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Bowling for Columbine

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Documentário 120 min 2002 M/12 04/04/2003 EUA, CAN

Título Original

Bowling for Columbine

Sinopse

"Bowling for Columbine" é um inquérito, devastador e cáustico, sobre o estado da nação, a cultura do medo e a psicose das armas nos Estados Unidos. <br/>Porque é que morrem cerca de onze mil pessoas por ano no país por causa de armas de fogo é o mote deste documentário, construído a partir da tragédia do liceu de Columbine, em que dois adolescentes massacraram a tiro 13 pessoas e depois se suicidaram. <br/> Não é, no entanto, um documentário sobre o controlo de armas, mas sim um filme que coloca a questão do porquê da situação dos EUA e da psicose americana em relação às armas. Moore pergunta-se porque será que no Canadá, onde a comercialização de armas também é livre, existem menos crimes com armas de fogo. Mas não cai na facilidade e no simplismo redutor de atribuir culpas a jogos de computador ou grupos de música, porque essa é uma justificação tão válida como atribuir a tragédia de Columbine ao "bowling", que os dois adolescentes jogaram antes de cometerem o massacre. <br/> O filme foi o primeiro documentário a integrar, nos últimos 46 anos, a competição oficial do Festival de Cannes, onde foi distinguido com o Prémio do 55º Aniversário. <p/>PUBLICO.PT

Críticas Ípsilon

A cultura do medo

Vasco T. Menezes

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Um viva ao seu atrevimento

Luís Miguel Oliveira

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Doidos por armas

Kathleen Gomes

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Bowling for Columbine

Vasco Câmara

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América maniqueísta e paranóica

Mário Jorge Torres

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Críticas dos leitores

Armas, Política e Vídeo: A megalomania americana.

Eva Tecedeiro

Fui ver este documentário tomada por uma imensa vontade de compreender de forma bem mais sustentada o lado mais obscuro e menos brilhante do mito americano. De encontrar as contradições de uma política que tanto enlouquece a paciência de qualquer auto-intitulado pacifista e liberal. Afinal, quantos de nós, no 11 de Setembro, não nos sentimos secretamente vingados no nosso sentimento de inferioridade, numa espécie de cruzada bélica que não podemos assumir? Claro que poderia discorrer sobre o ego exacerbado dos americanos, da sua mentalidade simplista e irreflectida de julgar e actuar, das teorias da conspiração, da mania da perseguição, no modo irritante como se consideram os justiceiros de um mundo maligno que no fundo os espelha. No entanto, sinto que seria um discurso redundante, uma vez que o filme de Michael Moore é transparente e incisivo nos seus propósitos, ao esmiuçar os valores abstractos e as influências por detrás de uma sociedade tão visceralmente bélica, que resolve tudo "à lei da bala". Derruba todas as ideias preconcebidas com que os americanos justificam a sua natureza violenta, contra argumentando com os exemplos dos outros, do resto do mundo que a América parece ignorar. Põe a descoberto os discursos incoerentes da política interna e externa do modelo de governação americano. Mas, ao invés — e porque declino todas posições destituídas de isenção e as tentativas de alguns de aproveitarem este filme como estandarte de culto de quaisquer ideologias políticas, que considero deturpadoras das reais intenções do realizador — julgo que este filme suscita outras reflexões que seria importante considerar. O crescente anti-americanismo, tão em voga nos dias que correm, pela dimensão imediatista e redutora do seu discurso encerra analogias assustadoras com as políticas maniqueístas da Casa Branca. Dir-me-ão que não será bem assim, que reconhecem que nos Estados Unidos nem tudo e todos serão unânimes. Mas tantas vezes, aqui mesmo, neste pacífico país “à beira mar plantado”, salvaguardando as devidas particularidades, escuto, incrédula, à detonação inflexível de todo e qualquer argumento da ideologia adversária americana (ou não) com a mesma veemência com que a América tenta branquear as suas falhas institucionais. Se a América culpa o seu passado pelas suas mãos sujas de sangue, o resto do mundo parece ilibar-se da responsabilidade pelo seu presente culpando a América pela globalização do seu paradigma de sociedade deturpado, do qual não sei se poderemos demarcar-nos. Graças a esta mordaz e, ao mesmo tempo, hilariante (pelo menos para qualquer europeu!) comédia de costumes não ficcionada, saí da sala de cinema com convicções reforçadas; embora seja forçoso, por isso mesmo, reconhecer o mérito de uma sociedade que consegue manter a unicidade e imagem mítica apesar da sua fragmentação latente. Para ver e discutir em tertúlia com liberais intolerantes.
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Tiros em Columbine

