<p><span style="line-height: 1.6em">Entre o Verão de 2013 e o de 2014, a partir de um guião em construção que tinha como base histórias recolhidas por um grupo de jornalistas sobre a sociedade portuguesa contemporânea, o realizador Miguel Gomes ("Aquele Querido Mês de Agosto", "Tabu"), percorreu Portugal filmando a crise. Encadeando histórias que vão das manifestações de rua ao silêncio dos estaleiros de Viana do Castelo, passando pelo desespero de um desempregado, pelas manobras do político euro(s)centrado, pelos incêndios de Verão ou mesmo pelo tradicional banho de Ano Novo, traça um retrato do Portugal real – mesmo que essa realidade tome por vezes uma aparência absurda e fantasiosa – que pulsa sob o jugo da austeridade.</span><br /> <span style="line-height: 1.6em">"O Desolado” é o segundo tomo de uma trilogia que começou com o "O Inquieto" e termina com "O Encantado". A colecção toma o título – e estrutura – dos famosos contos árabes clássicos em que a princesa Xerazade oferecia todos os dias, em troca da sua vida, uma história nova ao rei Shahriar. Todos os volumes d' "As Mil e Uma Noites" de Gomes são também narrados por uma Xerazade e começam por parafrasear a contadora de histórias original: "Escuta, ó venturoso rei, fui sabedora de que, num triste país entre os países..." O realizador descreve o projecto como um misto de "ficção e retrato social, tapetes voadores e greves", lembrando que "imaginário e realidade nunca puderam viver um sem o outro (e Xerazade bem o sabe)".</span><br /> <span style="line-height: 1.6em">"O Desolado" foi o filme escolhido pela Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas como candidato de Portugal à nomeação para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro na 88.ª edição dos Óscares, agendada para o dia 28 de Fevereiro de 2016, em Los Angeles, EUA. PÚBLICO</span></p>