Transe

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Drama 126 min 2006 M/12 05/10/2006 POR, FRA, ITA, RUS

Título Original

Sinopse

A história de Sónia, uma mulher de 20 e poucos anos que abandona o namorado e a família, em São Petersburgo, na Rússia, e decide partir sem olhar para trás para tentar encontrar uma vida melhor noutro país. Sónia vai conhecer a ilusão de uma vida nova e o inferno daqueles a quem a vida parece nada ter para dar. Fazendo a sua "via sacra" Europa fora, atravessando todo o continente, primeiro pela Alemanha, depois Itália, para acabar no extremo oposto, em Portugal, ela vai conhecer toda a miséria e degradação que o tráfico e a exploração dos mais fracos provoca. Um filme sobre a exploração e o tráfico de mulheres que a realizadora Teresa Villaverde ("Os Mutantes") explica a partir das palavras de Santa Teresa de Ávila: "O inferno é um cão a ladrar lá fora". "Estamos no início do século XXI e o cão ladra em toda a parte. Não nos livrámos da tortura, da escravatura, do genocídio. A personagem central deste filme vê esse inferno de frente e de muito perto. Penso que não chega a entrar, porque é preciso fazer parte do inferno para estar lá dentro. Ela não faz parte, mas não há saída. Jorge Semprún escreveu a propósito da sua experiência num campo nazi que um dos motores da sobrevivência é a curiosidade. Se não quisermos olhar, as chamas agigantam-se." PÚBLICO<p> </p>

Críticas Ípsilon

Transe

Mário Jorge Torres

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A cativa

Luís Miguel Oliveira

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Transe

Jorge Mourinha

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Transe

Vasco Câmara

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O mal em acção

Vanessa Rato

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Críticas dos leitores

Mais um pseudo-filme português

Pedro Tavares

Vou ser claro, o filme é péssimo. E quando tudo parecia mau de mais para ser verdade, eis que chega Tim, esse actor em franca ascensão depois desta vibrante actuação. E que diálogos inteligentes que faz com a protagonista! Devo referir que nesta altura eu só pensava cá para mim, Teresinha, queria fazer o favor de me matar já aqui, pois se eu algum dia conseguir sair inteiro desta sala de cinema vou ficar traumatizado para o resto da minha vida. Mas enfim, a culpa deve ser, por certo, minha e do meu amigo, pois não soubémos interpretar a intencionalidade de certas cenas, de certos planos, de certas falas. Faltou-nos, quiçá, um pouco mais de sensibilidade intelectual, de agudeza sensorial.<br/><br/>No fundo, acredito que tudo no filme tenha uma explicação plausível e concebível, como a cena do rapaz nas argolas, as eternas cenas das copas das árvores despidas, nuas, cruas, do nunca mais chegar do homem ao carro quando a protagonista lá o esperava adormecida, dos blocos de gelo a entrechocarem-se indefinidamente, filmados a partir de um helicóptero, entre outros exemplos reveladores de uma coerência notável e mesmo impressionante ao longo de todo o filme. Ou será, erro meu, que a pertinência de determinadas cenas fosse para ser entendida como um jogo de concepção Lynchiana, repleto de metáforas, de coisas por natureza iimpossíveis de serem definidas, onde qualquer tentativa explicativa esbarra numa incapacidade intransponível?<br/><br/>Num filme com este tema, não se compreende a quantidade de minutos perdidos a mostrar coisas que não adiantam nada, que não remetem para nada, que não explicam nada, que não acrescentam nada e soam meramente a capricho e a uma falta de fundamentação justificada. O que podia ser um bom filme sobre um assunto terrível e delicado acaba arruinado por isto mesmo. Claro que será sempre fácil alegar que como o nome do filme é o que é, então tudo fica logo explicado, tudo é legítimo, todas as cenas, por mais absurdas que sejam, se enquadram na visão da realizadora. Tretas e mais tretas.<br/><br/>Salve-se, e há que o reconhecer, a interpretação de Ana Moreira, de facto merecedora dos mais rasgados elogios. Não deve ter sido fácil a descida aos infernos da matriz do filme e, mais particularmente, ao inferno de filme realizado por Teresa Villaverde.
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Um dos melhores filmes da história do cinema

