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Roda da Fortuna e da Fantasia

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Drama 121 min 2020 M/14 16/12/2021 JAP

Título Original

Gûzen to sôzô

Sinopse

Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim, “Roda da Fortuna e da Fantasia” é uma antologia em três segmentos filmada, sob um ponto de vista feminino, pelo japonês Ryûsuke Hamaguchi ("Happy Hour: Hora Feliz", “Asako I e II”). Um triângulo amoroso, uma sedução falhada que causa a ruína de um escritor e um reencontro que resulta de um equívoco são os motes para cada uma das histórias interpretadas pelas actrizes Kotone Furukawa, Katsuki Mori e Fusako Urabe. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Horas sem alegria

Luís Miguel Oliveira

Há mais Hamaguchi em Hamaguchi do que em Roda da Fortuna e da Fantasia. Ainda assim, um filme surpreendentemente inteligente.

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Críticas dos leitores

Santíssima Trindade

Pedro Brás Marques

Sempre olhamos para a cultura oriental com um misto de fascínio e adoração, desde a alimentação à música, passando pelas artes, pela relação com a natureza e com o outro, até aos conceitos filosóficos que as gerações mais recentes adoptaram como porta de entrada numa “nova era”… Esta visão tem uma parte fantasiosa, de wishful thinking, mas há ali elementos que correspondem à realidade, embora ela precise de séculos para ser adquirida e não o tempo que leva a ler um livro de auto-ajuda…

No cinema, são vários os exemplos que procuram demonstrar esta sensibilidade muito própria. Um dos mais recentes é, precisamente “A Roda da Fortuna e da Fantasia”, de Ryusuke Amaguchi, onde nos são contadas três histórias distintas. A primeira versa sobre um triangulo amoroso, em que as duas personagens femininas mantêm uma longa conversa durante uma viagem de táxi, em que uma conta à outra o quanto deslumbrada está com o seu novo namorado, sem desconfiar que este está apaixonado pela amiga sentada ao seu lado – que sabe disso. Haverá, naturalmente, opções a serem tomadas… Na segunda, um professor decide chumbar um aluno que, irado, põe em prática um plano para o prejudicar. Assim, pede a uma amiga e ex-aluna dele, que vá ter com o docente, um escritor famoso, lhe peça um autógrafo e lhe leia um excerto do seu mais recente livro, uma passagem ostensivamente sexual, para ver se ele cede à tentação… Nada de físico acontece, mas a conversa leva-os para lugares imprevistos… No terceiro momento, duas mulheres cruzam-se na rua e parecem reconhecer-se. Uma afirma ter sido colega de escola da outra e esta diz recordar-se. Convida-a para casa e ficam a conversar, chegando a temas íntimos, até a anfitriã confessar que não se lembrava da outra…
São, efectivamente, três histórias autónomas mas com elementos em comum. Desde logo, o aspecto formal, já que em qualquer delas há longos diálogos apenas entre as duas personagens principais. Temos, portanto, a linguagem como ligação entre as pessoas, mas longe das concepções ocidentais de filosofia da linguagem, como a de Wittigenstein, por exemplo. Aqui, as palavras são o veículo de interligação interior. Quase não há gestos ou movimentos de corpo. As personagens estão sentadas ou paradas, olhos nos olhos, e falam. O efeito resultante é magnífico. O espectador apercebe-se da intensidade da tempestade que vai dentro de cada protagonista não por via de expressão faciais, mas das palavras e do seu efeito no outro, e sem que haja inflexões ou alterações na voz. Por via dos longos planos, há tempo para o espectador se aperceber da falsa simplicidade dos locais onde os diálogos ocorrem: num veículo em movimento, dentro duma sala de aulas, numa ponte por cima da linha de caminho de ferro. O simbolismo é evidente. Por outro lado, nas três histórias há uma personagem que, embora não mentindo, fantasia sobre a realidade: a namorada preterida que sonha tudo expor, a ex-aluna que esconde segundas intenções, a mulher que diz ser quem não era…

A roda da fortuna e da fantasia. Temas ficcionais que já deslumbravam os antigos gregos e a que Ryusuke Amaguchi dá uma nova e belíssima visão. Um filme imperdível.

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4 estrelas

José Miguel Costa

"Roda da Fortuna e da Fantasia", a obra que valeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim ao japonês Ryúsuke Hamaguchi, é uma antologia de três médias-metragens autónomas (cada uma com 40 minutos de duração) sobre (des)amores/desencontros no feminino, sem qualquer interligação (mas que acabam por formar um conjunto coeso devido à sua homogeneidade estética - enquadramentos fixos e planos de conjunto, com recurso a múltiplos zooms abruptos -; ao ritmo sereno; ao envolvente lirismo com que a temática generalista vai sendo gradativamente desflorada, levantando subtilmente dilemas de resposta subjectiva; e inerentes finais em aberto). <br /> <br />Um filme minimalista, esquemático e impregnado de um realismo discreto, no qual a Palavra (densa), que flui com naturalidade e à-vontade, emerge como personagem principal (tal a mestria com Ela é "costurada").
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4 estrelas

José Miguel Costa

"Roda da Fortuna e da Fantasia", a obra que valeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim ao japonês Ryúsuke Hamaguchi, é uma antologia de três médias-metragens autónomas (cada uma com 40 minutos de duração) sobre (des)amores/desencontros no feminino, sem qualquer interligação (mas que acabam por formar um conjunto coeso devido à sua homogeneidade estética - enquadramentos fixos e planos de conjunto, com recurso a múltiplos zooms abruptos -; ao ritmo sereno; ao envolvente lirismo com que a temática generalista vai sendo gradativamente desflorada, levantando subtilmente dilemas de resposta subjectiva; e inerentes finais em aberto). <br /> <br />Um filme minimalista, esquemático e impregnado de um realismo discreto, no qual a Palavra (densa), que flui com naturalidade e à-vontade, emerge como personagem principal (tal a mestria com Ela é "costurada").
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Estórias em 3 actos do amor em japonês

Raul Gomes

Reflexões profundas, inteligentes, sensíveis, sobre o amor, suas derivantes e confluências. <br />Visão sobre o poder feminino, forte e determinado, complexo ao ponto de se esconder dos mais próximos, e, desabafar com desconhecidos, que lhe dão uma garantia de escudo, do fundo das suas almas. <br />Um clássico sobre a realidade urbana contemporânea, belo, poético e minimalista. <br />O amor tem várias vias, paralelas, em sentidos contrários e até sem sentidos, uma amálgama de sentimentos. <br />Um filme belíssimo, que nos cativa pelos diálogos e pensamentos, que por vezes sentimos e não exteriorizamos.
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