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O Emprego do Tempo
Título Original
L' Emploi du Temps
Realizado por
Elenco
Sinopse
Depois de ser despedido, Vincent (Aurélien Recoing), inventa um emprego na ONU, em Genebra. Finge estar sempre ocupado, sempre a caminho de mais uma reunião urgente, partilha apenas pequenos detalhes com a mulher, Muriel (Karin Viard), e os três filhos. Passa os dias e as semanas na estrada, em parques de estacionamento, a aprender de cor documentos que lhe permitem continuar a ficção. Mentir a todos os que o rodeiam torna-se uma ocupação a tempo inteiro.<br/>
"O Emprego do Tempo" nasceu a partir de um acontecimento real: o caso Romand, em que um homem convence a família que é médico na ONU, apesar de nunca ter terminado os estudos de medicina. Quando a mentira está à beira de ser descoberta, Jean-Claude Romand assassina a família e tenta suicidar-se, acabando por ser condenado, em 1996, a 22 anos de prisão, sem direito a redução de pena. No entanto, o realizador e argumentista Laurent Cantet ("Recursos Humanos") e o co-argumentista Robin Campillo (que é também o montador do filme) interessaram-se mais pela dualidade da personagem do que pelos contornos do fait-divers. "Nós fazíamos questão de fazer desaparecer a dimensão "monstruosa" do crime, de apagar o aspecto patológico da personagem. Queríamos que Vincent fosse de uma banalidade desconcertante no início. Uma banalidade que pudesse ser partilhada, mas que queríamos que se tornasse perturbadora. Um homem à primeira vista transparente que se funde sempre por completo no meio em que está. Um camaleão", explicou Cantet em entrevista. <br/>
O caso Romand deu origem a um outro filme "O Adversário", de Nicole Garcia, adaptado a partir do romance homónimo de Emmanuel Carrère. <p/>PUBLICO.PT
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
A realidade imita a ficção?
Pedro Maia
Um filme que me toca profundamente, juntamente com "O Rival", em que o mesmo problema é retratado. Também eu vivo há 6 anos dizendo à minha família que estou a tirar o curso de Gestão tendo-me tornado no entanto comerciante de pedras preciosas. Estas personagens acabaram por cair numa tentação que acho ser a perdição de qualquer pessoa na nossa situação: institucionalizar a mentira. Acho que pessoas como nós devem assumir que esta jogada foi uma jogada só nossa e não devemos implicar mais pessoas nela. Claro que ter de dizer que se esteve num local onde não se vai há anos tem os seus custos, claro que ter de se mentir sempre que nos perguntam "como foi o teu dia" é uma cruz. Mas o dinheiro consegue dar um grande alívio a esta vida dupla, ou tripla, ou quadrúpla, como conheço algumas pessoas que a têm. Não devemos procurar inserirmo-nos na nossa comunidade mas sim deixá-la para trás e criar afectos no nosso novo e verdadeiro eu, fazendo das novas amizades um novo universo, limpo e não tocado pela sombra da mentira constante... e quem sabe, um dia, arregimentar coragem para contar aos nossos pais, dizer-lhes que o curso ficou lá para trás... perdido... irrecuperável destino...
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