Transe

Sendo profissional nesta área de apoio a vítimas de tráfico, penso que este será o filme que retrata de uma forma mais fiel o fenómeno. Ainda assim, a violência não chega sequer perto do que habitualmente ocorre na realidade. A realidade ultrapassa a ficção. O peso com que saí do filme é o mesmo com que saio de um atendimento com uma vítima de tráfico. Enquanto houver demanda por serviços sexuais, isto continuará a ocorrer. Obrigada Teresa Villaverde.
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O Pior filme de sempre

ncruz

Este é provavelmente o pior filme que eu alguma vez vi, chega a ser exagerada e descabida a forma como aparecem cenas vindas do nada só para mostrar mais uma cena de abuso sexual descabido.
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Xutos e pontapés

Hugo Char

Quanto a mim, este filme só tem um problema; um problema de inconsciência talvez, mas grave: o fim, com o vocalista dos Xutos. Era melhor terem posto um ilustre desconhecido... Assim, a aparição dele na altura em que a protagonista sai de um contentor remete-nos obviamente para a canção: "... a carga pronta e metida nos contentores, adeus aos meus amores que me vou, para outro mundo...". A menos que o objectivo tenha sido realmente este, não resulta. Claro que só dá vontade de rir!
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Ética vs. estética

Luís Coelho

Filme excepcional, enquanto tal! Provavelmente uma das mais belas obras de arte deste ano do cinema europeu. Dono de uma excelente fotografia, de uma brilhante imagem e de lindos adereços, o filme corre o risco de ser demasiadamente belo para o tema que trata. Não é, portanto, um filme realista, um filme de cenários concretos. É antes a visão mais ou menos turvada pela possível beleza de uma realidade dramática, realidade que caminha num inexorável pleno de abertura à alienação. O filme lembra a complexa díade arte vs. documentário. A obra presente é fundamentalmente arte. Não é um filme de quem tenha vivido no mundo que o mesmo quer encarnar. É o filme de uma pessoa com a noção do Belo, que arranjou assunto numa das mais intrincadas tramas mundiais da actualidade.
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Ética vs. estética

Luís Coelho

Filme excepcional, enquanto tal! Provavelmente uma das mais belas obras de arte deste ano do cinema europeu. Dono de uma excelente fotografia, de uma brilhante imagem e de lindos adereços, o filme corre o risco de ser demasiadamente belo para o tema que trata. Não é, portanto, um filme realista, um filme de cenários concretos. É antes a visão mais ou menos turvada pela possível beleza de uma realidade dramática, realidade que caminha num inexorável pleno de abertura à alienação. O filme lembra a complexa díade arte vs. documentário. A obra presente é fundamentalmente arte. Não é um filme de quem tenha vivido no mundo que o mesmo quer encarnar. É o filme de uma pessoa com a noção do Belo, que arranjou assunto numa das mais intrincadas tramas mundiais da actualidade.
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Ler Benjamin e não perceber nada

Jorge Rosa

A miséria humana em nome de uma bela imagem (Richter ao menos procurava as imagens pela sua beleza intrínseca). Confundir o (neo-)realismo com o cheiro a couve (podre) e exibi-la em toda a sua podridão, como se esse fosse o paradigma de todas as couves. Quando o choque não é mais do que instrumento estético (mal) disfarçado de manifesto político-social, estamos na verdade perante mera pornografia. Péssimo, execrável, abjecto!
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Transe

Hitchhiker - http://criticaartistica.blogspot.com/2006/10/transe.html

Um filme notoriamente português, que consegue fugir à sua faceta informativa e revoltada face a uma realidade obscura que quer expor. Talvez por saber que já todos têm conhecimento dela. Opta assim por se centrar na individualidade dos "objectos" que realmente sofrem com essa realidade. As mulheres, as Sónias. Com excessos de onirismo e poesia, de grandes planos (exceptuando tudo o que envolva o rosto de Ana Moreira), "Transe" aventura-se seriamente para os terrenos de melhor filme português do ano.
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Poderoso e original

