Bardo, Falsa Crónica de Umas Quantas Verdades
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Sinopse
Depois de receber um importante prémio internacional, Silverio Gama (Daniel Giménez Cacho), um jornalista e documentarista mexicano há anos a viver em Los Angeles (EUA), decide voltar para o seu país. Esse regresso vai transformar-se numa grande jornada existencial, em que a realidade e a fantasia se vão misturar e ele se verá a reavaliar as suas memórias e os seus afectos, assim como as enormes mudanças ocorridas no México durante os anos de ausência.
Em competição pelo Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza, esta comédia negra de teor autobiográfico é uma reflexão sobre a identidade, o sucesso e a mortalidade. A realização, produção e argumento são da responsabilidade do realizador mexicano Alejandro G. Iñárritu, o aclamado autor de “Amor Cão” (2000), “21 Gramas” (2003), “Babel” (2006), “Biutiful” (2010), “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” (2014), ou “The Revenant: O Renascido” (2015). PÚBLICO
Críticas dos leitores
3 estrelas
José Miguel Costa
“Bardo, Falsa Crónica de umas Quantas Verdades”, o novo filme do mexicano Alexandro González Iñarritu, é uma comédia dramática surrealista. No centro do enredo encontramos um famoso jornalista e documentarista mexicano que regressa ao país natal, duas décadas após ter rumado em direcção a Los Angeles, para receber um prestigiado prémio concedido pelos USA (em simultâneo, surge a noticia de que a Amazon pretende comprar uma extensa faixa do território mexicano). Esta confluência de eventos transforma-se numa jornada reflexiva e de descoberta pessoal para o protagonista, que nutre uma ambivalente relação de amor/ódio tanto pelo país de origem como por aquele que o acolheu. De facto, vê-se acometido por uma profunda crise existencial e de identidade, que o mergulha num turbilhão de recordações, sonhos e alucinações que o levam a questionar a congruência da sua carreira, bem como a hipocrisia daquilo que defende publicamente (uma vez que, na prática, poderá não passar de um indivíduo privilegiado que "apenas" corre o mundo em busca de histórias de pobreza). Inclusivé, chega ao ponto de colocar em causa a própria idoneidade enquanto cidadão mexicano, por sentir que, não poucas vezes, renega as suas raízes. Desta forma, Iñarritu agarra numa panóplia de assuntos (a História de um México eternamente colonizado - primeiro pelos espanhóis e presentemente pelos USA -; as consequências da emigração; os perigos da pós-verdade e da pós-pobreza; a mortalidade; e até arranja tempo para ironizar sobre as criticas ao seu percurso de realizador) e lança-os incessantemente e de um modo não linear, resultando num produto algo confuso. Tanto mais que mistura aleatoriamente (e sem qualquer distinção) realidade e fantasia (decorrente de sonhos e trechos de alegadas obras que constam do seu currículo). Tal contorcionismo formal, e desarrumação temporal, acaba por retirar impacto a (múltiplos) excelentes diálogos/dissertações que integram a narrativa. E como é apanágio, Iñarritu brinda-nos com um épico visual, no qual usa e abusa de planos sequência demorados, grande angular e cenas em câmara lenta (tudo isto "pintado" por cores vivas)
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