, de Robert Redford (uma das melhores do ano) fazem com que "Uma Vida Inacabada" seja quase sempre estimulante, possuindo personagens de carne e osso, bem escritas e melhor encarnadas. Até Jennifer Lopez, cujos méritos como actriz são algo duvidosos, é capaz de atingir um nível competente, e a pequena Becca Gardner é mais uma jovem promessa a confirmar. Saliente-se ainda a solidez dos secundários, onde constam presenças seguras como Josh Lucas (que já merecia um papel de maior escala) ou Camryn Manheim.<BR/><BR/>Sereno e contemplativo, "Uma Vida Inacabada" não é uma obra de génio mas também não é essa a sua pretensão, e se não torna Hallström num realizador especialmente inspirado é suficiente para o colocar entre os nomes a ter em conta no futuro, uma vez que este é um belo olhar sobre personagens desencantadas e entregues a si mesmas que, aos poucos, constroem a família possível (as plácidas paisagens do interior norte-americano, que não chegam muito ao outro lado do oceano, também ajudam). "Duas Vidas e Um Rio", do próprio Redford, ou "Uma Canção de Amor", de Shainee Gabel (outro dos filmes mais injustamente ignorados de 2005), são referências próximas, mas não impedem "Uma Vida Inacabada" de ocupar um espaço singular que vale a pena descobrir e partilhar. 3,5/5 - Bom.
Continuar a ler

Feridas do coração

Helena F.

"Uma Vida Inacabada", que estreou esta quinta-feira nos cinemas portugueses, é o último filme do realizador sueco Lasse Hallström que nos trouxe obras emocionalmente tão fortes como "The Cider House Rules" ou "The Shipping News". Mais uma vez, esta obra centra-se em pessoas comuns com problemas e segredos e nas problemáticas das suas relações, tendo grande importância o espaço onde se movimentam. Tal como nas mais emblemáticas obras anteriores de Lasse Hallström, a acção tem lugar num espaço algo isolado, em comunidades pequenas. O trio protagonista é composto por dois actores com provas dadas no cinema ao longo de décadas: Robert Redford e Morgan Freeman, e ainda por uma actriz cujas capacidades são constantemente postas em causa: Jennifer Lopez.<BR/><BR/>Redford encarna Einer, um cowboy que vive no seu rancho no Wyoming com Mitch, o seu camarada de trabalhos de longa data (Morgan Freeman), de quem trata depois de este ter sido atacado por um urso. Lopez é Jean, uma mãe solteira que foge com a filha (Becca Gardner) do namorado que a maltratava, vindo-se refugiar na casa de Einer, pai do seu falecido marido, que a culpa pela morte prematura do filho.<BR/><BR/>Se por um lado o filme não apresenta nada de especialmente inovador, Hallström consegue construir uma narrativa coesa com confissões surpreendentes e momentos dramáticos muito bem conseguidos. O carisma de Redford e Freeman ajuda bastante ao sucesso do filme enquanto retrato de vidas atribuladas, com as suas mágoas e ressurgimentoss, fazendo deste filme um sólido tratado sobre a amizade e, sobretudo, o perdão.<BR/><BR/>Jennifer Lopez deixa contudo algo a desejar. Não a considero uma actriz muito capaz, apesar de reconhecer o seu esforço (os únicos papéis em que gostei de a ver foi em "Selena" e em "Out of Sight"). A jovem Becca Gardner, que interpreta a sua filha, é uma surpresa bem mais agradável. Refiram-se ainda os papéis secundários de Camryn Manheim (quem não se lembra dela na série "Causa Justa"?), Joss Lucas (recentemente visto em "Stealth") e Damien Lewis.<BR/><BR/>Com as belas paisagens do Wyoming a extasiarem o espectador, a película consegue desenvolver as histórias das personagens protagonistas sem se alongar em demasia (o que poderia ter tornado o filme demasiado monótono), explorando em alguns momentos de silenciosa carga emocional a essência do filme. Sem ser uma obra-prima, é um filme muito humano, pautado por um estilo um tanto clássico e que é provavelmente senão a, pelo menos uma das, propostas mais interessantes de entre as estreias desta semana.
Continuar a ler

Envie-nos a sua crítica

Preencha todos os dados

Submissão feita com sucesso!