Bellamy

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Drama, Crime 110 min 2009 M/12 25/10/2012 FRA

Título Original

Bellamy

Sinopse

É Verão. E como todos os verões, o comissário Paul Bellamy (Gérard Depardieu) vai de férias para Nimes, no Sul de França, onde se situa a velha casa de família de Françoise (Marie Bunel), a sua mulher. Ela, por seu turno, está ali contrariada pois o que realmente desejava era estar longe, de preferência num luxuoso cruzeiro. Paul adora a mulher, mas detesta viajar e, por isso, todas as desculpas são boas para o evitar. Ao casal vem juntar-se Jacques (Clovis Cornillac), o meio-irmão de Bellamy, que está a atravessar uma fase difícil da sua vida. Porém, aquelas férias que prometiam muita paz e sossego para Bellamy vão revelar-se estranhamente agitadas quando o comissário é abordado por Noël Gentil (Jacques Gamblin), um homem enigmático, que lhe pede ajuda para um caso e que, aparentemente, não aceita um não como resposta.<br />Uma comédia negra com argumento e realização do aclamado realizador Claude Chabrol e fotografia do português Eduardo Serra. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Bellamy

Vasco Câmara

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Bellamy

Jorge Mourinha

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Comédia negra com vista para o abismo

Luís Miguel Oliveira

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Críticas dos leitores

Bellamy

Fernando Oliveira

O último filme de Chabrol é mais uma das suas histórias de província, o escárnio e o maldizer sobre a burguesia francesa (ainda fará sentido esta definição?), uma investigação policial que parece ser o que importa, mas não é. "Há sempre outra história por detrás daquela que os olhos vêem", é com esta frase que termina este filme, a última dos seus filmes. Foi quase sempre esta a sua obsessão, o desenho bastante cruel e azedo dos franceses, utilizando os estremecimentos morais resultantes da investigação policial de um crime, a moralidade ambígua no comportamento dos personagens para fazer uma crónica, não tanto dos costumes, mas dos labirintos da mentira e das aparências. Em "Bellamy" há um crime: para fugir com a amante, um vendedor de seguros simula a sua morte, forjando um acidente de automóvel, assassinando um sem-abrigo. Ora é este homem que procura Paul Bellamy, nome famoso da policia francesa que está de férias na região de Nîmes com a sua mulher, para o ajudar, diz-se inocente, tudo não passou de um acidente. Mas o que interessa a Chabrol, como sempre, não é a trama policial mas sim o que a narrativa da investigação vai revelando sobre os envolvidos, especialmente sobre a relação de Bellamy com a sua esposa e um seu meio-irmão que se instala lá em casa. Há uma mistura e comédia e drama, o abismo sempre ali ao lado (e é do cemitério, da campa de Brassens, para o precipício que o filme começa), o Mal e o mal-estar estão sempre presentes: o casamento de Paul e Françoise parece decorrer naquela leveza indolente, que pouca coisa pode incomodar, mas vejam com uma desconfiança venenosa se vai instalando, como os diálogos entre os dois vão endurecendo. Hitchcock e Lang são as sombras no cinema de Chabrol. Chabrol foi um dos nomes essenciais da Nouvelle Vague, foi também o primeiro a ousar pisar o risco e filmar de tudo um pouco. Numa carreira longa nem todos os seus filmes são importantes, mas alguns são muito importantes. Em "Bellamy" há a destreza formal do realizador, e a magnifica interpretação de Gérard Depardieu e Marie Bunel, e é uma bela despedida. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com)

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Homenagem a Chabrol - Mais prazer cinéfilo

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<p>Foi nos anos 60 que comecei a ver as obras de Claude Chabrol (Paris, 24-Jun-1930 - 12-Set-2010), as que chegavam até nós. Creio que foi "À Double Tour" (Quem Matou Leda) (de 1959), o primeiro que vi, nessa longínqua época, numa sessão de um dos cineclubes de então - ABC, Imagem ou CCUL, embora, pela minha condição de estudante, fosse sócio do CCUL, numa dessas associações que nos ajudaram a ver Cinema e não só, nesses tempos plúmbeos e medíocres. <br /><br />E a partir daí foi sempre com um redobrado prazer cinéfilo que segui a sua carreira. É um dos autores de que não gostava de perder nova obra, à semelhança do que acontece com alguns outros cineastas e obviamente com alguns escritores. Mesmo que a não consideremos no conjunto do melhor do seu autor. <br />Não é no entanto, na minha opinião, o caso de "Bellamy", que Chabrol dedicou a dois "Georges": obviamente Brassens e Simenon, que também são para nós, não por acaso, duas referências. <br /><br />É que o filme é muito bom, embora no entanto se trate de uma obra um pouco à margem, em minha opinião, do conjunto da filmografia de Chabrol, ele que é muito justamente considerado um crítico, agudo e mordaz, da vida burguesa, mais da grande e média que da pequena burguesia. Digamos que aqui ele alarga a sua observação do comportamento humano, num retrato complexo, pela sua imbricada teia de relações, mas em que o humor não está ausente. <br /><br />Teria ou não Chabrol ideia de que poderia ser o seu último filme, suponho que ninguém saberá. Mas não deixa de ser algo premonitório que o tema aborde a morte, ou o desejo dela, como motivo principal. Mas não deixo de concordar com os que detectam alguma influência neste filme, nas suas personagens, da escrita da grande escritora inglesa, do género policial, Ruth Rendell (que Chabrol adaptou com brilho noutras obras, a partir de alguns dos seus romances). É magnífico que na sua derradeira obra Chabrol, homenageie, embora discretamente, dois dos grandes autores do Policial, Simenon e Rendell, de cuja escrita gostava muito, tal como eu.<br /><br />De salientar ainda a cativante interpretação de Marie Bunel, como Madame Bellamy (Françoise), a mulher do Inspector, que fica na nossa memória cinéfila. Por outro lado Gérard Depardieu é excelente. O seu Bellamy tem de facto bastante a ver com Maigret, pelo menos como eu o imagino.<br />As alegações finais do jovem advogado de defesa, no julgamento do pretenso homicida que havia pedido auxílio a Bellamy, servindo-se dos versos de Brassens é uma ideia para mim original, porque não me lembro de outra igual. <br /><br />E para terminar, suponho que quem viu reparou, nessa imagem de marca do grande cineasta francês, que nos acompanha desde o primeiro filme e que neste, embora seja um filme muito de interiores, não deixa de surgir para nosso encantamento. O desfilar da copa das árvores perante os nossos olhos, ou os dos infelizes ocupantes dos automóveis, carros que neste filme têm papel determinante, no início e final da obra...<br />Por tudo isto, é um prazer, cinéfilo em primeiro lugar.<br />E lamento muito por não poder ver mais nenhuma nova obra deste cineasta que tanto apreciávamos.</p>
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