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Ágora

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Drama 126 min 2009 M/12 10/12/2009 ESP

Título Original

Agora

Sinopse

Egipto, ano 391. Alexandria é parte do império Romano e o Cristianismo torna-se a religião dominante. Quando as revoltas populares chegam à Biblioteca de Alexandria, Hipátia (Rachel Weisz), filósofa e ateísta, luta pela preservação da cultura do Mundo Antigo sem se aperceber que o seu jovem escravo, Davus (Max Minghella), está apaixonado por si. Mas o jovem fica dividido entre o seu amor secreto e a promessa de liberdade em troca da sua aliança aos cristãos.<br/> Um épico sobre o Cristianismo e as suas injustiças, realizado por Alejandro Amenábar ("Os Outros", "Mar Adentro" e "Abre Los Ojos").

Críticas Ípsilon

Ágora

Luís Miguel Oliveira

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Ensaio sobre a cegueira

Jorge Mourinha

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Críticas dos leitores

A formiga no carreiro ia em sentido contrário

Raúl Reis

É simples hoje em dia criticar os fanatismos religiosos ou ideológicos do passado ou de sociedades que não tiveram a sorte de passar por uma evolução de pensamento como a do mundo ocidental. Assim, é extremamente fácil, à luz das nossas ideias, atacar costumes de determinadas civilizações ou de religiões que não encaixam nos padrões culturais e sociais que defendemos. Este é um dos elementos da actual fractura entre os mundos árabe e ocidental. Alejandro Amenábar, um dos jovens prodígios do cinema espanhol, revisita esta questão do choque das civilizações pelo lado da intolerância religiosa. A acção de “Agora” situa-se na antiguidade romana, mais propriamente na cidade egípcia de Alexandria, que fazia parte, no século IV, do Império Romano. Em Alexandria coexistem, pelo menos, três religiões. “Agora” coloca o espectador no reinado de Teodósio (379-392), que marca o auge de um processo de transformação do Cristianismo “da condição de religião não tolerada para religião intolerante”, dizem os historiadores. A história confirma o que o filme de Amenábar relata: em 391, atendendo ao pedido do então Patriarca de Alexandria, Teófilo, o imperador autorizou a abertura do templo de Serápis, um vasto santuário onde estudavam e investigavam aqueles que foram então acusados de paganismo. Uma das figuras destacadas do templo, era Hipátia (Rachel Weisz), a filha de um estudioso que seguiu os passos do pai e se tornou numa figura de destaque da academia de Alexandria. Hipátia formou-se na cidade egípcia e, adolescente, viajou para Atenas, para completar a sua educação na Academia Neoplatônica. “Agora” vai encontrar Hipátia regreassada ao Egipto quando era uma jovem professora em Alexandria, incendiando os alunos com paixões e discussões sobre astronomia. Além de ser objecto do amor de Orestes (Oscar Isaac), que acaba por se tornar perfeito da cidade, Hipátia tem um admirador secreto na pessoa do seu escravo pessoal Davus (Max Minghella). As posições da jovem académica são gradualmente alvo de críticas por parte de vários sectores da sociedade, mas acabam por ser os cristãos – aos quais o escravo Davus se junta – que acabam por se revoltar contra Hipátia. O filme de Alejandro Amenábar peca por nos obrigar a um penoso caminho através de pormenores de menor importância para nos provar no final que a intolerância – religiosa ou outra – não tem razão de ser e que, em última análise, as nossas querelas são ínfimas quando comparadas com a grandeza do Universo. Para ter a certeza que o espectador percebe, o realizador espanhol insiste em filmar as pessoas vistas de cima, correndo como formigas e depois, subir, subir até que vemos a Terra no seu todo ou a imensa bacia do Nilo. São imagens de belo efeito, mas que não substituem a ausência de conteúdo num filme que parte de uma única ideia, edulcorando-a com pitadas de romances, ainda por cima falhados. Rachel Weisz – de uma beleza ímpar – aparenta levar as coisas demasiado a sério e contribui para criar um ambiente pesado que torna as duas horas de filme difíceis de suportar.
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Agit-prop de sandálias

