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À Prova de Morte

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Acção, Terror 127 min 2007 M/16 19/07/2007 EUA

Título Original

Sinopse

"À Prova de Morte" é a parte realizada por Quentin Tarantino do projecto "Grindhouse" co-assinado por Robert Rodriguez. É uma homenagem aos filmes de série Z e às salas de cinema que os exibiam. Por isso, espectadores, não se revoltem, pois para além dos riscos, há várias mulheres voluptuosas perseguidas por um duplo que usa o seu carro. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Death Proof

Mário Jorge Torres

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À Prova de Morte

Vasco Câmara

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À Prova de Morte

Jorge Mourinha

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Aquela maldita perna

Luís Miguel Oliveira

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Críticas dos leitores

À prova de Morte

Fernando Oliveira

“À Prova de Morte” é um filme tão delirante quanto estimulante e um dos mais inteligentes do Cinema deste século. É ao mesmo tempo um filme totalmente amoral e pouco aberto a balofices intelectuais por quem o analisa. Um gozo, portanto.

O realizador agarrou nas suas duas obsessões principais, juntou-as e elevou-as a um expoente máximo da arte de fazer cinema: o que Tarantino sempre gostou de fazer foi agarrar nos “maus” filmes que viu anos atrás e “resgatar” o género ao desprezo da crítica, juntando as suas memórias com a sua ideia de como esse “chunga” pode ser muito bom cinema.

Foi sempre isto que Tarantino fez e continuou a fazer, filmes de porrada, policiais pulp, westerns spaghetti, a História recontada como “vingança”. A outra ideia fixa de Tarantino é a sua admiração pelas mulheres, muita longe de ser unicamente física, quase como panfletária contra a misoginia até então dominante no cinema de acção.

Neste filme estas duas características são fundidas no carácter das personagens femininas. São pessoas fortes e independentes e ao mesmo tempo terrivelmente sensuais e sexuais, mas falam, falam demais, quase até ao limite do maçador. E podem ser cruéis, como na cena final. E os dois grupos são iguais nesta definição: um é presa, o outro é predador, mas isso é circunstancial.

Pensado como uma das partes de “Grinhouse”, uma homenagem às sessões duplas de filmes de acção típicas dos anos 70 (porrada e mulheres voluptuosas e perigosas), partilhada com “Planeta Terror” de Rodriguez, Tarantino consegue, neste filme, uma fusão perfeita entre a revisão deste “mau” cinema de baixo custo dessa altura e um cinema inteligente e essencialmente moderno e único.

Um filme feito para a sua companheira na altura, Zoë Bell (que foi a dupla de Uma Thurman em “Kill Bill"), que faz o papel dela própria, um pormenor delicioso. Um tributo à Mulher no Cinema, que pela arte de Tarantino é também uma obra-prima. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot,com")

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Violência ao melhor nível!

