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Mais Uma Rodada

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Comédia Dramática 117 min 2020 29/04/2021 SUE, HOL, DIN

Título Original

Sinopse

Segundo a teoria de um filósofo sueco, nascemos com um défice de álcool no sangue de 0,5 por cento, o que nos faz carregar uma certa melancolia. Para resolver o “problema”, sugere que se consuma diariamente a dose de álcool em falta e assim encontrar o equilíbrio. Quatro professores de um liceu decidem testar a teoria e começam a beber todos os dias. O resultado é positivo. Eles sentem-se bastante mais felizes, desinibidos e corajosos, o que os ajuda tanto nas suas relações pessoais como profissionais. Mas quando Martin desafia os companheiros a beber mais um pouco de maneira a maximizarem os efeitos, as coisas depressa ficam fora de controlo.  
Vencedor do Óscar de melhor filme internacional, uma comédia dramática sobre diversão e vício, realizada por Thomas Vinterberg ("A Festa", "Querida Wendy", "A Caça", “A Comuna”).  As personagens estão entregues a Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe e Mads Mikkelsen, que já tinha trabalhado com Vinterberg no filme “A Caça”. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Os 400 copos

Luís Miguel Oliveira

Não resolve da melhor maneira a conjugação entre a festa e o niilismo.

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Críticas dos leitores

Vamos embebedar-nos?

João Delicado

É uma das conclusões possíveis. <br /> <br />É verdade. <br /> <br />O filme pode parecer um elogio ao álcool e às bebedeiras. <br />Mas o que me ficou a ressoar foram outros aspetos. <br /> <br />[SPOILER ALERT: pelo sim, pelo não, quem quiser preservar a virgindade mental em relação ao filme ‘Mais Uma Rodada’, guarde este texto para depois. Obrigado!] <br /> <br />Antes de mais, em relação à potencial ode ao álcool, diria que: <br /> <br />1) como em qualquer filme, conversa ou contacto com o diferente, não precisamos de concordar ou imitar o que nos é dito; e pode ser muito interessante abrirmo-nos com curiosidade ao que nos é partilhado - sobretudo para quem investiga o comportamento humano ou lida com seres humanos e se interessa por empatia e comunicação, isto é um procedimento básico, essencial; <br /> <br />2) o próprio filme evidencia os riscos associados aos excessos: há efeitos mesmo muito concretos, incluindo a perda de relações ou entes queridos; <br /> <br />3) e inclui até uma certa pedagogia quanto à dinâmica típica do vício: mostra por exemplo que, para manter o efeito, o vício pede cada vez maior quantidade e maior frequência; e coloca-nos também em contacto com a vergonha, a ocultação, a mentira, a separação, que às tantas são condição para conseguir manter o vício <br /> <br />Mas o que me ficou a ressoar foi: <br /> <br />1) o hino ao experimentalismo: aquele experimentalismo que nos permite explorar alternativas, em género pensamento lateral ou oblíquo: “e que tal experimentarmos algo diferente?”; “e se levássemos isto mesmo a