Megalopolis
Título Original
Realizado por
Sinopse
Ver sessõesO projecto custou 120 milhões de dólares, que o próprio Francis Ford Coppola (leia a entrevista do Ípsilon com o realizador) financiou perante as sucessivas rejeições dos estúdios, depois de ter vendido uma parte das suas vinhas. Dura duas horas e 13 minutos (sem os créditos) e desvela-se como um épico: o conflito, numa Nova Iorque destruída, entre Cesar Catilina, um arquitecto individualista, e o corrupto Franklyn Cicero, o presidente da câmara de Nova Iorque. Ambos lutam pela reconstrução da cidade: de um lado, o idealismo e a utopia; do outro, a corrupção.
Não é por acaso que, através dos nomes, a queda de Nova Iorque surge associada à queda do Império Romano. O filme é então uma fábula sobre o narcisismo e a ambição, sobre a vertigem que se apodera do espírito humano.
Apresentado no Festival de Cinema de Cannes (onde Coppola arrecadou a Palma de Ouro de 1979 com Apocalypse Now), Megalopolis conta com elenco de luxo, em que se incluem Adam Driver, Giancarlo Esposito, Dustin Hoffman, Shia LaBeouf, Laurence Fishburne, Jon Voight, Nathalie Emmanuel ou Talia Shire (irmã do realizador). Vasco Câmara, PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Megalopolis, de Francis Ford Coppola: um filme para a eternidade
Cem anos de cinema, séculos de arte, sintetizados num filme que é um gesto torrencial, orgulhosamente irredutível, de amor ao cinema. É uma aldeia gaulesa, um diálogo socrático, uma primeira vez.
Ler maisSessões
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UCI Cinemas - El Corte Inglés, Lisboa
13h15, 18h30 -
Cinema City Campo Pequeno, Lisboa
22h -
Cinema City Alvalade, Lisboa
14h40
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UCI Cinemas - El Corte Inglés, Lisboa
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Críticas dos leitores
Kiss
João correia
Acho que o mote “keep it simple stupid” se aplica também ao cinema. Demasiado pretensioso, demasiado desconexo, demasiado vazio.
Se o objetivo de um filme é despertar emoções, considero (a nível pessoal, obviamente) um fracasso. ("Apocalypse Now" está na minha lista dos melhores de sempre)
Fantasia algo oca dum mestre do cinema
Nazaré
Vale a pena ir ver, pelo espantoso espectáculo de imagens que Coppola preparou e pela presença tão potente dos actores, que ele sabe criar como ninguém. Porém, não passa disso. Na língua inglesa usa-se o termo "self-indulgent", que não é nada elogioso, para caracterizar uma obra como esta, e a atitude do seu criador: a duma complacência com o que lhe vai na gana fazer.
Francis Ford Coppola é um grande mestre, mas para mim não faz nada à altura do seu génio desde Drácula, e já lá vão mais de 30 anos. Os textos — em grande parte os que são magnificamente ditos pelo motorista (Lawrence Fishburne) — até podem ser interessantes, mas é presunçoso esperar que o espectador entenda o seu alcance logo na primeira vez que vê o filme, enquanto se passa tanta outra coisa no ecrã.
E francamente, acho que nem são para serem tomados a sério (embora goste da frase sobre saltar para o desconhecido, repetida pelo protagonista). Quando se despem todas as magníficas roupagens desta fita, só resta uma historieta bem banal, com todos os clichés à Hollywood e com um marcado novaiorquismo. Para quem vê de fora, pode até fazer sono: não vão ver este filme durante a digestão, pois podem adormecer.
Pretensioso, Vazio
Luís Almeida
É uma daquelas casas cheias de tralha, alguma vinda do passado mas sem coerência, sem fio, sem rasgo. Copolla (e os críticos que alinham na pretensão) limitam-se a exibir referências (a tralha), projectando o realizador num César que vê além dos demais, controlando o próprio tempo, o seu tempo.
Se gosta que outros lhe esfreguem o ego na cara, sem réstia de interesse, avance. Se prefere valorizar o seu tempo, fuja do filme.
Prolixo
Martim Carneiro
Prolixo Gongórico, sincopado, desconexo. O cinema encanta pela capacidade de nos raptar por uma boa história. Aqui, isso não é alcançado, pese embora alguns deslumbrantes decors interiores e imagens exteriores de rara beleza, talvez inspiradas no art deco Chrysler Building. Realização de alto nível de FFC, como seria expectável, num filme que provavelmente não figurará na história do cinema.
Megalopolis
Fernando Oliveira
Um desejo e um sonho. O desejo de uma utopia, o sonho de que ela não resvale para a distopia. Um caleidoscópio visual e um delírio narrativo, “Megalopolis” é a obra de um homem, Coppola, que a acredita que as histórias que o Cinema nos conta, a forma como nos são contadas, são sempre maiores que a vida. Coisas diferentes.
