Todos guardam um terrível segredo. Mas é óbvio que Titta di Girolamo tem mais do que um. Que outra razão teria um homem de 50 anos do Sul de Itália para escolher viver, durante oito anos, num anónimo quarto de hotel, numa anónima cidade da Suíça? Oito anos sem trabalhar. Oito anos de silêncio e cigarros, sentado no bar do hotel. Elegantemente vestido, embora não se permitindo a nenhuma extravagância. Vivendo uma rotina vazia, ele espera que algo de estimulante aconteça. Mas o que irá, afinal, acontecer? Titta observa. Ele parece ter a sua existência completamente controlada. Passivamente, vê a vida passar-lhe pela frente. Não revela nem sentimentos nem emoção. Ou assim parece... A Máfia é ordenada. A Suíça é ordenada. Um hotel é uma coisa ordenada. Titta vive numa espécie de gaiola entre estas três coordenadas. Não pode ser outra coisa senão um homem ordenado. Neste tipo de situações, surge uma desordem: o amor. Mas para alguém esmagado pela ordem, basta haver a possibilidade do amor para que isso seja o suficiente para explodir a gaiola.<p/> Texto: IndieLisboa