Ana Campos António

Ora vamos lá pick the brain of Mister Tarantino… Ele agarrou em dois pormenores fundamentais, que, já havíamos compreendido em filmes anteriores, adora: 1. a riqueza de filmes antigos e a certeza de que o visionamento de muitos filmes, bons e maus, o fizeram evoluir; 2. a força e o poder da mulher, enquanto sexo fraco, ou talvez não… Assim nasce Deathproof. <BR/>E assim nasçam mais 500 filmes de Tarantino. Gosto muito de cinema e gosto muito de Tarantino e não acredito que todos os filmes bons tenham que ser chatos, moralistas ou sequencialmente lógicos. E este é um exemplo puro de como um filme com um argumento sem principio, meio e fim pode ser óptimo, enquanto exercício de cinema e enquanto entretenimento. Cinema é diversão e Deathproof diverte-me, in kind of a twisted way, mas diverte-me!<BR/>Não sou o género de menina de ir ao cinema e ter medo de filmes de terror ou virar a cara nos momentos maus, confesso que a repetida cena de colisão frontal de que toda a gente fala me divertiu brutalmente, mas vamos falar do filme…<BR/>Uma homenagem aos filmes de série Z. Eis o que gosto e o que não gosto. Em primeiro lugar, adorei as imagens icónicas do filme, que se reflectem sobretudo no retrato ao estilo pin up da mais que sensual, sexual, Jungle Júlia, gostei da cena inicial de estrada, que recorda tantos filmes da minha infância e até um pouco o Bonanza na apresentação do genérico. As falhas de continuidade estavam geniais e relembravam o verdadeiro propósito do filme: entretenimento! A passagem de preto e branco para cor está muito interessante, na medida em que numa primeira parte (a preto e branco), o terror adensa-se e a viragem no filme começa com a passagem para cor. Depois, não gostei tanto dos cortes sem sentido, das interrupções de diálogo, simplesmente porque estão forçadas demais, não batem certo com a parafernália que nos remete para o séc. XXI, como os telemóveis modernos.<BR/>Agora vamos falar na obsessão de Tarantino por mulheres! Os close-ups são maravilhosos, despudorados e intimistas in a trashy way. São retratados dois tipos completamente diferentes de mulheres, mas vemos como ambos os grupos são semelhantes e todas nós nos identificamos com as saídas à noite, as conversas sobre homens, os pormenores escabrosos e tudo o que de bom e mau há numa verdadeira relação de amizade entre mulheres.<BR/>A cena do strip não é tanto exploração do sexo feminino, é mais uma demonstração de como um homem, mesmo profundamente marcado pela vida e com marcas físicas de violência, como o Stuntman Mike (aproveito para dizer long live Jack Burton – Big Trouble in Little China, de John Carpenter em 1986), consegue manipular uma mulher, consegue levá-la a fazer o que ele quer, ao mostrar-se afável, sensível. Além disso, a banda sonora é perfeita e a Vanessa Ferlito faz um papel fantástico, libertando-se e sendo o mais vulgar possível.<BR/>Vi uma entrevista de Tarantino no Leno em que este dizia que quando estava com um amigo, estava sempre só com um amigo, mas quando estava com amigas, estava sempre com várias. E ele soube captar a essência feminina na perfeição com diálogos geniais, uma percepção estranha da nossa convivência e, fundamentalmente, uma direcção de actores (actrizes, neste caso) brilhante. A vingança é outro dos temas repetidos, o que nos chega por pequenas alusões a Kill Bill, muito pouco subtis…<BR/>Uma nota breve para destacar Zoe Bell, do mais cómico que há!<BR/>Tarantino e as suas mulheres: ou se ama ou se odeia… Eu amo!<BR/><BR/>www.quarto-de-cinema.blogspot.com
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Será que este À Prova de Morte é “à prova de Tempo”?

AA

5º na filmografia de Quentin Tarantino, Death Proff segue-se a Reservoir Dogs, Pulp Fiction, Jackie Brown e Kill Bill. Tal como acontece nos anteriores filmes, de forma mais ou menos explícita, Tarantino continua a demonstrar o profundo conhecimento que detém de cinema. Em Death Proof, a “homenagem” recai sobre os exploitation movies, nomeadamente os que exploravam a violência e o sexo. Acidentes de carro, sangue a rodos, e mulheres semi-nuas são ingredientes que não podiam faltar. Mas desta vez, Tarantino foi mais longe: quis datar o filme para que não houvesse dúvidas (mas poderia haver?...) acerca do seu objectivo. Não é de estranhar portanto os saltos, cortes e riscos na fita, digno de um filme com algumas décadas... Se nas primeiras vezes em que estas “falhas” acontecem, o seu efeito até pode divertir o público com experiência de cinema pós-ET, ao fim de 5 minutos começam a irritar. Adiante. Superados os “maneirismos” exagerados nas imagens de Tarantino, centremo-nos no filme, que até promete. Bom momento de diálogo logo no início a lembrar a “Madona” de Reservoir Dogs. Recosto-me na cadeira. Vem aí mais um filme do Tarantino! Mas rapidamente começo a não encontrar posição. Viro-me para um lado, viro-me para o outro. O que se passa? De um Tarantino não esperamos um filme que se “vê bem”, esperamos um grande filme. Sempre. E isso não acontece com Death Proof. Death Proof não passa de um exercício de estilo ao jeito do estudante de cinema que prepara um trabalho de curso, onde se limita a imitar os seus mestres. Trata-se de um filme narcisista, cheio de referências aos seus filmes anteriores. É um filme feito a pensar em si, para si. Se a primeira parte do filme ainda nos deixa na dúvida quanto ao carácter de Death Proof, na segunda a máscara cai por completo, deixando a nu um filme sem argumento, sem personagens, sem lugar na história do cinema. Nem Kurt Russel, num papel que parecia assentar-lhe que nem uma luva, deixa boas lembranças (não por culpa própria, basta lembrar Snake Plissken...). <BR/><BR/>Não é possível evitar sair da sala com um sentimento de traição. Tarantino traiu o seu cinema, o seu público, e a si próprio. Para bem do cinema actual, esperemos que Tarantino entre na máquina do tempo e regresse ao presente. O cinema precisa dele aqui e agora.<BR/><BR/><BR/>www.yellowtram-lisboa.blogspot.com<BR/>
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Mais um acontecimento Tarantino (dos melhores)

