Segunda volta...
Pedro Brás Marques
<p>Os Rebeldes estão em franco desespero e o Lado Negro espalha escuridão um pouco por toda a parte. Uma jovem aprendiz desloca-se a um planeta remoto onde, no meio da natureza, é ensinada por um Mestre nos caminhos da Força para que a Luz volte a iluminar a Galáxia... no filme seguinte.</p><p><br />Não, não é o argumento de “O Império Contra-Ataca”, mas quase. Porque o que a Disney resolveu fazer foi um decalque da trilogia original, alterando alguns detalhes para não parecer a comida requentada que efectivamente quer servir aos espectadores. E são algumas essas histórias paralelas que procuram embrulhar a trama em novidade, sendo que algumas não acrescentam nada ao desenvolvimento da história global. A explicação para esta monotonia criativa tem, obviamente, uma explicação bastante prosaica: a Disney, dona do universo Star Wars, tem de recuperar o investimento gigantesco que foi a aquisição da anterior proprietária, a Lucasfilm… E, claro, isso reflecte-se ao ponto de mesmo para um fã da saga, como eu, “The Last Jedi” já começar a mexer com a complacência do espectador. Não é que o filme seja mau, mas a imprevisibilidade do argumento é mínima precisamente porque mimetiza a versão original. Veja-se que o “lateral” “Rogue One” era bem mais interessante do que este, porque abordava uma história prevista mas não previsível. </p><p>Como em qualquer série, é óbvio que o espectador conta encontrar pontos de referência obrigatórios, o que até faz parte da diversão do fã. Mas o problema aqui é mesmo estrutural. Porque o que está na base conceptual da história é o mito do herói e da sua construção, que começa por mero aprendiz e acaba em mestre, que tem de passar um certo número de provas até atingir o primeiro degrau da iluminação da sua consciência até chegar, como é o caso, a conseguir fazer com que a alma saia fora do corpo. Já estava lá tudo nos episódios IV a VI, que já tinha ido buscar influências, entre outras fontes, à mitologia, à filosofia oriental, ao imaginário de cavalaria medieval e, em especial, do fabuloso livro de Joseph Campbell, “O Herói com Mil Faces”. </p><p>Cenários perfeitos, um ritmo de acção bem medido e actores à altura dos papeis, em especial, claro, Mark Hammill no derradeiro papel de Luke Skywalker, o Mestre dos Mestres Jedi, e de Adam Driver como Kylo Ren, o equivalente ao demoníaco Darth Vader. Tinha tudo para dar certo, como está a dar - ao nível de bilheteira, evidentemente.</p>
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