Reis e Rainha

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Comédia Dramática 150 min 2004 M/16 01/12/2005 FRA

Título Original

Rois et Reine

Sinopse

Ela, Nora (Emmanuelle Devos), aparentemente radiosa, está quase a casar. Ele, Ismaël, (Mathieu Amalric), internado à força num hospital psiquiátrico, está quase a tocar o fundo do abismo. Estas duas histórias fundem-se quando a futura esposa propõe a este antigo amante, que ela amou apaixonadamente, que se torne pai adoptivo do seu filho, nascido de uma primeira relação. "Reis e Rainha", o último filme do realizador francês Arnaud Desplechin, cineasta que assinou o belíssimo "Esther Kahn", oscila entre o burlesco e a comoção. É a história de uma mulher e os homens da sua vida, em que "a sombra de Bergman se cruza com a de Chaplin", diz a revista "Première". <p/>PUBLICO.PT

Críticas Ípsilon

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Jorge Mourinha

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Quatro ideias por minuto

Luís Miguel Oliveira

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Vasco Câmara

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Críticas dos leitores

Habilmente construído

Rita Almeida - http://cinerama.blogs.sapo.pt/

A "rainha" do título é Nora (Emmanuelle Devos), uma mulher luminosa, prestes a casar com Jean-Jacques (Olivier Rabourdin) e que vê o seu momento de felicidade adiado pela doença terminal do seu pai (Maurice Garrel), um severo professor de letras. E também um dos "reis", juntamente com Elias (Valentin Lelong), o filho de Nora. Do outro lado do espelho está Ismael (Mathieu Amalric, numa fabulosa interpretação), um homem desequilibrado, com tendências suicidas, que gosta de andar com uma capa de D'Artagnan no meio da rua, actualmente perseguido pelo fisco e mandado internar pela sua irmã num hospital psiquiátrico. "Rois et Reine" conta a história de duas figuras em sofrimento, uma dramática, outra cómica.<BR/><BR/>Diante do pai agonizante, Nora deixa-se fechar na dor e na solidão, tornando-se cada vez mais sombria. As certezas de Nora, quando confrontadas com os sentimentos que não consegue expressar, transformam-se em dúvidas. Com Ismael, o processo é inverso: ele vai descobrindo, ao ser confrontado com os sentimentos dos outros, as suas próprias certezas. Num caso e noutro, fala-se de crescimento.<BR/><BR/>Alternando entre os dois registos, Desplechin permite-nos ir mantendo o equilíbrio entre estes dois pólos, sem desvalorizar qualquer um deles. Em ambos abordam-se obsessões, sonhos e pesadelos, com humor e com dor. Egoísta e generosa, dura e sofredora, Devos move-se nestes extremos; o espectador, entre a compaixão e o incómodo. Amalric é tocante, de uma sinceridade desarmante.<BR/><BR/>A ligação afectiva familiar, como contraponto à ligação afectiva com amigos e amantes, materializa-se na relação de Nora com o filho, para quem procura uma figura masculina que substitua o avô; e na relação com pai, entre a adoração e o ódio, e que será posta à prova, de uma forma brutal, com a morte deste.<BR/><BR/>Desplechin constrói habilmente um filme onde duas horas e meia se passam sem que se note e onde nos guia como e onde quer, confrontando a identidade de cada um com a memória, falível, do outro. A vontade de viver nem sempre é clara, mas a reconciliação com a vida é possível. Especialmente se dermos espaço a que o extraordinário e majestoso faça parte das nossas vidas.
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Habilmente construído

Rita Almeida - http://cinerama.blogs.sapo.pt/

A "rainha" do título é Nora (Emmanuelle Devos), uma mulher luminosa, prestes a casar com Jean-Jacques (Olivier Rabourdin) e que vê o seu momento de felicidade adiado pela doença terminal do seu pai (Maurice Garrel), um severo professor de letras. E também um dos "reis", juntamente com Elias (Valentin Lelong), o filho de Nora. Do outro lado do espelho está Ismael (Mathieu Amalric, numa fabulosa interpretação), um homem desequilibrado, com tendências suicidas, que gosta de andar com uma capa de D'Artagnan no meio da rua, actualmente perseguido pelo fisco e mandado internar pela sua irmã num hospital psiquiátrico. "Rois et Reine" conta a história de duas figuras em sofrimento, uma dramática, outra cómica.<BR/><BR/>Diante do pai agonizante, Nora deixa-se fechar na dor e na solidão, tornando-se cada vez mais sombria. As certezas de Nora, quando confrontadas com os sentimentos que não consegue expressar, transformam-se em dúvidas. Com Ismael, o processo é inverso: ele vai descobrindo, ao ser confrontado com os sentimentos dos outros, as suas próprias certezas. Num caso e noutro, fala-se de crescimento.<BR/><BR/>Alternando entre os dois registos, Desplechin permite-nos ir mantendo o equilíbrio entre estes dois pólos, sem desvalorizar qualquer um deles. Em ambos abordam-se obsessões, sonhos e pesadelos, com humor e com dor. Egoísta e generosa, dura e sofredora, Devos move-se nestes extremos; o espectador, entre a compaixão e o incómodo. Amalric é tocante, de uma sinceridade desarmante.<BR/><BR/>A ligação afectiva familiar, como contraponto à ligação afectiva com amigos e amantes, materializa-se na relação de Nora com o filho, para quem procura uma figura masculina que substitua o avô; e na relação com pai, entre a adoração e o ódio, e que será posta à prova, de uma forma brutal, com a morte deste.<BR/><BR/>Desplechin constrói habilmente um filme onde duas horas e meia se passam sem que se note e onde nos guia como e onde quer, confrontando a identidade de cada um com a memória, falível, do outro. A vontade de viver nem sempre é clara, mas a reconciliação com a vida é possível. Especialmente se dermos espaço a que o extraordinário e majestoso faça parte das nossas vidas.
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Caleidoscópio

Duarte Costa

O filme funciona como um caleidoscópio, mostrando-nos fragmentos de vidas de personagens que momentaneamente se cruzam, mas que não se sobrepõem; um bailado harmonioso em que o desempenho de cada um dos executantes é tão belo como o do conjunto em si. À primeira vista é fácil rotularmos cada uma das personagens (Nora, a mulher realizada e feliz; Ismaël, o louco divorciado do mundo; Pierre, o escritor em fim de vida mas não de carreira...), mas com o desenrolar do enredo, as incertezas começam a deturpar essas ideias (ou a "endireitá-las" para o que realmente são). Aqui são dissecadas todas as relações que os personagens têm estabelecidas entre si, de forma a que o espectador se vá apercebendo lentamente da "big picture", sempre tendo visíveis os vários nós da teia que se forma.<BR/><BR/>A pressa não se apodera do realizador, que consegue levar-nos por este longo retrato sem nunca nos deixar entediados ou com falta de interesse no que se passa em frente aos nossos olhos. Arnaud Desplechin mostra de forma real como os conflitos internos de cada um são cada vez mais fortes quando chegamos a pontos sensíveis das nossas vidas, mas que o ideal de busca de felicidade pode ser atingido se nos soubermos apaziguar a nós mesmos e ao mesmo tempo tentarmos encontrar um equilíbrio com as pessoas e com os fantasmas que nos rodeiam.
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