Um filme suave e introspectivo assinado por Otto Preminger ("Laura", "Anatomia de um Crime"), "Bom Dia Tristeza" é provavelmente o trabalho melhor compreendido do cineasta austríaco. Baseado no "best-seller" da francesa Françoise Sagan que fascinou Hollywood, o argumento relata, em "flashbacks", o drama de Cecile (Jean Seberg), uma adolescente mimada que se rodeia do que há de mais sofisticado da alta sociedade e que vive com o pai Raymond, um "playboy" de meia-idade interpretado por David Niven. Tudo parece correr de feição até que Anne (Deborah Kerr), uma antiga paixão de Raymond, reaparece, representando para Cecile uma ameaça ao seu estilo de vida. E a solução passa pelo fim do relacionamento entre o seu pai e Anne, do qual Cecile encarregar-se-á sem ponderar as possíveis consequências das suas intrigas... Parte da acção é contada pela própria Seberg, que consegue maior sucesso na sua interpretação petulante do que nos períodos de narração, em que a sua voz aparece com muita monotonia. Também a alternância entre a cor e o preto e branco, para distinguir diferentes locais e tempos, não foi muito bem recebida pela crítica que leu nestes registos o snobismo de Preminger. Mas, mesmo assim, o trabalho final conseguiu fazer de "Bom Dia Tristeza" um filme agradável de se assistir mesmo depois de quase cinco décadas.<p/>PUBLICO.PT