Carlos Natálio - www.c7nema.net

Transe: estado alterado de consciência; também o objectivo a ser atingido pela hipnose. Um estado de consciência onde podem ocorrer diversos eventos neuro-fisiológicos (anestesia, hipermnésia, amnésia, alucinações perceptivas, hipersugestionabilidade). Ler na quinta metragem de Teresa Villaverde um documento realista (por vezes, perto do hiper-realismo) de uma mulher em queda, arredada nas malhas da migração e prostituição europeia, é um convite ardiloso a que a própria cineasta, de certo modo, se presta. Fazê-lo equivaleria, no entanto, a não sair um milímetro de uma abordagem convencional, já vista, do cinema português. Pior: seria ficar apenas com as sobras, com o ponto de partida dramático deste "Transe" transformado assim em "corpus" residual, preconceituoso, decandentista, de mais um drama cru.<BR/><BR/>Mas qual este ponto de partida de que se fala? Sónia (Ana Moreira), um jovem russa, abandona amigos e filha para partir para a Alemanha em busca de um emprego e melhores oportunidades. Rapidamente se vê envolvida num negócio de tráfico de mulheres e prostituição em Itália. A espiral de decadência e violência em que cai parece ser uma parte escondida da Europa dos cartões postais.<BR/><BR/>Mas porque o transe também é alheamento emocional e físico, e sobretudo porque Villaverde já antes "usou" o sofrimento "in extremis" como plataforma para outras realidades dramáticas em mutação ("Os Mutantes", por exemplo), lá se vislumbra a intenção. Assim, explicados estão os planos porcos, dilacerantes, injustos, de uma Europa em total oposição com o cosmopolitismo. Um local escuro, opaco, uma "via sacra", como define a própria cineasta, para uma mulher, cada vez mais envolvida numa guerra. A guerra do ser humano contra o ser humano, da qual a esperança é uma palavra ausente.<BR/><BR/>Dessa guerra faz ainda parte uma dimensão naturalista, de uma natureza em perda ou "em desmoronamento", com as árvores que se abatem, os icebergues transformados em desertos de gelo, a neve manchada pelo sangue, sempre a partir de uma visão "endeusada", traduzida nos sucessivos planos picados sobre a realidade. Como se a câmara de Teresa Villaverde fosse o olhar em vigília, capaz de não adormecer e assim não trair, nem ser traído.<BR/><BR/>Mas o que faz de "Transe" um drama poderoso e profundamente original é o facto de tudo jogar a favor de uma dissolução. A dor de Sara, de mulher guerreira a mulher resignada, permite o esbatimento da sua identidade. ("Donde vens?"; "Qual é o teu nome?"; "Gostas desta música?"; "Queres dançar?"; repetidos uma e outra vez). E com essa dissolução, um superior aproveitamento cinematográfico, apagando a fronteira entre o realismo e um onirismo tão cruel.<BR/><BR/>Falamos por exemplo da sequência à la "Marquês de Sade", na qual Sara é mantida por um milionário fetichista como presente para o seu filho anormal. E se tudo parece a espaços ganhar uma carga de circo itinerante de horrores, com muitas cenas chocantes e virtualmente "não visionáveis", o certo é que temos sempre o espaço de indistinção, o lugar onde Teresa Vilaverde já partiu dos "sofrimentos desta Terra" e já efabula.<BR/><BR/>Por todos estes aspectos, "Transe" é um filme muito duro que traz consigo uma armadilha. Os planos muito longos, as poses das personagens, alguns diálogos tão directos serviriam, num outro filme, adivinha-se português, o carregar de fatalismos e carmas, para os quais se vai tendo cada vez menos paciência. Mas nesta espécie de rua de sentido único para o sofrimento, a faceta instrumental perde aos pontos.<BR/><BR/>Para isto muito contribui a "coisificação" de Ana Moreira, aqui drogada, vendida, algemada, violada, prostituída. Figura fetiche de Villaverde, a actriz confirma aqui ser um dos principais talentos da sua geração. Com marcado sentido de câmara e uma notável experiência, apesar dos seus 24 anos, a qual lhe permite representar em russo com a mesma convicção de sempre.<BR/><BR/>Finalmente, de Teresa Villaverde se pode dizer que continua a surpreender, fazendo com Pedro Costa uma "dupla" de talento no que toca ao cinema português contemporâneo de auto-reflexão social e respeito pelo real. Nota: 8,5/10.
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