Ricardo Pereira

Agressivo, polémico e incisivo como poderia se esperar de qualquer filme de Michael Moore. "Bowling for Columbine" é também um filme sentido, um trabalho pessoal, e nunca um produto sensacionalista disposto a tornar o cineasta uma celebridade mais do que realmente colocar questões sobre o seu tema. Apesar de manipulador na forma como conduz o documentário, essa manipulação se contrapõe com a paixão com que abraça seus argumentos e pela indignação, o que mais que justificam seus possíveis exageros. Investindo raivosamente contra os media, o que torna a sua posição com o cinema num viés particularmente político, e ainda mais particularmente corajosa, "Bowling for Columbine" é um filme apaixonado, vigoroso e urgente. Pontos mais que suficientes para torná-lo um filme recomendável. O cineasta Michael Moore poderia ter feito de "Bowling for Columbine" uma sátira vazia, seguindo um punhado de donos de armas malucos e provocando na plateia boas risadas. Mas o seu filme é bem mais ambicioso e chega a conclusões pertinentes. Moore é um documentarista que leva ao pé da letra a ideia da "câmara como arma". Às vezes a sua militância política atropela a sua argumentação; às vezes fatos históricos são misturados sem muito rigor. Mas o facto é que raras vezes o cinema americano foi capaz de olhar para o próprio umbigo de forma tão crítica. O seu discurso durante a entrega do Óscar já foi um soco no estômago do "establishment" norte-americano. Para quem não se recorda (acho difícil), Moore era o roliço realizador que, ao receber a estatueta de melhor documentário, atacou o presidente George W. Bush chamando-o de presidente "fictício", responsável por uma guerra "fictícia". Pois bem, as suas palavras, transmitidas ao vivo para um bilhão de espectadores, transformaram-no em estrela da festa e ampliaram sua fama de "persona non grata" na Casa Branca. O mote de "Bowling for Columbine" é uma daquelas tragédias que uma vez por outra abalam a América: em 1999, na Columbine High School (Colorado), dois estudantes assassinaram 12 colegas e um professor e depois se suicidaram. Na época, foram apontados inúmeros "culpados" que faziam parte do quotidiano dos garotos, as músicas de Marilyn Manson, o desenho animado South Park, os jogos violentos, o cinema. Mas os jovens assassinos jogavam bowling também. A irónica pergunta do cineasta, então, é se não seria este jogo o verdadeiro responsável pela tragédia. Daí o título "Bowling for Columbine", ao pé da letra, "Jogando bowling por Columbine". Na escola de Eric Harris e Dylan Klebold, os jovens assassinos, os garotos que não têm físico nem habilidade para o futebol, praticam bowling. Para Moore, o acesso a armas-de-fogo é o principal responsável pela chacina em Columbine. Moore baseia o seu principal argumento numa estatística que aponta que mais de onze mil pessoas morrem assassinadas por armas de fogo actualmente nos Estados Unidos. A primeira sequência do filme é antológica. O próprio Moore entra numa agência bancária – North Country Bank – para abrir uma conta corrente e, como brinde, ganha um arma. Afinal, é preciso ter uma arma em casa – pelo menos é o que os americanos acham. Se nas longas anteriores, "Roger and Me" e "The Big One", o seu alvo era mais precisamente a América das grandes corporações, "Bowling for Columbine" amplia o foco para atingir outras instâncias, ou seja, o eixo paranóia-consumo-guerra levado ao extremo pela Administração Bush. Quem pensar que Michael Moore é um sensacionalista mais preocupado com o sucesso do seu filme do que realmente com o tema do documentário em si irá se surpreender com o filme. Algumas cenas mostram sem nenhuma dúvida o tom humano que Moore confere ao seu documentário. Não há por exemplo câmaras escondidas. É marcante uma cena em Flint quando uma professora vira as costas à câmara quando não consegue falar mais nada sobre a tragédia, e como a câmara se mantém respeitosamente, evitando pegar a lágrima da mulher em "close", e como Moore se aproxima da mulher, dando as costas à câmara e ficando ao lado dela. Quando a van de um executivo arranca, comprovando a negativa do empresário em responder a Moore, sua cara de desolação mostra nitidamente seu envolvimento. Outra cena de inegável impacto é quando Moore pede que o actor Charlton Heston, presidente de honra da associação de defensores do uso de armas, olhe para a foto da criança morta em Flint e a deixa carinhosamente na entrada da casa do actor.
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O país que temos....