JPT

Na Alexandria de Amenabar, os cristãos são "taliban"; vestidos de negro, barbudos, fanáticos, destroem livros e estátuas aos gritos de "Deus há só um!"; inimigos da ciência, da dança, da música e das mulheres – em rigor, da mulher, porque no filme só há uma: Hipátia; bela, serena e eloquente, de curiosidade insaciável, incapaz de jurar a Deus, porque a crença representa a negação da razão. E casta, claro, ao contrário dos cristãos, cuja oração é um mero pretexto para reprimir o desejo sexual (Davus) e cuja devoção é um instrumento para obter (Cirílo) ou manter (Orestes) o poder terreno. O mundo clássico é saber, tranquilidade, átrios luminosas e vestes coloridas; o mundo cristão são antros escuros, andrajos negros e cinzentos, ignorância, caos, violência cruel. Amenabar criou este “passado” de contrastes perfeitos, virtual, à medida da “mensagem” que quer impor ao espectador. Ele não tentou recriar nada, nem perceber nada, mas, desonestamente (porque usou – e com arte – os artifícios da recriação), representar uma realidade que nunca existiu ao serviço do que defende: "a crença é inimiga da razão"; "a religião é, por natureza, brutal e intolerante"; "os crentes são fanáticos e/ou hipócritas"; "os cristãos são anti-semitas, sexualmente reprimidos e responsáveis por mil anos de recuo da razão". Isto chama-se propaganda. Se a propaganda de Riefenstahl e Eisentein serviram Hitler e Estalin, Amenabar (com duas grandes fitas no currículo, "Tesis" e "Abre los Ojos") serve-se, ao menos, a si próprio (muito embora certamente agrade aos Dawkins deste mundo, tão intolerantes como os intolerantes que criticam), à sua catarse por um passado de refugiado do golpe de Pinochet e de homossexual que passou a adolescência num colégio interno católico. Percebe-se, mas não se tolera, até porque Riefenstahl e Eisentein nos deram grandes filmes e Amenabar apenas uma longa telenovela. Zero.
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Agit-prop de sandálias

JPT

Na Alexandria de Amenabar, os cristãos são "taliban"; vestidos de negro, barbudos, fanáticos, destroem livros e estátuas aos gritos de "Deus há só um!"; inimigos da ciência, da dança, da música e das mulheres – em rigor, da mulher, porque no filme só há uma: Hipátia; bela, serena e eloquente, de curiosidade insaciável, incapaz de jurar a Deus, porque a crença representa a negação da razão. E casta, claro, ao contrário dos cristãos, cuja oração é um mero pretexto para reprimir o desejo sexual (Davus) e cuja devoção é um instrumento para obter (Cirílo) ou manter (Orestes) o poder terreno. O mundo clássico é saber, tranquilidade, átrios luminosas e vestes coloridas; o mundo cristão são antros escuros, andrajos negros e cinzentos, ignorância, caos, violência cruel. Amenabar criou este “passado” de contrastes perfeitos, virtual, à medida da “mensagem” que quer impor ao espectador. Ele não tentou recriar nada, nem perceber nada, mas, desonestamente (porque usou – e com arte – os artifícios da recriação), representar uma realidade que nunca existiu ao serviço do que defende: "a crença é inimiga da razão"; "a religião é, por natureza, brutal e intolerante"; "os crentes são fanáticos e/ou hipócritas"; "os cristãos são anti-semitas, sexualmente reprimidos e responsáveis por mil anos de recuo da razão". Isto chama-se propaganda. Se a propaganda de Riefenstahl e Eisentein serviram Hitler e Estalin, Amenabar (com duas grandes fitas no currículo, "Tesis" e "Abre los Ojos") serve-se, ao menos, a si próprio (muito embora certamente agrade aos Dawkins deste mundo, tão intolerantes como os intolerantes que criticam), à sua catarse por um passado de refugiado do golpe de Pinochet e de homossexual que passou a adolescência num colégio interno católico. Percebe-se, mas não se tolera, até porque Riefenstahl e Eisentein nos deram grandes filmes e Amenabar apenas uma longa telenovela. Zero.
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Liberdade criativa, mas ainda assim

Fernando

Gostei. Faltam-me os conhecimentos cinéfilos para dizer muito mais. Há, no entanto, um senão: compreendo que é uma obra de ficção, pelo que o autor tem liberdade criativa; compreendo também que se queira dar uma certa redenção ao Davus - mas a verdade é que a morte de Hipátia foi muito pior: foi arrastada pelas ruas por uma multidão em fúria para uma igreja, foi despida e depois despedaçada, a carne arrancada dos seus ossos com a ajuda de conchas, sendo finalmente queimada. Uma palavra final de desagrado quanto à tradução: a tradição é que os nomes da Antiguidade sejam aportuguesados, e as traduções estão consagradas há séculos: Davo (e não Davus), Cirilo (e não Cyril), Sinésio (e não Synesius)... Apesar de tudo, gostei muito. Presumo que Amenábar não esteja entre os queridos da Igreja Católica...
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Sabedoria

