<p><span style="color: #000000">Encadeando histórias que vão das manifestações de rua ao silêncio dos estaleiros de Viana do Castelo, passando pelo desespero de um desempregado, pelas manobras do político euro(s)centrado, pelos incêndios de Verão ou mesmo pelo tradicional banho de Ano Novo, é traçado um retrato do Portugal real – mesmo que essa realidade tome por vezes uma aparência absurda e fantasiosa – que pulsa sob o jugo da austeridade.</span><br /> <span style="color: #000000">Realizado por Miguel Gomes ("Aquele Querido Mês de Agosto", "Tabu"), "O Inquieto" é o primeiro tomo de uma trilogia que se completa com "O Desolado" e "O Encantado". A colecção toma o título – e a estrutura – dos famosos contos árabes clássicos em que a princesa Xerazade oferecia todos os dias, em troca da sua vida, uma história nova ao rei Shahriar. Todos os volumes d'"As Mil e Uma Noites" de Miguel Gomes são também narrados por uma Xerazade e começam por parafrasear a contadora de histórias original: "Escuta, ó venturoso rei, fui sabedora de que, num triste país entre os países..." As filmagens do tríptico decorreram ao longo de um ano, começando em Agosto de 2013, a partir de um guião em construção que tinha como base histórias recolhidas na sociedade portuguesa contemporânea por um grupo de jornalistas: Maria José Oliveira, Rita Ferreira e João Dias. O realizador descreve o projecto como um misto de "ficção e retrato social, tapetes voadores e greves", lembrando que "imaginário e realidade nunca puderam viver um sem o outro (e Xerazade bem o sabe)".</span><br /> <span style="color: #000000">Desde a sua estreia na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, onde foi calorosamente recebido, "O Inquieto" percorreu os grandes festivais de cinema internacionais, arrecadando distinções como o Prémio da Crítica Internacional (Fipresci) ou o prémio máximo da selecção oficial do Festival de Cinema de Sydney.</span><br /> <span style="color: #000000">PÚBLICO</span></p>