Decisão de Partir

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Drama 138 min 2022 M/14 01/12/2022 Coreia do Sul

Título Original

Sinopse

O detective Hae-Joon foi incumbido do caso de um alpinista encontrado morto no fundo de uma encosta em Busan, uma cidade costeira da Coreia do Sul. A morte parece ter sido acidental, mas há alguns indícios que deixam espaço para dúvidas. Seo-rae (Tang Wei), a jovem viúva da vítima, torna-se a principal suspeita. No decurso da investigação, Hae-Joon começa a sentir uma estranha atracção pela personalidade misteriosa e magnética de Seo-rae. E isso vai pôr em causa a necessária imparcialidade do detective e a sua capacidade de análise. 
Em competição no Festival de Cinema de Cannes, onde arrecadou o prémio de Melhor Realização, um “thriller” romântico produzido, escrito e realizado pelo sul-coreano Park Chan-wook ("Oldboy", “Em Nome da Vingança”, "Vingança Planeada", "Thirst - Este É o Meu Sangue...", “A Criada”). PÚBLICO

Críticas dos leitores

Decisão de partir

Fernando Oliveira

Nunca sabemos nada sobre os outros, só julgamos que sabemos. “Decisão de partir” de Park Chan-wook é um policial aonde habitam as memórias do filme-noir e do melodrama e conta-nos uma história onde este desconhecimento leva imparavelmente os personagens à tragédia. Conta a história de um amor que foge da sua plenitude. Um amor que embate com uma fatalidade: a absoluta impossibilidade de alterarmos o passado e de como essa culpa, ou remorso, vai destruindo os personagens. Mas que também nos mostra o dramático desfasamento que sempre existe entre o olhar de uma mulher e o olhar de um homem para a “verdade” desse amor. Há uma cena belíssima quase no final do filme que nos esmaga: quando Hae-joon percebe como “disse” a Seo-rae que a amava. “No momento em que disseste que me amavas, o teu amor desapareceu. Nesse momento em que o teu amor acabou, o meu amor começou”, diz-lhe Seo-rae (Tang Wei, espantosa actriz de quem tenho belas memórias de “Sedução, conspiração”, e “Blackhat”). Hae-joon é um detective na cidade de Busan, um corpo de um alpinista aparece morto junto a um pico rochoso, tudo aponta para acidente ou para suicídio, mas Hae-joon desconfia que foi assassinado pela mulher, Seo-rae. Mas enquanto a investigação avança, os dois vão apaixonar-se perdidamente um pelo outro; mas a infelicidade que lhes preenche a vida vai fazer deles marionetas do destino; até que Seo-rae decide cortar os fios… É um filme encharcado de melancolia, de uma sexualidade enevoada (“Neblina” é o titulo da bela canção de Jung Hoon-hee que nos acompanha durante o filme), um ambiente físico e emocional quase gélido, o que sublinha a narrativa; e se Park Chan-wook não evita algumas vezes a gabarolice formal (mas são tão bonitos os movimentos com que faz habitar o mesmo espaço os dois personagens, mesmo quando estão separados) com isso consegue enlear em muitos momentos o desejado e o real, o pensado e o vivido, sublimando aquele amor, tornando-o quase onírico. Mas como em quase todos os noirs, o amor aqui não redime, a felicidade é inalcançável. O fim é tão doloroso quanto comovente. Muito belo. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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4 estrelas

José Miguel Costa

Sete anos após o magnífico thriller "A Criada", o aclamado realizador coreano Park Chan-wook retorna às salas de cinema com "Decisão de Partir" (que lhe valeu o galardão de Melhor Realizador no Festival de Cannes). Um policial romântico (platónico - ou "assexuado"?) com um enredo simples (ao contrário, do que é seu apanágio), todavia, narrativamente denso e dotado de múltiplas camadas (impregnado de constantes - pequenos - desdobramentos que adensam a aura de mistério, tanto ao nível da resolução do crime como da natureza/evolução da relação entre os dois protagonistas). Independentemente desta sua característica, o filme não se agiganta por eventual mérito narrativo, mas devido ao seu virtuosismo técnico (através do uso e abuso de sofisticados planos-sequência subjectivos, enquadramentos "cirúrgicos"/geométricos e close-ups de olhares - amparados por um trabalho de fotografia de excelência). Mas, em última instância, poder-se-á equacionar se tal formalismo estético hiperbólico (com um cheirinho de "clássico noir") não poderá, igualmente, "sufocar" a Palavra, subtrair alguma fluidez ou até imprimir-lhe uma certa atmosfera de artificialidade. A história (de obsessão contida) per si junta, fruto das circunstâncias, uma enigmática femme fatalle (emigrante chinesa), suspeita do assassinato do seu marido, e um ultra-profissional e rígido detective (casado) encarregue de investigar o alegado crime. A interacção entre ambos irá originar uma química indefinível (e poética, já que se manifesta sobretudo por mínimas nuances da sua linguagem não verbal) que irá intrigar-nos até ao big end.

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