Nazaré

Cada filme de Tarantino é uma pequena revolução. Pequena porque propositada. E a prova de que tem algumas bem conseguidas no seu passado é a quantidade de imitações que vão aparecendo, nem sempre boas.<BR/>Nesta fita vemos grupos de mulheres "independentes", formando os seus círculos de amizade e soltando-se no mais explícito girlie-talk que já se viu em cinema. Comportamentos que não chegam a ocultar uma vontade de largarem isso tudo por um homem. A diferença neste retrato muito actual e extremamente bem feito, em relação aos velhos tempos, é que os homens agora precisam de valer mais do que sempre valeram. Elas sabem o suficiente para serem exigentes, o problema está na falta de escolha.<BR/>Mas Kurt Russell aparece em cena, na pele dum ex-duplo de cinema, vivido, bastante mais velho, mas que sabe usar os seus encantos. Fosse esse o perigo que ele representa... é que ele só se diverte quando demonstra que o seu carro é à prova de morte — à custa dos outros.<BR/>Outra revolução que este filme tenta fazer é no género de filmes a alta velocidade, não deixando de fazer referência ao clássico do género, The Vanishing Point. Isso acontece na segunda parte, em estradas secundárias muito estreitinhas, é espectacular e emocionante. Este soberbo cavalo de batalha é ao mesmo tempo uma homenagem aos duplos de cinema, até na pessoa de Zoe Bell, que fora a duplo de Uma Thurman em Kill Bill e teve de ser hospitalizada na vida real, na sequência duma lesão durante as filmagens. Tarantino convidou-a e ela mostra que está pronta para tudo.<BR/>Ao contrário do que é habitual, não há saltos no tempo, o argumento não é "demasiado imaginativo", há um equilíbrio que surpreende em Tarantino, o que, sem desprimor para as obras anteriores, é muito de louvar.<BR/>Não pode deixar de referir-se a lap dance da Butterfly (Vanessa Ferlito), simplesmente magnífica, e o grande momento de Kurt Russell, no alpendre, na cena logo antes. É para não perder.
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lol

Maria

um final comico e original ainda fiquei a rir um bom bocado ainda quando sai da sala
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Tarantino à Prova de Tédio

C Castro

É indiscutível: Tarantino sabe escrever guiões e delicia-se tanto com as palavras como com a sua desconstrução. Só nos filmes de Tarantino os "low-life" articulam frases coerentes e plenas de inteligência emocional, desde Reservoir Dogs até Death Proof; só nos filmes de Tarantino a morte grotesca se converte em gargalhada! Só o Tarantino consegue ser "nerd" e simultaneamente "fashion"; Só o Tarantino consegue ser demodé e futurista; Só o Tarantino consegue fazer história com filmes esquecidos que venera!<BR/>Death Proof é uma ode a um cinema de velocidade, que idolatra carros e motores. O filme tem duas histórias e a segunda é uma "copy paste" da primeira, com um twist final. Na memória ficam referências óbvias e ostensivas para os fãs, como um toque de telemóvel com um tema da banda sonora de Kill Bill e várias revistas com a Kirsten Dunst a publicitar o Marie Antoinette de Coppola. Tudo é excesso: de palavras, de sangue, de música, de velocidade, de cortes propositados de montagem... Em suma sublime
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O rei vai nu

