<p>É o último "opus" de João César Monteiro, que morreu pouco depois de terminar o filme. Apresentado no Festival de Cannes 2003 na Selecção Oficial - fora de competição -, "Vai e Vem" foi unanimemente aplaudido pela imprensa internacional e considerado como a obra-prima de um dos maiores cineastas portugueses e mundiais, autor de algumas das obras mais perturbadoras e fascinantes do século XX.<br /> Em "Vai e Vem", João César Monteiro - que já foi Max Monteiro e João de Deus -, é o senhor João Vuvu, parente próximo de João de Deus (a quem Monteiro dedicou uma trilogia), viúvo e muito pouco sociável, que efectua diariamente o mesmo passeio no autocarro nº100, entre a Praça das Flores e o Jardim do Príncipe Real, em Lisboa.<br /> Durante as viagens de autocarro, a vontade de isolamento do Sr. Vuvu é perturbada: envolvido nas mais curiosas aventuras e desventuras filosofico-eróticas, encontra-se com os mais insólitos personagens, que lhe vão dar muito que pensar. A casa, onde livros e discos são as suas únicas companhias, começa a requerer urgentemente os préstimos de uma mulher-a-dias que teima em não aparecer.<br /> João César Monteiro encena aqui a própria morte, interpela o espectador e olha-o como nunca o olhou, para no fim nos deixar um vazio impossível de preencher no cinema português.</p> <p>PUBLICO.PT</p>