Bruno Silva

Para ver o filme "Bowling for Columbine" temos que ir a Lisboa...
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Excelente

João Oliveira

Uma prova de que o cinema pode ser mais do que um entretenimento. Pode ser um momento de reflexão, um olhar sobre o quotidiano na procura das causas e dos efeitos do que somos. Um exercício de pensar.
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O Sistema e o Controle de Armas

Rui Pereira

Muita conversa para nada. A questão é e será sempre uma. A esquerda e outros lobbies de interesses pouco confessáveis querem desarmar os americanos, porque sabem que o dia chegará em que o povo americano não tolerará viver mais tempo sobre a opressão do Governo Federal. A esquerda americana (lá chamam-lhes liberais...) quer a todo o custo evitar que isso possa acontecer e depois aproveita-se demagogicamente de casos como o de Columbine para promover o seu programa de desarmamento do povo americano. A América não é a Europa, nos EUA a posse de armas de fogo vem sempre de mãos dadas com a própria liberdade individual e o livre arbítrio. Pode ser difícil para um europeu perceber isso, mas é esta a tradição americana por muito que desagrade ao Michael Moore!!!
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(Auto-) Paródia Narcísica?

Pedro Silva Maia

É um grave problema o da América, este de que só existe o Nós e o Eles e que tudo se reduz a esta defesa intransigente do nosso ponto de vista. É um problema transversal da sociedade americana e olho para este filme dessa mesma forma. Só numa Hollywood totalmente democrata este filme é um documentário. De resto não tem nada do que caracteriza um documentário e tudo o que caracteriza um filme (nomeadamente um trabalho de edição absolutamente tendencioso e inenarrável). Claro que aqui na Europa é olhado como uma auto-paródia de luxo e foi aclamado por toda a crítica em uníssono. Mas quando nos começar a sair do bolso esta nevrose americana presumo que vão achar muito menos piada e olhar para este filme com muito mais perturbação... e sem achar piada nenhuma ao senhor gorducho de caçadeira em punho...
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Michael Moore e os outros

