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Uma Vida Escondida

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Guerra, Drama 174 min 2019 16/01/2020 ALE, EUA

Título Original

A Hidden Life

Sinopse

<div>No princípio da década de 1940, com o avançar das tropas nazis, a Europa vive os seus dias mais negros. O agricultor Franz Jägerstätter leva uma vida tranquila com a mulher e as três filhas de ambos, na pequena localidade de Sankt Radegund (Áustria). Quando é notificado para incorporar o exército nazi para combater na Segunda Grande Guerra, recusa-se. Apesar de todas as pressões da Igreja, dos vizinhos e das autoridades, ele está convicto de que aquele conflito tem por base grandes injustiças e que milhões de pessoas sofrem às mãos de Hitler. Preferindo ser considerado traidor e pagar o devido preço, Franz não cede e é condenado à morte por traição. Enquanto isso, a mulher e filhas são ostracizadas por todos, tentando sobreviver sozinhas ao maior e mais trágico conflito da História. </div> <div>Estreado em Cannes em Maio de 2019, um drama histórico baseado na inspiradora vida de Franz Jägerstätter (1907-1943) que marca o regresso à realização do norte-americano Terrence Malick ("A Barreira Invisível", "A Árvore da Vida", "A Essência do Amor", "Cavaleiro de Copas"). No elenco estão os actores August Diehl, Valerie Pachner, Matthias Schoenaerts, Michael Nyqvist e Bruno Ganz – os dois últimos nas suas últimas aparições em cinema, antes do seu trágico falecimento. A título de curiosidade, em 2007, após ter sido considerado mártir, o Papa Bento XVI autorizou a beatificação de Franz Jägerstätter. A cerimónia, conduzida pelo cardeal português José Saraiva Martins, ocorreu na Catedral de Linz (Áustria) e contou com a presença da viúva de Franz e das suas filhas. PÚBLICO</div>

Críticas Ípsilon

Corpos e almas

Jorge Mourinha

Não é bem um regresso à melhor forma de Terrence Malick, mas Uma Vida Escondida, apesar das suas falhas e da sua ingenuidade, mostra que aqui ainda há cineasta.

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Críticas dos leitores

Quando o espírito supera a matéria

Luis Miguel Palma Gomes

A estética de Malick leva-nos para "a land above clouds", na voz-off tão habitual nos seus filmes, mas que neste é abundantemente utilizada. Os estímulos sensoriais são a música, a fotografia, a literatura, a qual provoca no espetador um conflito de permanente, um sentimento de angústia, combate interior, funcionando como um thriller filosófico. Tal como Jesus Cristo, Franz podia ter-se salvado, mas optou morrer por nós. Se a história é pungente, a forma como é contada corta-nos a respiração. A antítese Montanhas-Prisão funciona como uma excelente metáfora entre o céu e a terra, entre os ideais e o pragmatismo da sobrevivência. Franz Jägerstätter foi realmente um mártir, justificando a sua beatificação. Quanto ao estilo de Malick continuo um apreciador e seguidor convicto.

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Pois é

Luis Taylor

Pois é. Hoje, o sacrifício é visto como uma coisa pouco prática. Ainda por cima, em 1943 não havia redes sociais para divulgar as nossas boas ações... <br />Há, porém, uma palavra que fugiu das nossas vidas: dignidade. Que coisa pouco prática, não é?
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Será que valeu a pena tanto sacrificio

JF

Será que compensou tanto sacrifício? será que jurando lealdade a Hitler perdia a sua integridade? Então nem sequer tinha-se alistado. Quantos juraram lealdade a Hitler e na pratica não tiveram essa lealdade, muitos pagaram com a morte? É que além de se sacrificar, sacrificou mulher, filhos, mãe, a guerra acabou um ano e pouco depois, as palavras são importantes ou podem ser, mas conta mais o que fazemos que o que dizemos, isto das palavras e dos actos já é uma história antiga. Poderia ter-se sacrificando mas com alguma acção, como Stauffenberg como os Quangel que perderam o filho e resolveram denunciar o regime através de cartas espalhadas por Berlim. Schindler, irmãos Scholl, entre muitos outros casos.
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Demasiado filosófico

