Fui ver o filme porque sou apreciador de filmes com zombies, e porque o seu bom naipe de actores chamou-me a atenção. <br />Gostei do filme, é um filme que se vê muito bem. Se bem que a história seja simples, o filme traz-nos algumas inovações em relação a anteriores filmes de zombies, os zombies deste filme dizem algumas palavras e quando são atingidos a tiro ou a golpe de machete, não jorram sangue, mas sim uma poeira cinzenta. O filme também tem o mérito em relação a outros filmes de zombies, de explicar-nos o que originou este surto de zombies, bem como algumas originais surpresas que se revelam ao longo do filme. <br />Estamos perante um bom filme de terror/comédia que recomendo sobretudo para quem goste do género. <br />Numa escala de 0 a 20 valores, dou 15 valores a este filme.

Jim Jarmusch é o tipo de realizador que produz obras-primas através da simples extração da poesia inerente às rotinas/”pequenas coisas” mundanas do quotidiano (veja-se, a titulo de exemplo, o magnifico “Paterson” do ido ano de 2016). Como tal, e apesar da sua versatilidade, poderá parecer estranho que na sua mais recente obra ("Os Mortos Não Morrem") enverede pelo género de comédia de terror com zombies (de categoria B, no mínimo). <br /> Confesso que após visionar o trailer, se não soubesse estar perante uma obra deste senhor jamais colocaria os cotos no cinema, mas como Jarmusch nunca deixa de ser Jarmusch, lá fui … <br /> <br />A narrativa básica da eclosão de mortos-vivos (devido à Terra ter saído do seu eixo natural em consequência da exploração excessiva de gás natural nos pólos) é uma autêntica paródia nonsense, que pode ser percepcionada como uma bizarra alegoria à América do Trump. No entanto, revela-se incongruente (carregada de “pontas soltas”), desarticulada (existindo inúmeros núcleos narrativos paralelos sem qualquer desenvolvimento consequente) e com a terrível mania de explicar todas as metáforas (como se fossemos “burrinhos”). <br />Apesar disso, o seu humor, quiçá também pela excelência do elenco (genericamente constituído por habitués – Adam Driver, Tilda Swinton, Bill Murray, Chloë Sevigny, Steve Buscemi, Selena Gomez, Danny Glover, Iggy Pop), é simplesmente delicioso (embora, a partir de determinado momento, algo repetitivo), nomeadamente, as piadas “fora de contexto” e as auto-criticas (maioritariamente cinéfilas – e que poderão não ser “apanhadas” por todos os espectadores) debitadas num quase registo "anti-cómico".

Um filme para ler nas entrelinhas de um humor corrosivo e macabro, se assim se poderá classificar. Gostei mais do que poderia supor.

Os Mortos Não Morrem: 3* <br /> <br />Com uma primeira parte monótona e uma segunda parte menos secante, este é um bom filme para relaxar. <br /> <br />Cumprimentos, Frederico Daniel.