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Maria

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Biografia, Drama 124 min 2024 M/12 16/01/2025 EUA, Chile, ITA, ALE

Título Original

Maria Anna Sophie Cecilia Kalogeropoulos, conhecida como Maria Callas (e aqui interpretada por Angelina Jolie), nasceu em Nova Iorque, em 1923, no seio de uma família de imigrantes gregos. Desde cedo revelou um grande talento para o canto, o que a levou a abandonar os EUA, em 1937, para estudar no Conservatório de Atenas com a reconhecida soprano espanhola Elvira de Hidalgo (1891-1980).

Em 1945, regressou aos EUA e, seis anos depois, fez a sua estreia no prestigiado La Scala, em Milão. Com a sua voz poderosa e a sua versatilidade dramática e lírica, tornou-se uma grande diva da ópera e uma das sopranos mais famosas do mundo. Ainda hoje a sua reputação se prende tanto com o desempenho profissional como com o temperamento tempestuoso e volátil. Callas ganhou notoriedade também pela vida pessoal, nomeadamente graças à relação com o milionário grego Aristóteles Onassis (1906-1975)​. Neste filme, a acção situa-se em Setembro de 1977, no seu apartamento de Paris, na última semana da sua vida.

Em competição no Festival de Cinema de Veneza, um drama biográfico escrito por Steven Knight e realizado pelo chileno Pablo Larraín sobre a lendária soprano Maria Callas. Com Maria, Larraín completa uma trilogia dedicada a grandes figuras femininas do século XX, que iniciou em 2017 com Jackie, sobre Jacqueline Onassis, e continuou em 2021 com Spencer, sobre a princesa Diana. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

A última ária em Paris: Maria, o filme de Pablo Larraín sobre Maria Callas

Vasco Câmara

Trabalho de composição de Angelina Jolie, sobre a pose, sobre a dicção, sim, mas também ironia e jeu e distância. E uma construção tumular de Paris, onde Maria Callas morreu em 1977.

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Sessões

Críticas dos leitores

Mixed feelings

Nazaré

Não é fácil decidir sobre o que este filme nos faz sentir. É ao mesmo tempo um biopic e uma fantasia sobre o crepúsculo da vida de Maria Callas, inscrito numa trilogia de Pablo Larraín onde a antecederam um sobre Jacqueline Bouvier e outro sobre Diana Spencer (não os vi).

Já se esperaria um desempenho resplandecente de Angelina Jolie, ela magnetiza-nos o olhar como ninguém, conseguindo aproximar-nos da Callas q.b., apesar das evidentes discrepâncias físicas (incluindo serem dois tipos de magreza totalmente diferentes). As filmagens de Maria que aparecem o final põem as coisas um pouco no lugar, de resto. E conta-se com os momentos musicais retirados de gravações da divina, que emocionam de verdade.

Só que tudo isso é fácil demais, uma vez garantido tal casting. Vejo mais mérito na maneira como os flashbacks nos transportam para diferentes fases do passado — revivências que sem dúvida aquela grande artista poderia fazer da sua tão preenchida e contrastada vida — quer sejam as magníficas cenas a preto e branco (para além da actriz principal, os prémios até agora são principalmente para a fotografia de Edward Lachman) ou as reconstituições em palco.

Também gostei muito da revelação do teatro de ópera como um espectáculo em dois sentidos, onde o artista sente toda aquela atenção centrada em si, e onde a energia do aplauso explode: fica-se a pensar se para os arquitectos destes teatros não era obrigatório conceber o espaço para onde irradiam todos aqueles sons como um segundo palco.

Finalmente, destaco os diálogos, verdadeiramente preciosos. Já se detesta de maneira visceral, mesmo concedendo a vertente de fantasia, esta visão da reclusa, has-been, alucinada, profundamente só, nostálgica, polimedicada e caprichosa Callas. Porque isso, por factual que fosse até certo ponto, não é a Maria do título. É tudo menos revelador, e é perverso.

Quanto à questão da perda de voz, especialmente para os mais apreciadores de ópera, recomendo vivamente a quem queira ler o debate no Talk Classical em https://www.talkclassical.com/threads/investigation-into-the-reason-for-callas-vocal-decline.70053/.

O magnífico canto de cisne na fita, fictício, poderia não ser tão improvável quanto isso. Pablo, que tal ires para a tetralogia e pegares na deixa para a Marilyn? E bem que podes continuar assim pela carreira fora, há muito espaço para tantas outras, apelativas como interessantes: Chavela Vargas, Greta Thunberg (esta também já atingiu o seu crepúsculo, digo eu), Marie Curie, Billie Holiday, Ulrike Meinhof, Hillary Clinton, Simone Biles, Agatha Christie, Mia Martini... a minha wishlist assim de repente.

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4 estrelas

José Miguel Costa

Quando vi de relance a apresentação do filme "Maria" não fiquei propriamente entusiasmado, até perceber que o mesmo é dirigido por um dos meus realizadores de culto, o chileno Pablo Larrain.

"Maria" é um melancólico drama biográfico (que interliga, por vezes, de um modo indefinido, realidade e fantasia) sobre a semana anterior ao falecimento da soprano Maria Callas (encarnada pela Angelina Jolie), em 16 de setembro de 1977.

Uma visão intimista do lado obscuro e da fragilidade psíquica da intratável diva que viveu os últimos dias em reclusão na sua luxuosa "torre de marfim" em Paris (acompanhada exclusivamente pelos criados Ferrucio - Pierfrancesco Favino - e Bruna - Alba Rohrwacher), enfrentando a falência da sua voz (com a consequente perda de estatuto, algo fatal para uma personalidade egocêntrica que adorava ser bajulada) e a dependência de fármacos (indutora de alucinações regulares).

Reconheço que a obra assenta numa narrativa "contemplativa"/pouco visceral e subdesenvolvida (com demasiadas subtramas apenas afloradas). No entanto, tal vicissitude é, de certo modo, atenuada pela engenhosa artimanha estilística adoptada pelo Larrain para inserir fragmentos do passado (servindo-se das alucinações como flasbacks que formam um mosaico de memórias).

Bem como, pela maravilhosa experiência sensorial com que somos brindados, decorrente do seu reconhecido virtuosismo técnico, do luxuoso design de produção e da elegante fotografia (que alterna entre tons suaves para simbolizar a decadência de Callas e os contrastes em preto e branco que exaltam sua grandiosidade passada).

Saliente-se, igualmente, a competente performance da Angelina Jolie (se fingirmos não reparar nas falhas de sincronização labial durante as cenas de "karaoke"), que nos entrega uma representação sensível/controlada, introspectiva e, simultaneamente, impetuosa.

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Nunca é demais recordar Maria Callas!

Martim Carneiro

Vale a pena ir ver esta versão de parte da vida da sublime "soprano absoluta" Maria Callas, de quem se dizia que era Grega, gorda, feia e com pêlos nas pernas. Apesar da acção dispersa no tempo poder suscitar alguma confusão, está é uma abordagem fílmica que marca bem a vida que resvala para a doença e a infelicidade.

Surpreendente e esforçada interpretação de Angelina Jolie, bem caracterizada, e com planos fotográficos e de iluminação de plena beleza. Mordomo, Governanta e Onássis primorosamente representados por Favino, Alba Rohrwacher e Bilginer. Bom cinema em tarde de Inverno!

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