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Shirin

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Drama 94 min 2008 M/12 24/06/2010 Irão

Título Original

Shirin

Sinopse

Abbas Kiarostami encena "A História de Khosrow e Shirin", um poema persa do século XII sobre os amores de uma princesa arménia pelo rei da Pérsia e sobre o triângulo amoroso que se forma quando Shirin conhece Farhad. Essa encenação é seguida pelo olhar de 114 mulheres sentadas numa sala de espectáculos - 113 actrizes iranianas de quatro gerações e 1 europeia, Juliette Binoche. Tudo o que acontece naquele palco é vedado ao espectador, que apenas vê a beleza daquelas mulheres, os seus rostos e suas emoções: o choro, o riso, o prazer e o sofrimento. <br />"Shirin" é uma homenagem pessoal e consciente do realizador a todas as mulheres do mundo, mas muito especialmente às mulheres iranianas que sempre foram vistas em segundo plano. <p> </p>PÚBLICO

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Críticas dos leitores

SHIRIN

ana@

Ainda não vi o filme, mas só pelo entusiasmo e encanto que falam do mesmo, sem dúvida que não vou perder a oportunidade de o ver.
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As Mulheres e o Amor

Fernando Costa

"Shirin", o penúltimo filme do iraniano Abbas Kiarostami é um projecto original e corajoso; Kiarostami filma 114 mulheres (e actrizes, 113 iranianas e 1 francesa) enquanto estas supostamente assistem, numa sala de cinema, à apresentação da história de amor de origem persa, escrita no século XII por Nezami , entre Khosrow e Shirin. Nunca nos é mostrado o que vêm, apenas ouvimos a suposta representação da história de Shirin. É um artifício para filmar o amor e os sentimentos através dos olhos da(s) mulher(es) mas o resultado está longe de uma obra-prima. O maior problema deste "Shirin" é a sua artificialidade para a qual contribuiu a desconjugação entre a premissa que supõem realismo e autenticidade e a inabilidade de se sentir essa veracidade. De todos os ângulos que se aborde o filme este não parece ser bem sucedido, se não vejamos: o resultado são cerca de uma hora e meia de reacções de mulheres a algo que supostamente se passa no ecrã mas tendo sido estas na realidade dirigidas por Kiarostami e levadas a "sentir" recordando a(s) sua(s) história(s) de amor - estas mulheres por vezes sorriem, outras vezes choram, por vezes estão interessadas, outras vezes desatentas ou quase adormecem mas tudo parece ser por nós sentido com distanciamento, como se soubéssemos que na realidade as actrizes não estão a ver filme nenhum e que a banda sonora que ouvimos não se relaciona verdadeiramente com o que faz sentir estas mulheres. Poderá dizer-se que o amor é um tema universal e portanto que as "reacções" visionadas são as mesmas (ou mais intensas por serem pessoais) que se na realidade estivesse a ser projecto um filme sobre uma história de amor. A verdade é que isso não acontece e o resultado é desarticulado. Ficamos também na dúvida sobre a opção de se utilizarem exclusivamente actrizes - ao longo do filme e em várias alturas o "reality film" (o mostrar emoções verdadeiras) parece fugir e o sentimento de que estarmos a assistir a uma "ficção a fazer passar-se por realidade" parece invadir-nos - nada poderia ser mais contrário à premissa/objectivo do filme. "Shirin" "mostra-nos" a forma como as mulheres sentem e exprimem o amor e os sentimentos. Os homens não desapareceram, estão lá em pano de fundo porque Kiarostami não está interessado neles mas sim no "olhar" destas mulheres (o autor retira do título o nome da personagem masculina que faz parte do título da história de Nezami e diz numa entrevista que as mulheres são mais emotivas e complexas e por isso mais interessantes que os homens para este projecto). Os planos são simples e no enquadramento as mulheres que não estão em primeiro plano são tão relevantes como as que ocupam esta posição - algumas parecem sair da escuridão para mostrarem que existem e sentem. Se Kiarostami, como bom cineasta e autor, nunca desce abaixo do regular, a verdade é que o filme é por vezes simplesmente monótono. Em resumo, "Shirin" é um projecto audaz mas resulta numa experiencia falhada. Fica a homenagem às mulheres e o amor de um realizador/autor pelas suas protagonistas. ** (2/5)
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Assim também eu

repositor de verdades

Não é uma crítica ao filme mas é sobre a crítica do Megane. É preciso não ter vergonha para copiar de forma descarada uma critica do site imdb. Se não sabe tenha respeito pelos textos dos outros. Quanto ao filme não posso criticar porque não vi. Mas pelo trailer parece ser interessante.
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Um grande realizador