António Feliciano

<BR/>A idolatria à volta da figura medíocre e sinistra de Quentin Tarantino já dura há tempo suficiente para que se justifique fazer uma tentativa de o desmascarar. E eis que o momento é o ideal, já que, na senda dos grandes delinquentes, Tarantino vai-nos deixando pistas cada vez mais óbvias sobre a sua verdadeira identidade – como quem deseja ser detido na sua loucura.<BR/>Em “À prova de morte”, Tarantino desce finalmente ao seu habitat natural, os filmes de série Z: filmes de baixo orçamento e pobreza de ideias, que lhe serviram como entretenimento numa adolescência evidentemente penosa. Para se justificar, tenta ludibriar-nos, dando a entender que quer fazer bem o que viu ser mal feito. Mas o entretenimento vazio de ideias ou sentimentos e repleto de mau gosto, não deixa de o ser, por muito bem feito que seja; é da sua essência e a essência das coisas não muda com operações de restyling. <BR/>O filme começa com três jovens que viajam de carro em direcção a uma casa de praia onde vão passar o fim-de-semana. Até lá chegarem, irão beber, fumar erva e seduzir rapazes. Assistimos ao longo diálogo entre as três, superficial e repleto de fanfarronadas de adolescente e referências a sexo, mas que funciona bem como construtor do ambiente da trama. Em breve, começará a pairar sobre o filme a figura, ainda fantasmagórica, de um psicopata. <BR/>Vamos com uns 20 minutos de acção, quando uma das jovens (a mais fanfarrona) se afasta do grupo, sai do bar onde se encontram e troca mensagens com um homem de quem gosta. Ouve-se um piano como música de fundo. A cena chega a ser bonita e, por momentos, vislumbramos pessoas reais, que sentem e vivem, por detrás da vertigem da embriaguês. Mas isto é o mais próximo que Tarantino consegue chegar da profundidade do ser humano. Para ele, os sentimentos são o local do ridículo e o amor é uma promessa que nunca se cumpre (o homem de quem a rapariga gosta deixa-a pendurada). A partir daqui, deixa de haver esperança e o palco é ocupado pelo psicopata, que se aproxima das vítimas apenas para saborear mais intensamente o prazer de as destruir. <BR/>Em breve seremos brindados com cenas de violência extrema e gratuita, duma perversidade sem limites. Tarantino é um sádico perverso, e ficamos a saber que nunca houve esperança, que ele, tal como o psicopata, apenas construir toda a teia de pseudo humanidade a que assistimos, para desfrutar com maior deleite da violência da sua destruição.<BR/>Apesar de estarmos ainda a meio, o verdadeiro filme de Tarantino acaba aqui, acaba num grande orgasmo de sangue, violência e morte. E é o próprio que no-lo diz. É o próprio que entra na acção, não no papel do assassino, para o qual não tem coragem, mas no papel do barman, o que promove a embriagues e empurra os outros para o seu destino trágico. Nada podia ser mais auto referencial, é exactamente isto que Tarantino faz nos seus filmes, arrasta pela embriagues toda a gente para o final trágico que está escrito na mesquinhes da sua mente.<BR/>A segunda parte do filme é uma espécie de réplica da primeira, só que desta vez a miúdas ganham e matam o psicopata. Desta vez, Tarantino já não se dá ao trabalho (porque já não lhe dá gozo) de vislumbrar humanidade, nem de entrar em cena, fica-se pelos estereótipos mais banais, e substitui o ambiente dramático pelo cómico. Continua a haver sangue e violência com fartura, mas o objectivo é fazer o público rir desse sangue e dessa violência (forma já utilizada em Pulp Fiction). E o público ri. Não exactamente por achar graça, mas de alívio. Porque quer acreditar que Tarantino estava só a brincar. Mas não estava… Faz parte dos seus dotes de perverso, este de manipular as pessoas e gozar com o sentimento de omnipotência que isso lhe dá e, acima de tudo, faz parte da sua perversidade, essa necessidade de se justificar, convencendo-se e tentando-nos convencer de que todos gozamos com a violência da mesma forma que ele, que todos somos como ele. Mas não somos…<BR/>Já é tempo de tomarmos Quentin Tarantino pelo que realmente é: um sujeito incapaz de compreender o que quer que seja sobre o ser humano, que se divide entre o gozo mórbido e perverso da violência extrema e gratuita e a tentativa mais ou menos pretensiosa de o justificar, um sujeito que gosta de chafurdar no sangue e que nos quer convencer de que isso é melhor coisa que temos para fazer.<BR/>
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Desilusão

Balrog

Sem dúvida nenhuma que o Quentin Tarantino entrou em declínio. Depois da vergonhosa colaboração com Eli Roth, o suposto salvador do género de terror/explotation ele apresenta-nos este Death Proof. É um filme em que a banalidade está presente em todos os poros o que não é nada normal vindo de Tarantino. Os diálogos são uma grande seca comparados aos imortais de Pulp Fiction e violência não tem a beleza de Kill Bill. Acima de tudo não há humor. A única coisa que salva o filme é o rugir do motor do carro da personagem interpretada por Kurt Russel. A sequência final com dois "muscle cars" é fenomenal e é acima de tudo realista. Desta vez não há praga de hoje em dia que são os efeitos de computador que normalmente estragam completamente o filme (excepto raras excepções: ver a trilogia do Senhor dos Anéis ou o King Kong). Apenas perseguições à maneira antiga. Tirando isto, fica pouco, muito pouco.<BR/><BR/>Classificação: 7/10
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Interrogações

António Feliciano

Sempre gostava de saber por que é que convidam as pessoas a dar a sua opinião sobre um filme, se quando não concordam com elas não as publicam. É uma vergonha.
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O rei vai nu

António Feliciano

A idolatria à volta da figura medíocre e sinistra de Quentin Tarantino já dura há tempo suficiente para que se justifique fazer uma tentativa de o desmascarar. E eis que o momento é o ideal, já que, na senda dos grandes delinquentes, Tarantino vai-nos deixando pistas cada vez mais óbvias sobre a sua verdadeira identidade – como quem deseja ser detido na sua loucura.

