Abraça-me com Força
Título Original
Serre Moi Fort
Realizado por
Sinopse
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
3 estrelas
José Miguel Costa
O filme "Abraça-me Com Força", do actor-realizador francês Mathieu Amalrich, é um melodrama melancólico sobre a dor da perda e luto, acerca do qual é difícil tecer grandes comentários sem incorrer num qualquer spoiler (que retirará todo o impacto - essencial - ao seu final).
A história, que nos é contada com recurso a uma frágil narrativa não linear (num eterno vai-e-vem temporal, que nos confunde... em demasia), inicia-se com a personagem principal (a luxembuguesa Vicky Krieps - a força motriz desta obra) a sair de casa pé-ante-pé, para não acordar o marido e os seus dois filhos menores (que denota amar profundamente), e encetar aquilo que se figura como uma fuga de carro (sem que saibamos o porquê de tal decisão ou sequer se esta é definitiva, até porque não conseguimos interpretar o seu "estado de alma"). Mas nada é o que parece... e fico-me por aqui.
3 estrelas
José Miguel Costa
O filme "Abraça-me Com Força", do actor-realizador francês Mathieu Amalrich, é um melodrama melancólico sobre a dor da perda e luto, acerca do qual é difícil tecer grandes comentários sem incorrer num qualquer spoiler (que retirará todo o impacto - essencial - ao seu final).
A história, que nos é contada com recurso a uma frágil narrativa não linear (num eterno vai-e-vem temporal, que nos confunde... em demasia), inicia-se com a personagem principal (a luxembuguesa Vicky Krieps - a força motriz desta obra) a sair de casa pé-ante-pé, para não acordar o marido e os seus dois filhos menores (que denota amar profundamente), e encetar aquilo que se figura como uma fuga de carro (sem que saibamos o porquê de tal decisão ou sequer se esta é definitiva, até porque não conseguimos interpretar o seu "estado de alma"). Mas nada é o que parece... e fico-me por aqui.
Dor
Pedro Brás Marques
Extraordinário. Já não me lembrava de ficar tão atordoado com um filme… Nunca fez tanto sentido o recorrente slogan de Fernando Pessoa para a Coca-Cola, “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, como neste filme de Mathieu Amalric. Andámos meios-perdidos durante a maior parte de “Abraça-me com força”, até àquele momento em que, sem contarmos, levamos um soco que nos deixa estupefactos. A partir dali, tudo o que ficou para trás faz sentido. Até o título…
Conhecemos Clarisse, casada e com dois filhos, quando decide sair de casa, abandonando a família. Ao volante dum carro antigo, viaja por França, em direcção às montanhas. Ao mesmo tempo que a acompanhamos, vamos assistindo ao que se passa em casa, com a filha a aprender piano, o mais novo a irritá-la e o pai a amparar as pontas. O tempo passa, os miúdos crescem, ela permanece ausente e, quando tenta o contacto, eles não a reconhecem e sentem-se perturbados pela sua presença…
Este é um filme sobre redenção, sobre o passado, sobre a imutabilidade da passagem do tempo. Na primeira cena de “Abraça-me com força”, vemos Clarisse sentada na cama, com várias polaroids viradas para baixo. Procura emparelhá-las, como no conhecido jogo de paciência, enquanto repete “recomeçar, recomeçar, recomeçar…”. Já a meio do filme, começa a consciencializar que talvez esse seu desejo não dê para se concretizar: “isto assim não vai lá…” No final, Clarisse assume algo como que uma aceitação. Mas até chegarmos aqui, o que é que realmente se está a passar? Por que é que ela partiu? Por que é que não volta? Por que razão os filhos não a reconhecem? Serão mesmo seus filhos? O que é que se passa com esta mãe? E acha que vai alcançar respostas no local onde habitam os deuses, nas montanhas? Por que é que não assume de vez a ruptura?
O belo e melancólico rosto de Vicky Krieps foi uma escolha perfeita para interpretar Clarisse. A sua dor, angústia e dúvida estão espelhados no olhar triste e perdido duma mulher adulta, ainda jovem, mas com um peso insuportável nos ombros. Trechos de Beethoven, Debussy, Ravel, Mozart, entre outros, vai preenchendo os silêncios... O prolífico Mathieu Amalric, muito mais conhecido enquanto actor, não deixou a história desta mãe escorregar, nem para o melodrama, nem para o thriller. É precisamente esse equilíbrio, pleno de sensibilidade e de sabedoria, que faz com que “Abraça-me com força” nos envolva suave e sub-repticiamente, qual caçador de emoções escondido atrás de olhos e rostos enganadores. No fim, somos nós quem tem vontade de abraçar Clarisse. Com força.
Surprendente
Paulo Graça Lobo
História contada ao melhor nível do cinema francês, em modo descontínuo, para no final tudo fazer sentido; ou como tornar leve um drama intenso...
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