sério?”; “até que ponto será benéfico levarmos isto?”; “e se isto correr mal, o que faremos?”; <br /> <br />2) o hino ao companheirismo e aos laços sociais: sabendo que o vício tem origem numa desconexão original - com os outros, com a vida, com a essência de cada um para consigo próprio; sabendo que o vício pode ser também potenciado e alimentado pela conexão que possamos ter com as ‘companhias erradas’; também é nas relações que podemos encontrar o lugar da redenção; <br /> <br />3) o hino à vida: o filme, a mim, conduziu-me por uma estrada insegura, em curvas e contra-curvas permanentes, sem saber bem onde me situar, onde me segurar - do género “ai, ai… onde é que isto vai parar?”; em vários momentos, estranhei ver o álcool como catalisador de uma vida mais feliz, mais encontrada e mantive uma posição de aversão à ideia de que aquilo poderia ser tudo uma ode ao álcool; mas o final chega como uma lufada de ar fresco, como um hino à vida: mostra que, para lá das nossas histórias, as luzes e sombras fazem parte e somos humanos na medida em que largamos a luta e resgatamos a dança com a vida. <br /> <br />Depois, vieram-me outras reflexões. <br /> <br />O filme - diz o realizador Thomas Vinterberg - não é sobre álcool. É sobre o descontrolo. A necessidade de descontrolo. E isso pode ser bastante disruptivo, especialmente para aqueles muito mentais, muito rígidos, mais identificados com as suas máscaras sociais. <br /> <br />Isso ligou-me logo à questão das três instância psíquicas de Freud: de como alguns de nós vivemos subjugados a uma repressão constante - também auto-imposta! - feita de proibições, obrigações e outras prisões típicas do ‘super-ego’, e de como isso gera uma tal tensão interna que nos vemos ‘obrigados’ a recorrer a escapes que descarreguem a pressão e aliviem a dor. <br /> <br />Não é necessário chegarmos às substâncias. Esse é o caminho mais fácil. <br /> <br />É o exemplo do Carnaval. É o exemplo das festas em que nos permitimos ir para lá das regras. <br /> <br />É o exemplo dos gritos e das gargalhadas descontroladas. É o exemplo das lágrimas. É o exemplo da intensidade desmedida nas relações sexuais ou no desporto. São tudo momentos de descarga. <br /> <br />Curiosamente, há quem varie entre o controlo absoluto - em que mantém um comportamento impecável, exemplar e uma imagem de extrema competência - e, depois, o total descontrolo - em que se permite até aquilo que é inqualificável, vergonhoso, condenável. <br /> <br />Enfim, o controlo e o descontrolo é todo um tema do comportamento humano. <br />O mais interessante é que a resposta não está nem num nem no outro. <br /> <br />A resposta está na dança entre um e o outro. <br /> <br />A resposta está no reconhecer ambas as dimensões e em aprender a articulá-las no nosso diálogo interno numa cada vez maior harmonia e integração de partes. <br /> <br />Essa fronteira indefinida faz parte da experiência humana que estamos aqui a fazer - a de celebrar a vida.
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Uma celebração da vida