Alexandra

Três horas quase de filme, em que praticamente só abundam pensamentos, reflexões ou meditações é demasiado. Falta um pouco mais de estrutura, de fio condutor. A determinada altura, dei comigo farta de ali estar e desejosa que o filma acabasse, pois estava sempre a ver mais do mesmo. E depois, para mim, a falha mor: um austríacos a falar inglês! Falava-se inglês na Austria à data da Segunda Guerra? E, como se não fosse isto sem sentido, ouvimos, de vez em quando, falas em alemão, que não são traduzidas. Ou seja, os atores falam para o "público" em inglês e entre eles em alemão. Fiquei muito dececionada, pois gosto muito de ver filmes sobre a Segunda Guerra.
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Não é a minha praia ...

Luís

Vale o que vale, mas ao intervalo disse chega, e saí. Porquê? Porque há ali uma estória, há personagens, mas tudo parece ser secundarizado em nome de uma visão, de uma "estética", o que se lhe quiser chamar. São planos intensos sempre com a omnipresente banda sonora plena de emoção, mas quase sem diálogos. Admito que pontualmente seja de valorizar, mas hora e meia disto (e outro tanto, se ficasse até ao fim) é demais. Talvez seja uma lacuna da minha parte, mas preciso de uma estrutura, de uma proposta que seja clara no que pretende (ou que pelo menos tente), para então poder apreciar estéticas, perspectivas ou estados de alma.
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Vivendo acima das nuvens no Paraíso

Raul Gomes

Mas isso não o impede de ser incorporado no exército, o que trai as suas profundas convicções de objector de consciência. <br />A sua vida simples e gratificante, com a sua mulher e filhas que o adoram, transforma-se num pesadelo, por renegar uma causa (guerra) que considera injusta, desumana e que subverte as suas ideias de um mundo melhor e mais humano. <br />O conflito acaba por gerar uma situação de não retorno, sempre apoiado pela sua noção de liberdade de pensamento. Pois mesmo preso fisicamente, a sua mente livre, não está aprisionada, antes pelo contrário, pois ela como que sobrevoa sobre a sua família, a sua terra, como a corrente do rio, e as quedas da água, dão-lhe o alento e o ar que precisa para sobreviver. <br />Malick surpreende-nos com a beleza física e mental, deste filme, superando a "Arvore da Vida" e colocando-o ao alto nível de "A Barreira Invisível". <br />Deslumbrem-se .
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4 estrelas

José Miguel Costa

O veterano Terrence Malick retorna aos grandes ecrãs com "Uma Vida Escondida", um introspectivo e existencialialista (como não poderia deixar de ser) drama histórico biográfico que recorda a vida do herói anónimo incorruptível (que preferia sofrer a injustiça a ter de cometê-la), Franz Jägerstätter. Um camponês austriaco católico fortemente ostracizado pela sua comunidade e igreja que professava, condenado à morte pelo regime nazi, após ter recusado fazer o juramento de lealdade a Hitler e de lutar em seu nome, invocando objecção de consciência. <br /> <br />Uma obra na qual Malick é simplesmente Malick (infelizmente, não aquele que no passado nos presenteou com as obras-primas "A Barreira Invisível" e "A Árvore da Vida"), e como tal não faltam os seus planos altamente estelizados de natureza contemplativa (com magníficos planos angulares); os falsos raccords; o protagonista em crise existêncial (cujos repetitivos pensamentos eruditos e místicos são debitados com recurso a voz off); a narrativa vaga/"deambulante" e arrastada (todavia, desta vez, esta apresenta-se-nos mais estruturada e linear, contaminada por um realismo - maniqueista - , pouco habitual, que acarreta um história com um arco - quase - perfeito). <br /> Portanto, os fãs do cineasta norte-americano (entre os quais me incluo) defenderão esta película com unhas e dentes (e, de facto, é impossível não ficar completamente arrebatado pela sua magnificência visual, bem como lirismo das dissertações sobre a moralidade - embora reconheça, que insiste excessivamente na "mesma tecla", sem desenvolvimentos significativos, pelo que apenas teria a ganhar com um grande corte ao nivel da duração) e os seus (muitos) detractores continuarão a ter motivos para odiá-lo.
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