Luís Alberto de vasconcelos

“Agora”. Deus é amor! O que dá sentido à existência é o amor. Amor pelo ser amado e companheiro. Amor pelos seus e pelos outros. A empatia de sermos humanos e iguais. Não é a religião que nos une, dogmática, fundamentalista e arrogante em que define que, o seu deus é o maior e os outros deuses não, ou que outras religiões, de revelação ou não, seitas e demais organizações religiosas não sejam a(s) eleita(s) por Deus. Existem mais coisas que nos aproximam como irmãos do que nos dividem. Infelizmente nem todas as pessoas entendem que onde houver três seres humanos e dois forem iguais, o terceiro é igual. Nós somos iguais no direito à liberdade, sem discriminação por sermos desta ou daquela religião, desta ou daquela ideologia política, de sermos desta ou daquela raça ou etnia, de sermos homem ou mulher, de sermos hetero ou homossexuais. A ignorância é filha do medo, aquilo que há de mais nefasto no ser humano. O medo e a ignorância traduzidos em acções gratuitas e de uma monstruosa fealdade fazem vítimas por onde passam. Isto para vos dizer: Por favor assistam ao filme Ágora. Saí da sessão completamente chocado e revoltado com a natureza humana. É bom consumir um produto cultural com esta qualidade, em que vários dias depois em silêncio repenso sobre o filme. É necessário compreender para aceitar que somos seres capazes das maiores barbáries, em nome de um deus que não pediu nada. Ele simplesmente é. Está em toda a parte e está dentro de nós, não em templos, nem em livros, mas sim dentro da índole de cada um. Acredito em Deus e tenho Fé, não me perguntem a religião. Não reconheço nada que seja impositor, dono da verdade absoluta e que diga que só um punhado dos filhos do Homem, tem direito aos céus e os outros serão banidos para as profundezas. Imagine então! Como seria ter nascido no Japão? Tenho esperança que o ser humano cresça e evolua harmoniosamente. Infelizmente com o panorama socioeconómico e político presente, harmonia é o que de menos há. Crescer dói, é necessário esforço para transcender a consciência de nós mesmos e dos outros, mas, será que é preciso sofrer desnecessariamente, perder para dar valor porque esquecemo-nos entretanto e demos por garantido que nada é para sempre. Bem, talvez a reencarnação! Felizmente existem vozes como Buda, Jesus Cristo, Ghandi, Martin Luther King, Olof Palme, Madre Teresa, Nelson Madela e outros tantos que fizeram muito pelo crescimento emocional e espiritual da humanidade. Todos lutaram contra a ignorância e a ditadura do preconceito do ser humano. Mas em verdade vos digo, cuidem-se cada um de vós, conheçam-se como pessoas e vivam de acordo com quem são sem prestar atenção à sociedade hipócrita e mesquinha que diz quem são e como devem ser. Vivam, não vegetem. Tenham uma espinha dorsal vertical e conhecerão o paraíso na terra mesmo que haja dor no momento da morte. Como a heroína do nosso filme. Que contas afinal vão prestar à morte e a DEUS? Luís de Vasconcelos
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Ágora, um aviso sério à navegação

Carlos D Silva

Um filme que, mais do que pretender ser uma reconstituição histórica, aliás, com falhas de rigor, nos convida a uma reflexão sobre o presente, a partir do que foram acontecimentos importantes do nosso passado, onde se forjou uma cultura que ainda hoje condiciona a nossa maneira de viver. É só olhar à nossa volta e constatarmos quão perto ainda estamos dos assassinos de Hipátia, se é que não somos mesmo cúmplices!
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Impressionante espectáculo, mas algo oco

Nazaré

Hypatia (Rachel Weisz), filósofa helénica de Alexandria, ensina na famosa Biblioteca a alunos que a admiram pelo que ela representa de sabedoria. Alguns anos mais tarde a situação político-religiosa acaba por fazê-la vítima. Os factos históricos têm pouco a ver com o filme, por isso o que há a apreciar é a maneira como é filmado, como é a direcção artística, e sobretudo o contraste entre um mundo helenístico à beira do fim e um cristianismo em expansão, carregado de fundamentalismo. Em termos de atmosfera, e para isso contribui o som digital, este filme está muito bem feito.
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Interessante mas tendencioso.

Zacarias

Uma história interessante mas distorcida de forma a atacar o Cristianismo. Hypatia tinha 65 anos quando morreu, seguia o Paganismo ou seja não era ateia e conspirava abertamente com Orestes contra Cirilo. Gostava de ver este realizador a fazer um filme semelhante sobre o Islão. Seria certamente o seu último.
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Agora Sim!

Rita Ribeiro

Agora sim, prendem-nos em época de Natal com um filme que nos trata como seres curiosos e inteligentes. “Agora” é fabuloso na forma como mistura o mundo da ciência e da religião, com romances não consumados à mistura e um retrato sempre actual, infelizmente, da intolerância das religiões. Bem-haja “Ágora"
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Oásis

vg

No tempo de lixo em que se vive, inclusive no cinema, este filme é um oásis. E quanto à verdade histórica, a maior parte dos personagens e acontecimentos vêm confirmados na Wilkipedia.
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