Marco Carneiro

Ainda não vi este filme, mas da obra de Kiarostami só posso falar em elogio. Os dois filmes que conheço melhor, "O Sabor da Cereja" e "O Vento Levar-nos-á", são duas magníficas obras-primas de comemoração da vida, de uma delicadeza raramente vista em cinema. É altamente gratificante ver cinema iraniano, um sinal que há esperança para um país fustigado pelo "teofascismo", um termo de Pedro Paixão que achei bem empregue.
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Celebração do cinema

Megane

Cineastas como David Lynch ou o início de Darren Aronofsky terem visto os seus filmes serem considerados como obras experimentais e não comerciais, fazem com que os seus trabalhos sejam por vezes difíceis, mas pelo menos souberam como chegar ao público. No seu filme “Shirin”, o realizador, por sua vez, confere uma nova definição ao adjectivo "experimental". O seu estilo é tão radical, que nenhuma campanha de marketing no mundo seria capaz de aprová-lo fora de um festival de cinema como Veneza. Kiarostami, sempre um favorito do festival, foi até onde mais nenhum conseguiu chegar, com a sua adaptação de uma história clássica persa do século XII. O conto, previsivelmente triste, gira em torno de uma mulher, Shirin, cobiçada por dois homens. Um enredo tão antigo quanto a humanidade. Kiarostami provou aqui que se pode alcançar a verdade no cinema e o caminho mais directo, para examinar os rostos das mulheres membros de uma audiência do filme, enquanto elas assistem a algo invisível para nós. O filme do 12 º poema persa do século, é um grande épico “Khosrow e Shirin Kiorstami”. De traços límpidos e em câmara lenta, fixam-se as faces de 114 actrizes famosas iranianas e de outra francesa. O trabalho é, na verdade, um estudo poético do rosto feminino, que reconhece o emocional bem como processo intelectual misturado num filme. Estamos presos numa espécie de “abismo emocional” enquanto espectadores. O realizador, optou pela narrativa do épico romântico, com rostos a mostrarem a riqueza e a complexidade de uma leitura: lágrimas, sorrisos, olhares de estranheza, reacções que se combinam para formar um retrato de grupo como construção sinfónica. É como ver tinta a secar, mas na verdade o filme é um alívio bem-vindo ao tipo de cinema de acção que se tornou uma experiência paralisante no cinema contemporâneo. A oportunidade de se ver a beleza é rara no cinema de hoje, mas aqui nós temos tempo para saborear o rosto feminino. Podemos ver este filme como no início do cinema de Hollywood que se consolou com o “tropo” retórico verdadeiramente cinematográfico, o “close-up”. Neste sentido, "Shirin" é uma celebração triunfal do cinema em si. Em vez de fazer um filme simples, Kiarostami escolheu uma versão teatral da história, com uma subtileza. – Realmente nós nunca podemos ver o que acontece no palco. O tempo total de 90 minutos consiste numa série de “close-ups” de mais de uma centena de mulheres iranianas (mais Juliette Binoche) que estão a assistir a um jogo. Toda a acção acontece fora da câmara, com vozes e sons que nos permitem imaginar o que deveríamos estar a ver. Com essa abordagem não convencional, “Shirin” é muito simples e ao mesmo tempo muito difícil. Poucos espectadores, eventualmente, o vão apreciar e é uma pena, porque o estilo severo é propositado, embora não seja totalmente explícito no início. A chave para compreender a imagem está em foco apenas nos rostos das actrizes. Com escassas legendas no início, o silêncio torna mais fácil apreciar a beleza simples da escolha de Kiarostami e sentir uma espécie de empatia com as mulheres, como se fossem as verdadeiras protagonistas (e de certa forma, são). Então, sim, “Shirin” é talvez o filme mais anticomercial dos que foram feitos até hoje.
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