Gostámos muito. Verdadeiro filme de época, muito bem conseguido.

Gostamos muito. Verdadeiro filme de época, muito bem conseguido.

Quando se dá pelo tempo passado no cinema, é mau sinal! E o que me calhou foram quase cinco horas, apenas com um intervalo. Fiquei com a sensação que resolveram não deixar de fora um só diálogo que fosse, santa paciência! Uma adaptação para cinema não é isto... Já para ficar depois em episódios TV, talvez se justifique um pouco mais o detalhe novelístico (mas só 2 episódios???). Ver sugestão abaixo. Por muito belas que sejam as composições, os movimentos de câmara, a montagem, a fotografia, blá blá. São belas, sim senhor. O realizador está de parabéns, os actores também, mas não me façam sofrer. E toda essa beleza vai perder-se na TV generalista, está tudo desencontrado. Recomendo que comprem os BluRays e programem lá em casa uma série de 5 episódios. Assim dará para gostar. Eu, talvez o faça.

O filme apesar da duração de mais de quatro horas é soberbo, pois retrata com grande fidelidade a Lisboa aristocrática de meados de oitocentos, onde o amor, a traição, a intriga, a vingança eram "o pão-nosso de cada dia". É uma visão algo sarcástica de Camilo sobre um estrato social algo decrépito e petulante mas que fazia juz à sua estirpe. Subjacente ao enredo está o drama dos filhos segundos privados dos bens vinculados herdados pelo primogénito eram constrangidos a viver uma vida de (des)amor e de (des)encontro, ou a religião vista como escapatória para os descalabros da vida financeira ou amorosa. Enfim, uma sociedade hermética, puritana e hipócrita tão característica dessa época fundada num moralismo serôdio onde, na penumbra, se vivia no deboche e no devaneio. Valia tudo para obter amor, riqueza, etc. Claro está que quem desafiava o establishement ficaria certamente caído num duelo.. O retrato camiliano da Lisboa oitocentista foi transposto de um modo soberbo para cinema pelo realizador. Estamos de parabéns.

Para os descrentes e, sobretudo, para aqueles cuja única preocupação e passatempo favorito é criticar tudo o que tem matéria portuguesa. Este filme é um marco na cinematografia portuguesa. Aponta para elementos que deviam e devem ser valorizados para se dar um avanço na produção da 7ª arte em Portugal: - Argumento recuperando obras "clássicas": algo que de vez em quando se faz, mas atrozmente. - Filme de época que procura os detalhes e reencena a realidade histórica: fantasticamente bem conseguido nos Mistérios de Lisboa. - Cuidado nos adereços e nos cenários. - Qualidade de som (concedo que pudesse ser melhor, mas supera largamente a qualidade sonora de um bom filme português - o som é um dos nossos calcanhares de Aquiles). - Fotografia sublime. - Narrativa apelativa e cativante. - Actuação de qualidade (claro, tendo em conta que ainda temos um longo caminho pela frente). Os Mistérios de Lisboa são um sucesso nacional e internacional, premiado múltiplas vezes. Sinto-me orgulhoso enquanto português. O filme é magnífico! Recomendo-o vivamente.

Este filme é uma trampa. Se bem que é possível que resulte menos mal em formato de série. De qualquer modo, não critico o filme pela ideia, muito complicada, de se adaptar um produto feito para um formato para as salas de cinema (4 horas e meia é muito tempo). A planificação é assustadora! Não é por se fazer planos com grua que o filme fica bom - há cenas inteiras apenas filmadas em plano geral (não se faz um grande plano da cara do puto quando ele vai conhecer a mãe???). É verdade que a imagem do filme é bestial na forma como tira proveito da grandiosidade e da beleza dos decors...Mas de que é que isso interessa se não se trabalhar para a narrativa? Nada. E o filme torna-se algo mais parecido com teatro filmado. Também não achei nada subtil a forma como o "Come-facas" arrota (são demasiadas vezes mesmo). É mesmo de péssimo gosto. Parabéns ao Director de Fotografia... mas não salva o filme.

Vi este filme esta semana no BFI, (British Film Festival). Para mim é um dos melhore filmes que vi em língua portuguesa e o melhor deste ano, pelo menos daqueles que vi. A interpretação nem parece portuguesa, a fazer lembrar outros tempos do Cinema Português. A realização é simplesmente extraordinária e o argumento é, sem qualquer dúvida, uma citação fiel das emoções literárias de Camilo Castelo Branco. Não é por acaso que o produtor Paulo Branco rasgou largos sorrisos a este filme e a Raúl Ruiz, se fosse eu também estaria felicíssimo. Um filme cinco estrelas e imperdível.

Raoul Ruiz assina a direcção de uma co-produção portuguesa e francesa de Paulo Branco, adaptando ao cinema a obra de Camilo Castelo Branco "Mistérios de Lisboa". “Mistérios de Lisboa” tem excelentes valores de produção, actores à altura dos seus papéis e um realizador capaz de concretizar a tarefa megalómana a que se propôs. Dito isto só há a acrescentar que o que impede este filme de ser um filme maior é sem dúvida a sua duração com Ruiz a testar a paciência do espectador (ainda que o material apresentado esteja longe de ser medíocre) com uma duração de 4 horas de 26 minutos. O cinema também vive de economia narrativa e "Mistérios de Lisboa" está longe de necessitar de mais de 4h para fazer passar a mensagem do livro de Camilo Castelo Branco sobre a sociedade do século XIX… Adicionalmente, e contrariamente ao expresso pelo realizador numa entrevista no Festival de San Sebastian, o distanciamento da sua câmara não contribui, em nossa opinião, para provocar uma experiencia emocional ao espectador que o faça permanecer colado ao grande ecrã...**

Um filme misterioso e encantador que recomendo a todos!! A realização é magistral, as diversas histórias paralelas absolutamente cativantes e os actores extraordinários! Tinha medo de não aguentar as quatro horas do filme mas nem as vi passar!!