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Religulous - Que o céu nos Ajude
Título Original
Religulous
Realizado por
Sinopse
Realizado por Larry Charles e com o cómico Bill Maher, um documentário satírico sobre as várias religiões, as suas implicações e as consequências de se fazer comédia sobre o tema. O título é uma junção das palavras "religião" e "ridículo".<p/>PÚBLICO
Críticas dos leitores
Mais papistas que o papa
Carlos Natálio/c7nema.net
Num período de pouco mais de um mês, estrearam nas salas portuguesas quatro documentários, o que perfaz a simpática média de um por semana. O sucesso do Doclisboa está indelevelmente ligado ao pequeno boom do género, no circuito de distribuição nacional. A viabilidade comercial que algumas destas obras possuem, hoje em dia, teve como precursor mais próximo a estratégia documental do conhecido Michael Moore - persona non grata que, com o seu método de “espiolhanço” puro e duro, investiga e denuncia qualquer coisa. Esse percurso da tradição da reportagem televisiva alia-se a uma montagem moderna e atractiva. Perante tais obras de acesso fácil, a crítica cinematográfica divide-se entre os tradicionais comentários: cinematograficamente, filmes fáceis e manipuladores, socialmente, obras importantes pelo que dão a ver. “Religulous”, escrito e protagonizado pelo stand up comedian Bill Maher, e realizado por Larry Charles ("Borat"), nasce desse filão documental e aponta as baterias à religião. Desta feita Moore é Maher e o seu percurso tem como objectivo mostrar, e mais do que mostrar, ridicularizar, alguns aspectos extremistas e equívocos das diferentes práticas religiosas. Mas convenhamos, Bill Maher não é na realidade Michael Moore. Por isso, em “Religulous”, o propósito interessante do tema acaba por se espraiar numa espécie de extensão das tiradas cómicas do seu protagonista usando como material o fácil alvo das religiões, fenómenos de crença já de si em crise. Assim, se virmos “Religulous” como uma extensão de um espectáculo in locu de stand up comedy, se descontarmos o seu lado moralmente duvidoso que tira partido das personagens mais obtusas e desmioladas, a obra funciona. Mas isto é perante uma série de “ses”. Porque se olharmos com frieza, aquilo que Larry Charles tem para nos mostrar veremos, por exemplo, que aqui não há um só dispositivo interessante de realização ou que o trabalho de montagem, a roçar o académico, sublinha com comentários despropositados o óbvio. Desde o seu início vemos como a estratégia mais eficaz de denúncia da realidade dos extremismos religiosos não é certamente a do humor da dupla Larry Charles/Bill Maher, que pouco prima pela inteligência. Deparamo-nos assim com um verdadeiro choque de titãs ficando-nos por vezes a dúvida sobre quem sai por cima. Se Maher aborda todas as religiões com a sua posição descomprometida de dúvida face à existência de um ser supremo, tal agnosticismo é convertido em lição de catequismo quando no final se clama, a alto e a bom som, que a “religião não é boa”, porque é construída sobre o medo. E o que faz Bill? Ora, propõe outra religião... a do cepticismo, a da dúvida.Por todas estas razões, “Religulous” não aquece nem arrefece face aos tradicionais registos à la Michael Moore e os comentários mantêm-se: documentário fraco mas importante pelo que mostra. Especialmente recomendado para quem quiser ir dar umas valentes gargalhadas à conta de latinos que pensam que são a encarnação de Cristo, camionistas devotos ou gays arrependidos.Nesta temática, aconselha-se antes o visionamento do filme “Jesus Camp”, de Heidi Ewing e Rachel Grady, sobre um summer camp religioso nos EUA e o treino de crianças como verdadeiros soldados da fé. 4/10
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