Alice (Marion Cotillard) e Louis (Melvil Poupaud) são irmãos. Ela (actriz de renome) odeia visceralmente o irmão (um amargurado poeta desestruturado, que se encarcerou numa montanha inóspita após a morte do filho) desde há cerca de 20 anos, recusando-se terminantemente a partilhar qualquer espaço com o mesmo, sem que alguém perceba o motivo que despontou tal sentimento, sobretudo por, até ao dia em que repentinamente, a primogénita (que era alvo de idolatração por parte de "seu mais novo") decidiu cortar qualquer vinculo, serem inseparáveis um do outro. No entanto, os pais sofrem um grave acidente de viação e o reencontro torna-se inevitável (e insuportável). Grosso modo, é esta a base narrativa do filme "Irmão e Irmã", um drama intimo e familiar (com muita introspeção psicanalítica à mistura) do cineasta francês Arnaud Desplechin. Obra com muitas "pontas soltas" no que concerne ao passado em comum dos protagonistas (embora pontualmente sejam lançados alguns "indicios", através de flasbacks momentâneos - sem grande respeito pela cronologia dos eventos) e um redentor desenlace abrupto (que lhe retira credibilidade). Apesar destes handicaps revela-se bastante emocial devido à performance de excelência da dupla que dá corpo (e alma) aos irmãos sombrios.