Fernando Fernandes

"Só doidos" é a resposta que paira nas nossas cabeças no final do filme/documentário, quando nos lembramos da pergunta com que nos atiram no cartaz de apresentação do filme. Mas esta não é uma resposta isenta, porque este não é um filme isento. Demasiado informativo para funcionar como um típico filme de "início/meio/fim", demasiado apaixonado para funcionar como documentário, "Bowling for Columbine" é um exercício em que Michael Moore nos apresenta a visão dos Estados Unidos sobre a questão das armas, da violência, do medo que marcam aquela sociedade. Mas acima da visão dos Estados Unidos, é apresentada a visão do autor sobre estes assuntos. As comparações a outros países são realizadas de forma enviesada, os dados não são apresentados de forma comparável e a imagem de certas pessoas é utilizada como quem utiliza o tolo da aldeia para ridicularizar todos os outros habitantes. Talvez a maior virtude deste filme seja captar os sentimentos anti-americanos que neste momento grassam um pouco por toda a parte e fazer disso a sua bandeira. Talvez por isso os Norte Americanos não tenham o filme em grande consideração (o seu umbigo não fica muito bonito visto daqui), e todos os outros o adorem. Quanto ao filme em si? Adorei. Pode não parecer, mas adorei.
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Bowling for an Oscar

João Guimarães

Apesar de politicamente correcto e algo moralista, "Bowling for Columbine" tem o mérito de fazer chegar o problema do uso de armas nos EUA a uma audiência mais alargada e heterogénea - agora já não temos de andar sempre com um livro de Noam Chomsky para apresentar uma visão diferente nas conversas de café, basta oferecer um bilhete de cinema. O problema do documentário de Michael Moore é a falta de coerência: as comparações entre países são tendenciosas (nas percentagens, que não têm em conta a população; nas generalizações - dificilmente quatro ou cinco pessoas que não trancam as portas no Canadá representam a sua população). É o eterno problema: as estatísticas só representam um factor desetabilizador e alarmante quando não nos interessam. É verdade que o documentário não deixa uma conclusão, mas Moore não pára de nos dizer como devemos pensar e, pior, usa os mesmo truques que condena (as imagens da professora emocionada, por exemplo). Moore só se esqueceu de uma combinação: não há mais nenhum país que tenha tanta população, tantos problemas sociais, uma rede de comunicação social tão - e vou usar um eufemismo - complexa e um estágio tecnológico tão avançado. Estes contrastes, concentrados num país, e porque provocam um estímulo diferente, podem resultar em respostas diferentes. Portanto, é provável que o comportamento americano - se existe algum, e Moore pensa que sim - deve-se, como em qualquer outro caso, à sua especificidade. Devemos começar a pensar que o caminho do "aperfeiçoamento" das sociedades modernas está minado pelos comportamentos bárbaros? Mas a barbárie não é uma invenção das sociedades modernas! Bem, pelo menos temos o South Park para nos animar.
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Para reflectir...

Tiago Guedes

"Bowling for Columbine" é um retrato profundamente eficaz na explicação das incongruências da sociedade americana. Sendo brilhante na forma como, passo a passo, e utilizando todos os lugares-comuns que estamos habituados a associar à ignorância do povo americano, constrói um modelo psicológico assustador, mas perfeitamente real e plausível tendo em conta os dados que nos vão sendo apresentados. Aconselho vivamente a todos aqueles que apreciem uma boa análise da sociedade americana/ocidental e no que esta se tornou, desafiando qualquer espectador a não ficar perfeitamente estupefacto, com a forma como esta sociedade de extremos consegue perverter e influenciar a nossa cultura europeia, e como é possível que o símbolo desta ignorância alarve profunda (George W. Bush) seja convidado a aterrar em solo português, espelhando a subserviência de alguns "supostos" representantes da vontade nacional.
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Uma reportagem acerca da vida

João E.F.Castel-Branco

Sarcástico como tudo, e no entanto verdadeiramente realista. Começa por dizer que os Americanos são ignorantes e acaba num dos lados melhores dos Estados Unidos da América:...este filme. Aborda a educação, a religião, o racismo, a economia, a liberdade, a politica, o sexo, o jornalismo, no total o sistema que é a América. Como falha, faltaram umas perguntas ao seu Presidente, mas não é possivel perguntar ao mais ignorante Presidente do mundo, sabe-se lá porquê...
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