Francisco Dias

Antes de mais, as minhas condolências e congratulações a Thomas Vinterberg. Another Round é uma obra de cinema genial, que pretende mostrar à audiência a importância de aproveitar a vida. <br /> <br />Embora o discurso à volta deste filme seja sobre a atuação de Mads Mikkelsen, sem tirar qualquer mérito a este, sinto que os papéis secundários são lindamente representados por Thomas Bo Larsen, Magnus Millang e Lars Ranthe. <br /> <br />Ao explorar o tópico do consumo de álcool (que deve ter uma influência maior na Dinamarca), com os seus benefícios e desvantagens, Thomas Vinterberg consegue mostrar uma narrativa que absolutamente destrói emocionalmente a audiência e nos deixa a ponderar sobre as nossas vidas.
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Ponto de equlíbrio

Pedro Brás Marques

“Another Round” é baseado numa peça de teatro da autoria de Thomas Vinterberg, que aqui se encarrega também da realização. O cenário é um liceu e um grupo de quatro amigos, Martin, Tommy, Peter e Nikolaj, todos ali professores, que gostam de se divertir, nomeadamente com uma grande contribuição etílica, tal qual os seus alunos nas noites de fim de semana. Ou seja, parece que, com a idade, não adveio a maturidade. Mas eis que um se lembra de pôr em prática uma teoria, verídica, que diz que se tivermos um nível mínimo de álcool no sangue, viveremos mais felizes. Todos concordam na experiência: o limite é 0,05 e não há mais ingestão de álcool após as 20.00h. Nos primeiros tempos, os resultados são extraordinários, com todos a sentirem melhorias em todos os aspectos da vida. Mas logo depois resolvem aumentar o nível para 0,10, iniciando-se uma escalada previsivelmente dramática… <br /> <br />A "vexata quaestio" não é o efeito do álcool no comportamento do ser humano, mas o excesso e o abuso do mesmo, por um lado e, por outro, a capacidade para resistir à atracção fatal do redemoinho do vício. Há um ponto de equilíbrio? Certamente que sim, mas é tão diminuto, tão frágil, que o tremendo esforço a que obriga para alguém lá se manter é digno dum funâmbulo profissional. O deslize dali para a desgraça é tão fácil quanto previsível. <br /> <br />Interpretar alcoólicos é sempre arriscado porque também se pode escorregar para o exagero ou, pior, para o cabotinismo. Isso não acontece em “Druk”, principalmente porque a personagem que acompanhamos mais de perto, Martin, é soberbamente interpretada por Mads Mikkelsen, actor com um pé na Europa e outro em Hollywood. O dinamarquês, que recriou de forma fabulosa o Dr. Hannibal Lecter na série de TV “Hannibal”, marca o ritmo do filme e ele é, claramente, o guia quer para os demais, quer para o próprio realizador que optou, e bem, por close-ups e planos fechados, “em cima” da face das personagens, além duma câmara sempre irrequieta, evocando a dinâmica dum documentário. Um filme enganadoramente “fácil”.
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Estudo sociológico sobre o alcoolismo

Raul Gomes

Nas suas diversas fases, melancolia, iniciação, planalto, ascenção, euforia e queda, partindo de uma base de um estudo sobre o défice de álcool. <br />A sinopse aqui inserida na descrição do filme, não retrata de nenhuma forma o valor intrínseco deste fabuloso filme. <br />Só vendo, reflectindo, é que sé é capaz de desfrutar na totalidade a mensagem extremamente feliz de Vinterberg. <br />A não perder. <br /> <br /> <br /> <br />
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4 estrelas

José Miguel Costa

O realizador dinamarquês Thomas Vintenberg marcou-me, de modo irreversível, com os filmes "A Festa" (datado de 1998, um dos expoentes máximos do movimento cinematográfico dogma 95, criado em parceria com o seu conterrâneo Lars Von Trier) e "A Caça" (2012), ambos detentores de uma tensão psicológica (ao nivel das relações interpessoais) capaz revolver as entranhas. <br /> <br />Eis que retorna com "Mais Uma Rodada", obra mais mainstream (até para os padrões comerciais de Hollywood, que lhe ofereceu o Óscar de melhor filme internacional - após ter arrasado nos aclamados festivais de Berlim, Toronto e San Sebastian) e dramática q.b. (inclusive, é aligeirada com uns toques de comédia). <br />"E isso é mau?" perguntar-me-ão, porventura, vocês? Apesar de não nos fazer contorcer nervosamente na cadeira, claro que Ele "continua a dar cartas" (e de que maneira!), ainda mais quando volta a apostar no parceiro de jogo de "mão firme" (o protagonista de "A Caça"), Mads Mikkelsen. <br /> <br />O arco narrativo, relativamente simples (mas que cativa pela "intimismo" que emana), volta a enveredar no universo da disfuncionalidade relacional (embora de forma exponencialmente menos catártica). Desta feita pegando da temática do alcoolismo (uma das chagas sociais da Dinamarca) e tendo por foco do enredo um grupo de quatro professores do ensino secundário, em plena crise de meia idade, algo insatisfeitos com o rumo das suas existências monótonas, que durante um jantar decide, por piada, colocar à prova a teoria maluca de um filósofo norueguês que defende a necessidade do corpo humano se manter permanentemente com um nível de alcoolemia de 0,05 %, por forma a atingir a estabilidade emocional. <br />A partir daí passam a ingerir álcool diariamente para a realização das tarefas mais rotineiras, inclusive durante as aulas. E se os primeiros resultados da experiência até são animadores e lhes induzem confiança, com o decorrer do tempo ...
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