Culpado - Inocente - Monstro
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
Uma história contada sob a perspectiva de três pessoas diferentes: Saori, uma mãe solteira; Minato, filho de Saori; e Hori, o professor dele.
Tudo começa quando Saori vê Minato chegar ferido da escola e parte do princípio de que ele foi vítima de maus tratos do professor Hori. Quando vai à escola tirar satisfações, é tratada com frieza e descrédito pela direcção. A partir daqui, e porque cada um deles se encerra no seu ponto de vista e descarta o dos outros, tudo se desmorona.
Estreado no Festival de Cinema de Cannes, onde foi vencedor nas categorias de melhor argumento e Queer, este drama tem assinatura do aclamado cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, também autor de Ninguém Sabe (2004), Andando (2008), O Meu Maior Desejo (2011), Tal Pai, Tal Filho (2013), A Nossa Irmã Mais Nova (2015), O Terceiro Assassinato (2017), Shoplifters: Uma Família de Pequenos Ladrões (2018) – Palma de Ouro em Cannes e nomeado para o Óscar de melhor filme internacional – e Broker - Intermediários (2022).
Com argumento de Yuji Sakamoto, este drama foi dedicado à memória do músico Ryuichi Sakamoto, responsável pela banda sonora, que faleceu dois meses antes da estreia. Sakura Andō, Eita Nagayama, Sōya Kurokawa, Hinata Hiiragi e Mitsuki Takahata assumem os papéis principais. PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Culpado – Inocente – Monstro: a infância, em três partes
Três tempos, três olhares sobre os mesmos acontecimentos.
Ler maisCríticas dos leitores
O que se passou?
Pedro J. Pereira
Para mim a cinematografia de Hirokazu Kore-eda tem sido sempre sinónimo de filmes arrebatadores e profundos. Nessa medida as minhas expectativas para este filme eram muito altas.
Não tendo sido completamente defraudado a verdade é que foi de todos os filmes que vi deste realizador o que menos me "conquistou". Talvez me tenha perdido algures na complexidade de todo o enredo entrelaçado. Ainda assim a "assinatura" e toque único do realizador "estava lá".
Culpado inocente monstro
Ulda camacho
Uma narrativa difícil de perceber. Fiquei a pensar que as culturas são estanques, não entendi esse universo. Mas como imagem, e o cinema é imagem, é excelente.
4 estrelas
José Miguel Costa
Quem, tal como eu, for fã da cinematografia do japonês Hirozaku Kore-Eda (recordem-se os magnificos "Depois da Tempestade", "Tal Pai, Tal Filho", "Ninguém Sabe", "O Terceiro Assassinato", "Shoplifters" ou "Broker"), saberá que ele é exímio a retratar a infância e as suas contingências (invariavelmente com enorme sensibilidade e sem panfletarismos, mesmo quando aborda temáticas complexas), cruzando realismo com emotivos apontamentos (quase) filosóficos.
O seu novo thriller dramático, “Culpado – Inocente – Monstro” (vencedor do prémio de Melhor Argumento no Festival de Cannes), não foge a estas premissas ao explorar questões inerentes ao bullying, o despertar da sexualidade, o “cancelamento” e a perversidade dos boatos.
A história de um pacato pré-adolescente, órfão de pai, que começa a manifestar aliterações comportamentais em consequência de alegados maus tratos infligidos por um professor, é-nos contada através de um puzzle narrativo repartido em três blocos, que expõe as diferentes perspectivas dos protagonistas (a mãe, o professor e o rapaz) sobre um mesmo acontecimento.
Deste modo, a Verdade apenas irá brotar gradualmente (dando progressivamente "corpo" a um enredo que inicialmente soa algo bizarro e destituído de sentido lógico) e confrontar-nos-á com o desconforto dos (nossos) julgamentos precipitados efectuados sem o devido direito ao contraditório de todas as partes envolvidas.
Realce-se, ainda, a sublime banda sonora sob as expensas do aclamado Ryuichi Sakamoto, que faleceu pouco antes da estreia do filme.
Prémio de melhor argumento
Nazaré
É muito mais comum uma boa produção tentar disfarçar um argumento pobre do que uma má produção "cancelar" um bom argumento. Por isso, o prémio em Cannes recomendava vir ver. E a produção está à altura.
É a mesma história contada 3 vezes, mas não é bem à Tarantino (é melhor): o que de início, no segmento mãe, é uma realidade fragmentada e com cenas caricatas — o absurdo da desumanização — e depois, no segmento professor, assume dimensões de tragédia que podem parecer desproporcionadas, finalmente revela-se, embora muitas vezes só implicitamente, no segmento filho (adolescente, qual infância!). Por falar nele, para além dos dois adultos Sakura Andô (a mãe) e Eita Nagayama (o professor), brilha a grande altura Soya Kurokawa (o filho), um desempenho intenso.
Filme inovador e meticulosamente tratado, que mostra como a vontade de fazer o bem leva à perdição, no labirinto de equívocos e de maledicências. Enquanto os que são mal-intencionados (nomeadamente os bullies da turma) aprendem que se conseguem safar e lhes está aberto o caminho para o crime ou para a política.
Envie-nos a sua crítica
Submissão feita com sucesso!