Bellamy
Título Original
Bellamy
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
Bellamy
Fernando Oliveira
O último filme de Chabrol é mais uma das suas histórias de província, o escárnio e o maldizer sobre a burguesia francesa (ainda fará sentido esta definição?), uma investigação policial que parece ser o que importa, mas não é. "Há sempre outra história por detrás daquela que os olhos vêem", é com esta frase que termina este filme, a última dos seus filmes. Foi quase sempre esta a sua obsessão, o desenho bastante cruel e azedo dos franceses, utilizando os estremecimentos morais resultantes da investigação policial de um crime, a moralidade ambígua no comportamento dos personagens para fazer uma crónica, não tanto dos costumes, mas dos labirintos da mentira e das aparências. Em "Bellamy" há um crime: para fugir com a amante, um vendedor de seguros simula a sua morte, forjando um acidente de automóvel, assassinando um sem-abrigo. Ora é este homem que procura Paul Bellamy, nome famoso da policia francesa que está de férias na região de Nîmes com a sua mulher, para o ajudar, diz-se inocente, tudo não passou de um acidente. Mas o que interessa a Chabrol, como sempre, não é a trama policial mas sim o que a narrativa da investigação vai revelando sobre os envolvidos, especialmente sobre a relação de Bellamy com a sua esposa e um seu meio-irmão que se instala lá em casa. Há uma mistura e comédia e drama, o abismo sempre ali ao lado (e é do cemitério, da campa de Brassens, para o precipício que o filme começa), o Mal e o mal-estar estão sempre presentes: o casamento de Paul e Françoise parece decorrer naquela leveza indolente, que pouca coisa pode incomodar, mas vejam com uma desconfiança venenosa se vai instalando, como os diálogos entre os dois vão endurecendo. Hitchcock e Lang são as sombras no cinema de Chabrol. Chabrol foi um dos nomes essenciais da Nouvelle Vague, foi também o primeiro a ousar pisar o risco e filmar de tudo um pouco. Numa carreira longa nem todos os seus filmes são importantes, mas alguns são muito importantes. Em "Bellamy" há a destreza formal do realizador, e a magnifica interpretação de Gérard Depardieu e Marie Bunel, e é uma bela despedida. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com)
Homenagem a Chabrol - Mais prazer cinéfilo
egas branco
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