Em “À prova de morte”, Tarantino desce finalmente ao seu habitat natural, os filmes de série Z: filmes de baixo orçamento e pobreza de ideias, que lhe serviram como entretenimento numa adolescência evidentemente penosa. Para se justificar, tenta ludibriar-nos, dando a entender que quer fazer bem o que viu ser mal feito. Mas o entretenimento vazio de ideias ou sentimentos e repleto de mau gosto, não deixa de o ser, por muito bem feito que seja; é da sua essência e a essência das coisas não muda com operações de restyling.
O filme começa com três jovens que viajam de carro em direcção a uma casa de praia onde vão passar o fim-de-semana. Até lá chegarem, irão beber, fumar erva e seduzir rapazes. Assistimos ao longo diálogo entre as três, superficial e repleto de fanfarronadas de adolescente e referências a sexo, mas que funciona bem como construtor do ambiente da trama. Em breve, começará a pairar sobre o filme a figura, ainda fantasmagórica, de um psicopata.

Vamos com uns 20 minutos de acção, quando uma das jovens (a mais fanfarrona) se afasta do grupo, sai do bar onde se encontram e troca mensagens com um homem de quem gosta. Ouve-se um piano como música de fundo. A cena chega a ser bonita e, por momentos, vislumbramos pessoas reais, que sentem e vivem, por detrás da vertigem da embriaguês. Mas isto é o mais próximo que Tarantino consegue chegar da profundidade do ser humano. Para ele, os sentimentos são o local do ridículo e o amor é uma promessa que nunca se cumpre (o homem de quem a rapariga gosta deixa-a pendurada). A partir daqui, deixa de haver esperança e o palco é ocupado pelo psicopata, que se aproxima das vítimas apenas para saborear mais intensamente o prazer de as destruir.
Em breve seremos brindados com cenas de violência extrema e gratuita, duma perversidade sem limites. Tarantino é um sádico perverso, e ficamos a saber que nunca houve esperança, que ele, tal como o psicopata, apenas construir toda a teia de pseudo humanidade a que assistimos, para desfrutar com maior deleite da violência da sua destruição.
Apesar de estarmos ainda a meio, o verdadeiro filme de Tarantino acaba aqui, acaba num grande orgasmo de sangue, violência e morte. E é o próprio que no-lo diz. É o próprio que entra na acção, não no papel do assassino, para o qual não tem coragem, mas no papel do barman, o que promove a embriagues e empurra os outros para o seu destino trágico.

Nada podia ser mais auto referencial, é exactamente isto que Tarantino faz nos seus filmes, arrasta pela embriagues toda a gente para o final trágico que está escrito na mesquinhes da sua mente.
A segunda parte do filme é uma espécie de réplica da primeira, só que desta vez a miúdas ganham e matam o psicopata. Desta vez, Tarantino já não se dá ao trabalho (porque já não lhe dá gozo) de vislumbrar humanidade, nem de entrar em cena, fica-se pelos estereótipos mais banais, e substitui o ambiente dramático pelo cómico.

Continua a haver sangue e violência com fartura, mas o objectivo é fazer o público rir desse sangue e dessa violência (forma já utilizada em Pulp Fiction). E o público ri. Não exactamente por achar graça, mas de alívio. Porque quer acreditar que Tarantino estava só a brincar. Mas não estava… Faz parte dos seus dotes de perverso, este de manipular as pessoas e gozar com o sentimento de omnipotência que isso lhe dá e, acima de tudo, faz parte da sua perversidade, essa necessidade de se justificar, convencendo-se e tentando-nos convencer de que todos gozamos com a violência da mesma forma que ele, que todos somos como ele. Mas não somos…

Já é tempo de tomarmos Quentin Tarantino pelo que realmente é: um sujeito incapaz de compreender o que quer que seja sobre o ser humano, que se divide entre o gozo mórbido e perverso da violência extrema e gratuita e a tentativa mais ou menos pretensiosa de o justificar, um sujeito que gosta de chafurdar no sangue e que nos quer convencer de que isso é melhor coisa que temos para fazer.

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