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O Quarto Azul
Título Original
La Chambre Bleue
Realizado por
Elenco
Sinopse
Uma acção em dois tempos. No passado, Julien e Esther amam-se num quarto azul, secretamente, longe de tudo o que acontece para lá daquelas paredes. Tudo neles se move por um desejo descontrolado, ao ponto de se morderem até fazer sangue ou de trocarem falsas promessas de amor. No presente, Julien está numa esquadra de polícia e é interrogado sobre um pretenso crime de que não sabemos nada…
Produzido por Paulo Branco, um drama realizado por Mathieu Amalric, que adapta o romance policial com o mesmo nome do escritor belga Georges Simenon. Léa Drucker, Stéphanie Cléau, Laurent Poitrenaux e o próprio Mathieu Amalric dão vida às personagens. PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
Perversão do amor
Pedro Brás Marques
Não deixa de ser curioso que com a erosão do casamento enquanto instituição, a ficção se entretenha a materializar alguns dos fantasmas que nasceram no seu seio. Há umas semanas, David Fincher convidou-nos para mergulhar no mundo da obsessão psicótica que pode nascer numa relação a dois. Agora, Mathieu Amalric propõe-nos uma viagem semelhante, apenas com a nuance de que a tentação está fora do enlace matrimonial. <br />O filme começa com Julien, interpretado pelo próprio realizador, a fazer amor com uma mulher, Esther. Mas, de repente, quando esperávamos ver o evoluir da relação, somos surpreendidos ao deparar com Julien detido e a depor perante a polícia. A partir daí, em intercalados flashbacks, vamos assistindo e descobrindo o que se terá passado entre aqueles dois momentos. Afinal, Julien era casado com Délphine, têm uma filha e Esther está relacionada com o farmacêutico da vila. Mas Julien perde o controlo da situação, descobrindo demasiado tarde que tudo, incluindo os crimes de que foram acusados, fora maquinação de Esther, que o queria só para ela. <br />Baseado numa história original de George Simenon, criador do “Inspector Maigret”, “O Quarto Azul” é um exercício sobre a obsessão humana, a sua falta de contenção, que pode levar a um final feliz, aos olhos do perturbado, e a uma tragédia, do ponto de vista “normal”. Aqui, Amalric ainda ousa subir um degrau na escada da perversão: Esther é interpretada pela sua mulher na vida real, Stéphanie Cléau. Desta forma, o jogo de espelhos entre a ficção e a realidade ganha inusitados contornos sublinhando que, afinal, o problema pode estar em qualquer lado, em qualquer relação, em qualquer casamento. <br />Mathieu Amalric tem andado a saltitar entre a França e os EUA, chegando a protagonizar blockbusters globais, com destaque para o mais fraco de todos os filmes de James Bond na era Daniel Craig, “Quantum of Solace”. Mas onde está como peixe na água (sem “O Escafandro e a Borboleta”…) é nos produtos europeus, como este pequeno “O Quarto Azul”, produzido por Paulo Branco, e onde consegue espalhar toda a sua extraordinária capacidade interpretativa. O mesmo se diga enquanto realizador, o que lhe valeu a vitória em Cannes, em 2010, com “Tournée - Em Digressão”. Quatro anos depois, “O Quarto Azul” vem comprovar que Amalric está tão bem à frente como atrás das câmaras. Uma realização serena e, principalmente, segura na gestão da informação que vai sendo dada ao espectador, o que é fundamental na concepção da história. Ah! E consegue tudo isto em apenas 76 minutos!.
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Amalric
CMaria
Em suma, um filme com um "je ne sais quoi", tipo...humm...utilizando uma metáfora, aquelas pessoas que não são nada bonitas mas que emanam sensualidade. <br />Não é preciso dizer mais nada!
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Paixão Obcessiva
Marcela Monte
Pareceu-me semelhante ao "Em Parte Incerta", mas à francesa: mais subtil, mais verosímil...mais interessante. Um amor transformado em obsessão que leva uma mulher a sentir-se feliz porque ela e o seu amado são os dois presos, mesmo que em cadeias diferentes!
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3 estrelas
JOSÉ MIGUEL COSTA
O verdadeiro interesse deste filme (talvez o único) encontra-se na engenhosa arquitetura do seu guião (não confundir com o conteúdo em si), que transforma um produto cinematográfico (aparentemente) "datado" e sensaborão em algo de intrigante e satisfatório q.b.. De facto, através de um enredo (cuja natureza inicialmente nem sequer conhecemos - e mesmo no final, quiçá, também não) que deambula entre o passado e o presente (e sempre sob a perspectiva/narração, possivelmente, enviesada/manipulada - ou talvez não-, com muitas pequenas ambiguidades comportamentais à mistura, daquele que jamais viremos a descortinar se é a vitima ou o carrasco), nunca temos certezas e, se porventura, após a projecção das primeiras cenas até julgávamos estar perante um filme de cariz erótico, logo depois nos apercebemos tratar-se de uma investigação criminal, sem que saibamos qual o motivo pelo qual o hipotético "carrasco" está a ser interrogado. Apenas vamos tomando conhecimento de alguns dos (alegados) factos aos poucos, e de forma solta, o que suscita dúvidas e provoca "tensão latente" no espectador (tensão entre aspas, uma vez que a película nem sequer pode ser considerada como emotiva, pelo contrário), dando azo a inúmeros juízes de valor e a que, em momentos diferentes, simpatizemos e desconfiemos dos personagens. <br /> Em suma, um filme com um "je ne sais quoi", tipo... humm ... utilizando uma metáfora, aquelas pessoas que não são nada bonitas mas que emanam sensualidade.
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