Num futuro próximo, numa cidade chamada New Rome, icónica de Nova Iorque, encenam-se os jogos de poder que nos lembram as histórias que nos contam da Roma antiga, a tragicidade do Teatro de Shakespeare e a amálgama mediática do presente numa história em que a crueldade e a bondade dos comportamentos sociais, sentimentais e políticos dos personagens tornam-se grandiosas no magnífico “fogo-de-artifício” criado por Coppola.
Um filme talvez ingénuo, que ainda tem fé no Homem. Que acredita no amor, que com ele tudo se redime. E esta ingenuidade é sublime. É certo que no sonho arquitectónico de Cesar Catilina, na sua “loucura”, nos choques de ideias, lembramos a história de Coppola e a sua relação quase sempre conflituosa com a indústria e, parece-me, consigo e com a sua arte.
Mas a história também encena um “Romeu e Julieta”, ela musa (como definida pela mitologia grega) dele, que foge ao sacrifício e desagua num final em que já ninguém consegue acreditar. Só no Cinema, mas não pode ser o Cinema também uma utopia? Ser um sonho? Há um homem, Cesar, que consegue parar o tempo e que inventou uma matéria que consegue manipular sem limites e que lhe deu o prémio Nobel, que desenha uma cidade utópica que choca com as ideias do Presidente da Câmara, Cicero; há uma cidade à beira do abismo social e de uma catástrofe anunciada, uma cidade orgíaca para os ricos, como Julia a filha de Cicero; ela, que se deixa fascinar por Cesar, torna-se sua colaboradora, depois amante e depois esposa; hão os amores, as traições, as lutas de poder, os sonhos e os pesadelos, o populismo; tudo isto engolido numa imagética e narrativa diluviais que sugam para dentro do filme as memórias de cento e trinta anos de Cinema, golfadas de Conhecimento humano, numa imensa e deslumbrante declaração de amor à arte e à criatividade.
Uma enorme vontade de acreditar no Homem e no seu futuro. Um acto de fé. Uma audácia maravilhosa, imprevisível, uma feeria que nos deixa de boca aberta. “Megalopolis” é um filme essencial. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
(Inclassificável...por enquanto!)
José Miguel Costa
O filme "Megalopolis" (escrito, realizado e produzido pelo octogenário Mestre Francis Ford Coppola) é uma hiperbólica alegoria barroca que aflora, em modo "enxurrada de psicóticos diálogos discursivos", as temáticas da corrupção, dos jogos de poder, da eclosão de populismos políticos e da omnipresente dicotomia conservadorismo versus utopia.
Para transmitir o seu emaranhado de pensamentos/"sentires" soltos faz-se valer de uma caótica mistura de géneros cinematográficos (alguns dos quais questionáveis e teoricamente antagónicos entre si) aparentemente interligados sem coerência estilística, bem como de um grandiloquente aparato visual (que oscila entre a genialidade e a pirosice).
A pouco linear e imprevisível história de cariz épico (narrada em voz off num estilo shakespeariano), que decorre numa decadente Nova Iorque retro-futurista (reencarnação da Roma antiga), tem por base o conflito visceral entre Cesar Catilina (encarnado pelo enigmático Adam Driver), um visionário e idealista arquiteto holistico (capaz de parar o tempo), e o reacionário mayor da cidade (enredado nas negociatas suspeitas dos grandes grupos económicos), decorrente da discórdia sobre a natureza do projecto arquitetónico a implementar numa apetecivel parcela do território.
Perante a idiossincrasia desta obra a critica especializada polarizou-se e consequentemente a adjetivação utilizada pelos dois lados da barricada para defini-la é inversamente oposta (e, igualmentemente, excessiva). Não há "meios-termos". Uns clamam "obra-prima", os outros "desastre total". Quanto a mim, vi-me, em diferentes momentos da projecção, a corroborar as duas visões (bipolaridade?). Na realidade ainda não "desfiz o nó cerebral", pelo que estou longe de concluir se amei ou detestei este delírio cinéfilo. Mas não será este o ingrediente (o desconcertar-nos) para eternizar os grandes filmes?!
Melhor filme sobre o marquês de pombal
Felisberto Mendonça
É magnífico um filme sobre um Marquês de Pombal que tem como objectivo criar uma obra que resolva os problemas da vida de "hoje" e para a posterioridade. Podia ser Nova Iorque como podia ser Lisboa antes em 1755.
Fora isso, este filme é uma verdadeira ode ao cinema e um daqueles que se deseja ver várias vezes no grande ecrã.
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