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Onde Fica a Casa do Meu Amigo?

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Drama 83 min 1987 M/12 26/01/2023 Irão

Título Original

Sinopse

Esta história de amizade e cumplicidade juvenil valeu ao realizador o Leopardo de Ouro e uma menção especial do júri no Festival de Cinema de Locarno. A história centra-se no desejo do pequeno Ahmed (Babek Ahmed Poor) de devolver um caderno a Mohamed Reda Nematzadeh (Ahmed Ahmed Poor), um colega de escola. Essa missão tem uma importância singular: se Mohamed não tiver o caderno com os trabalhos de casa todos feitos no dia seguinte, vai ter um castigo muito severo na escola. Uma história simples mas sublime num filme modesto. Destaque para a interpretação das crianças, que conseguiram captar e transmitir a sua vulnerabilidade num mundo caótico. PÚBLICO

 

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Nessa manhã, na escola, Mohamed é ameaçado pelo professor, se voltar a trazer os trabalhos de casa numa folha solta e não num caderno, expulsa-o da sala de aulas. Nessa tarde, já em casa, quando Ahmed, colega de carteira e amigo de Mohamed, começa a fazer os seus trabalhos de casa, vê que trouxe o caderno do amigo por engano.

Sabendo que assim Mahomed não vai conseguir apresentar os trabalhos de casa decide ir à aldeia vizinha entregar-lhe o caderno. A mãe proibe-o, mas Ahmed está decidido e quando a mãe lhe pede para ir à loja comprar pão, “foge” até à aldeia vizinha. Só que ele não sabe qual é casa do amigo…

O caminho que sai da aldeia e sobe para a aldeia onde vive o amigo, ziguezagueando por uma costa acima, leva-nos logo para um lugar de estranheza, Ahmed inicia ali uma travessia que esbarra com o que ele não compreende: a visão adulta do mundo. Porque é que o que é para ele essencial, livrar o amigo de um castigo, não o é para os outros. Será assim em todo lado, esta diferença entre o olhar das crianças e dos adultos para o que os rodeia e para o que acontece, mas Kiarostami leva o filme para um lugar muito mais assustador.

Estamos no Irão esmagado pelo fundamentalismo islâmico, aonde nada é permitido e todo o desvio é castigado. “Onde fica a casa do meu amigo?” é assim um aterrorizante estudo sobre esse medo de ser castigado e muito mais de desrespeitar a família, a escola e Alá. Ahmed vai desafiar tudo isto pelo amigo, mas como os adultos não o “vêem” ele safa-se e safa o amigo da punição. Mas esse medo está sempre presente: está no vento do deserto que ruge e escancara a porta…

O que é espantoso neste filme (que tem uma continuação em “Trabalhos de casa”, documentário de 1989) é a forma como Kiarostami conta a sua história filmando-a “através” daquilo que lhe é interdito, até ao limite daquilo que lhe é permitido, um extraordinário testemunho do Irão rural enclausurado nas “trevas”. E fá-lo filmando o real – o que a câmara captura – de uma forma absolutamente simples, sem efeitos, muitos planos-sequência. Paradoxalmente isto causa um confronto sentido entre este olhar quase documental e as formas do Cinema: importa-lhe o que é contado, mas talvez muito mais como é contado. Essencial. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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