Eva
Título Original
Eva
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
Vícios públicos, privadas virtudes
Um filme menor de um cineasta contudo interessante, Eva vive de um curioso jogo de espelhos e palcos – e de uma Isabelle Huppert espantosa mesmo que sem surpresas.
Ler maisCríticas dos leitores
Eva
Fernando Oliveira
Neste filme, “Eva”, Benoît Jacquot fará uma tangente ao “film noir”: a estória começa com um crime, e o autor vai depois deixar-se enlear em jogos que pensa que controla, mas que o vão conduzir à tragédia. O destino a pregar partidas, a negar a hipótese de um final feliz. Bertrand (Gaspard Ulliel) é um prostituto, que numa noite de trabalho deixa morrer o cliente, um escritor com um passado importante, e apodera-se de uma peça para teatro que este tinha escrito mas que não tinha vontade de encenar. Salto no tempo, a peça é um sucesso e Bertand começa a ser pressionado para voltar a escrever. Refugia-se na casa de campo dos pais da namorada, mas quando lá chega, numa noite tempestuosa de Inverno, encontra-a invadida por um casal. Ela é uma prostituta e chama-se Eva (Isabelle Huppert). Ele inspira-se na conversa que tem com ela para começar a escrever os diálogos da sua nova peça de teatro. Desenvolve uma relação com ela para continuar a escrever o que falam. E as mentiras vão-se avolumando na narrativa que é a sua vida. A tragédia está mesmo ali ao lado… O grande problema do filme é a sua frieza, ou porque Jacquot não consegue explicar exactamente o que é que ele é, ou porque essa ambiguidade não é esvaziada na sua dramaticidade. Adaptação de um romance de James Hadley Chase, parece que o realizador se deixou ensimesmar por uma ideia que se esgota nela? O teatro e a vida ou o teatro da vida? Máscaras e mais máscaras, portanto. Isabelle Huppert é, como sempre, magnífica, quase parece displicente no seu acto de representar, o que terá tudo a ver com a sua personagem, uma mulher que também representa. Julia Roy, que interpreta a namorada de Bertrand, é uma revelação, excelente na mulher enamorada que só muito tarde se apercebe dos jogos que homem com quem vive, joga. Se a história acaba bem, ou não, para Bertrand fica em aberto (terá conseguido escrever a peça?), mas a ferida de ter sido “expulso” da história de Eva será demasiado intensa para ele. Consegue ser um filme interessante, mas que nos deixa ficar à porta a olhar para ele e não nos convida a entrar. Não nos emociona (não há romance, não há desejo ou mesmo sexo, não há crueldade...). A história teria tudo para nos perturbar (basta lembrar-nos do filme de 1962 de Joseph Losey que conta a “mesma” história e que há uns tempos era fácil encontrar em DVD a 1€), mas essa vertigem que nos deveria atingir na sala escura nunca acontece. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
2 estrelas
José Miguel Costa
Benoit Jacquot é um realizador que, em definitivo, não me apraz. Todavia, apesar de já ter chegado a essa conclusão "há muitos filmes atrás", contínuo a insistir em conceder-lhe a possibilidade de redenção. Desta feita, verdade seja dita, apenas o fiz devido ao facto da sua nova obra, "Eva" (uma espécie de drama romântico mesclado de thriller psicológico, com um certos laivos de comicidade, cujo enredo gira em torno de um pseudo-relacionamento obsessivo entre um jovem escroque, ex-prostituto, e uma prostituta de luxo de meia idade) ter como protagonista a diva Isabelle Huppert (que, como seria expectável, não desilude, revelando-se a sua performance como uma coca-cola no meio deste "deserto fílmico").
No entanto, ela, per si, não é suficiente para salvar um projecto "ferido" por um argumento sensaborão (cuja narrativa jamais deixa de andar em "loop"), carregado de incongruências e previsível (para além de algo inverossímel).
Expiação
Raul Gomes
Ao contrário do que dizem na sinopse, Bertrand não é um escritor, mas sim um gigolô que deixa morrer um velho cliente seu, um escritor que tinha acabado a sua obra e cujo manuscrito estava em cima da mesa. Apesar das súplicas para lhe dar o remédio, Bertrand é insensível a esses pedidos. Deixa-o morrer, rouba a sua obra e torna-se um escritor aclamado com o sucesso alheio. Mas o lado já muito obscuro da sua mente, cruza-se com uma prostituta de luxo, linda, sensual e (quase) isenta de sentimentos. Tenta começar uma relação, passando de gigolô a cliente assíduo, criando uma obsessão compulsiva e tentativa de domínio, a que estava habituado. No entanto, a frieza e profissionalismo de Eva fá-lo desesperar e é essa a expiação do seu crime. Tenta criar, e quase consegue, uma brecha no muro intransponível da vida de Eva. Filme a não perder, por vários motivos. Primeiro a actuação de Huppert, simplesmente deliciosa, credível e segura, ao interpretar uma personagem, cerca de vinte anos mais nova do que ela. O que demonstra, que é um desperdício muitas actrizes, deixem de aparecer nos ecrãs, o que para mim é um crime de lesa património cultural. Uma última frase para Benoît Jacquot, por ter proporcionado este excelente filme
Expiação
Raul Gomes
Ao contrário do que dizem na sinopse, Bertrand não é um escritor, mas sim um gigolô que deixa morrer um velho cliente seu, um escritor que tinha acabado a sua obra e cujo manuscrito estava em cima da mesa. Apesar das súplicas para lhe dar o remédio, Bertrand é insensível a esses pedidos. Deixa-o morrer, rouba a sua obra e torna-se um escritor aclamado com o sucesso alheio. Mas o lado já muito obscuro da sua mente, cruza-se com uma prostituta de luxo, linda, sensual e (quase) isenta de sentimentos. Tenta começar uma relação, passando de gigolô a cliente assíduo, criando uma obsessão compulsiva e tentativa de domínio, a que estava habituado. No entanto, a frieza e profissionalismo de Eva fá-lo desesperar e é essa a expiação do seu crime. Tenta criar, e quase consegue, uma brecha no muro intransponível da vida de Eva. Filme a não perder, por vários motivos. Primeiro a actuação de Huppert, simplesmente deliciosa, credível e segura, ao interpretar uma personagem, cerca de vinte anos mais nova do que ela. O que demonstra, que é um desperdício muitas actrizes, deixem de aparecer nos ecrãs, o que para mim é um crime de lesa património cultural. Uma última frase para Benoît Jacquot, por ter proporcionado este excelente filme
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