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Regresso a Ítaca
Título Original
Retour à Ithaque
Realizado por
Elenco
Sinopse
Tania, Eddy, Rafa e Aldo (Isabel Santos, Jorge Perugorría, Fernando Hechavarria e Pedro Julio Díaz Ferran, respectivamente) encontram-se num terraço em Havana (Cuba) para celebrar o regresso de Amadeo (Néstor Jiménez), um velho amigo que viveu exilado em Espanha durante os últimos 16 anos. Nesse encontro torna-se inevitável vasculhar memórias e ir ao tempo em que, bastante mais jovens e idealistas, eles acreditavam poder mudar o mundo. Em simultâneo, reconhecem as mudanças ocorridas no país – e neles próprios – e a consequente perda da esperança na melhoria das condições de vida. Porém, a cada hora que passa, a recriminação, assim como o arrependimento, começa a ganhar novas proporções...
Realizado pelo francês Laurent Cantet ("Recursos Humanos", "A Turma", "Foxfire - Raposas de Fogo"), um drama que se inspira vagamente na obra "La Novela de Mi Vida", escrita por Leonardo Padura, que também participa como argumentista. PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Laurent Cantet depois da revolução
Não é realizador de “um só filme” mas desde A Turma que não encontra uma casa que seja sua.
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4 estrelas
JOSÉ MIGUEL COSTA
Depois de "Recursos Humanos" e "A Turma", passei a considerar o Laurent Cantet como um dos realizadores de referência do cinema europeu, e com este "Regresso a Ítaca" volta a não desiludir (embora, comparativamente esteja uns "furos abaixo" das duas obras-primas anteriores). <br /> <br />Num registo naturalista e minimalista, quase documental, esboça um retrato intimista da actual situação política e social cubana, fazendo-se socorrer exclusivamente de cinco actores que se movimentam no espaço limitado do terraço de um edifício de Havana (quiçá, numa espécie de metáfora ao isolamento da ilha). <br />"Regresso a Ítaca" dá-nos a conhecer, a pretexto da reunião para um festejo pelo retorno de um auto-exilado, as histórias melancólicas/amargas/alegres/cínicas/desesperançosas de cinco amigos – "enteados da revolução cubana", com cicatrizes abertas –, que se recusam a desistir da pátria amada, apesar da descrença na utopia totalitarista que foi dissecando as suas "existências", condenando-os a (sobre)vivências frustadas pautadas por infinitos e antagónicos sentimentos de culpa. <br /> <br />A força desta obra reside na conjugação de uma narrativa densa – de cariz humanista – com intensidade gradativa (embora não isenta de certos lugares-comuns) e, em simultâneo, descontraída/"simples" (que em momento algum soa monótona), com um eficaz jogo de movimento de câmaras (que lhe imprime ritmo e emotividade crescente). E também nas performances inspiradas (e inspiradoras) dos actores locais.
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